Investigadores da Queen’s University, em Belfast, descobriram novas formas de converter resíduos de plástico de utilização única em produtos como depósitos de armazenagem para água e combustível e artigos desportivos como caiaques e canoas, o que poderá ajudar a resolver problemas ambientais globais.
Atualmente, o mundo produz mais de 300 milhões de toneladas de plásticos todos os anos, o que é praticamente o equivalente ao peso de toda a população humana. Muito deste plástico não foi concebido para ser reciclado. No entanto, investigadores do Centro de Investigação de Processamento de Polímeros (Polymer Processing Research Centre - PPRC) da Queen’s University estão a desenvolver técnicas de fabrico inovadoras para transformar os resíduos de plástico numa ampla variedade de produtos úteis.
A sua abordagem revolucionária envolve um processo de rotomoldagem, que tem o potencial de reciclar de forma económica volumes muito grandes de resíduos de plástico numa ampla variedade de produtos inovadores, como mobiliário urbano, depósitos de armazenagem e boias marítimas.
O projeto foi fundado pela Innovate UK através do seu programa ‘Inovação nos plásticos: rumo ao desperdício zero’ e os investigadores estão a trabalhar em colaboração com três parceiros industriais: a Impact Laboratories Ltd na Escócia, a Impact Recycling Ltd em Inglaterra e a Harlequin Plastics Ltd na Irlanda do Norte.
O Peter Martin, da Faculdade de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da Queen’s University, explica: “O Centro de Polímeros da Queen’s University em Belfast lidera a reciclagem de plástico há mais de 30 anos e os nossos engenheiros estão a trabalhar em novas técnicas que podem ajudar efetivamente a lidar com o enorme problema global de resíduos de plástico de utilização única”.
O processo começa com a separação e compressão de flocos de resíduos de plástico em granulados utilizando as tecnologias patenteadas da Impact Laboratories e da Impact Recycling. “Na Queen’s University, trituramos estes granulados em pó fino que é, em seguida, misturado com uma proporção de plástico novo (polietileno), aquecido a mais de 200 °C e depois arrefecido num molde para lhe dar a forma de um produto novo.”
O Martin acrescenta: “A nossa investigação envolve testes para encontrar a combinação ideal das condições de mistura dos plásticos e de processamento, com o objetivo de que um dia a Harlequin Manufacturing venha a ser capaz de introduzir uma gama de produtos rotomoldados novos essencialmente produzidos com resíduos pós-consumo. Estima-se que um produto deste tipo de resíduos de plástico poderá substituir cerca de 30 por cento do plástico novo necessário e utilizar o equivalente a 1000 garrafas de leite usadas no seu fabrico.” Mark Kearns, Gestor de Investigação de Moldagem no PPRC da Queen’s University, acrescentou: “O processo de rotomoldagem é único em comparação com outros métodos de formação de plástico, uma vez que é utilizado para produzir produtos de grandes dimensões que normalmente utilizam grandes volumes de plástico. Por conseguinte, este novo processo terá benefícios ambientais significativos. A capacidade de condensar e transformar grandes volumes de plástico reciclado em produtos criados para durarem muitos anos resultará numa redução substancial da quantidade de resíduos pós-consumo que entra nos aterros, rios e oceanos. Isto, ao mesmo tempo que ajuda a reduzir a quantidade de polietileno puro utilizado no processo, conduzindo a uma nova era mais sustentável na produção de plástico rotomoldado.”
Nick Cliffe, diretor-adjunto interino do departamento de Embalagens Inteligentes de Plástico Sustentável na UK Research and Innovation, explicou: “Os plásticos transformaram o mundo moderno de muitas formas positivas. No entanto, estamos cada vez mais consciente dos danos devastadores que os resíduos de plástico podem provocar no nosso planeta e no bem-estar das pessoas e da vida selvagem. O Plastics Research and Innovation Fund vai ajudar a lidar com este problema vital e projetos como o ‘Rotocycle’ vão desempenhar um papel importante neste esforço global.”
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