BP12 - InterPLAST

UM PARCEIRO. INFINITAS APLICAÇÕES. Entrega de resultados rentáveis com apenas uma máquina. Veja os fatos www.interplast.pt 2022/1 12 Preço:10 € | Periodicidade: Trimestral | Fevereiro 2022 - Nº 12 | www.interplast.pt

BioRange+ TUV OK Compost certified masterbatch portfolio

4 SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Barbosa du Bocage, 87 4º Piso, Gabinete nº 4 1050 - 030 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 217 615 724 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Nova Àgora Grup, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti www.interplast.pt Preço de cada exemplar 10 € (IVA incl.) Assinatura anual 40 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Número 12 – Fevereiro de 2022 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/ EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Gráficas Andalusí, S.L. Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate 18210 Peligros - Granada (España) www.graficasandalusi.com Membro Ativo: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 5 EDITORIAL 5 OBRIGADA, PLÁSTICO 12 Entrevista com Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde 16 MeetingPack 2022 centra programa na inovação em materiais, formatos e processos para uma embalagem barreira mais sustentável 22 O futuro das embalagens passa pela colaboração e investimento em inovação e ecodesign 24 A caminho de uma embalagem 100% sustentável? 26 A importância do ‘Bilhete de Identidade’ da embalagem para a reciclagem de alta qualidade 30 Embalagens PET cada vez mais perto da circularidade 33 Netstal apresenta uma aplicação de embalagem com reduzido teor de matéria-prima 34 Como aumentar as possibilidades de uso de materiais reciclados 36 OCDE adverte que é urgente melhorar a gestão de resíduos e aumentar a reciclagem de plásticos 41 Classificação de plásticos: desafios, tendências e soluções 43 Reciclagem de filmes e embalagens flexíveis: fecha-se o ciclo da economia circular 46 Gestão sustentável na indústria de plásticos: um estudo de investigação em Portugal 49 Pensar o ciclo de vida dos materiais na fase de design é crucial para acrescentar valor aos produtos 54 Investigadores da UC desenvolvem rede de pesca biodegradável 56 Painéis de espuma reticulada fabricados na extrusora ZE BluePower da KraussMaffei 59 Desenvolvimento de compostos de TPEs expansíveis para aplicações em calçados 61 Transformar o desperdício em matéria-prima também é possível com materiais compósitos 64 PVC: um material versátil e sustentável 65

5 ATUALIDADE K 2022: indústria mundial de plásticos une-se em defesa do clima, da economia circular e da digitalização A indústria mundial dos plásticos e da borracha prepara-se para voltar a Düsseldorf de 19 a 26 de outubro. Tradicionalmente, expositores de todo o mundo aproveitam a feira 'K' para demonstrar a excelência operacional da indústria e traçar ativamente o rumo para o futuro. E este curso conduz claramente à proteção do clima, à economia circular e à digitalização - os três temas orientadores da edição deste ano. O forte caráter internacional do certame leva também a organização a colocar o foco da K 2022 na partilha de informação entre os participantes, nomeadamente sobre temas como o desenvolvimento mundial sustentável e a inovação tecnológica. Os fornecedores europeus, especialmente da Alemanha, Itália, Áustria, Turquia, Holanda, Suíça e França estarão novamente bem representados. No entanto, a K reflete claramente as mudanças que afetam o mercado global: o número e as áreas de apresentação de empresas da Ásia têm-se mantido a um nível elevado constante desde há vários anos. Podemos esperar uma elevada participação de empresas de países como a China, Taiwan, Índia, Coreia do Sul e Japão. Os cerca de 3.000 expositores de 61 países ocuparão o Centro de Exposições de Düsseldorf na sua totalidade. A base de dados de expositores da K 2022 está acessível em www.k-online.com/2410. Até outubro, os interessados podem acompanhar os diversos canais digitais da feira: a K-Talk, uma conferência virtual mensal que reúne os principais especialistas do setor para debaterem, em inglês, os temas fortes do evento; a K-Mag, uma revista digital que publica factos, notícias e casos de sucesso do setor; e a K-monthly, uma newsletter que, mensalmente, leva até si as principais notícias publicadas na K-Mag. A partir do dia 1 de abril já será possível comprar bilhetes para a feira. EDITORIAL 2022 não começou da forma que esperávamos. Dificilmente poderíamos prever que, depois de dois anos de pandemia, o mundo assistisse a um conflito bélico na Europa. Como alguém disse, “numa guerra, a primeira vítima é a verdade”. E assim é, tal como acontece em vários aspetos da sociedade, com as diferentes agendas a fazer veicular mensagens contraditórias. A desinformação é um problema real. Podemos ver como atua, por exemplo, na guerra contra o plástico. O problema da poluição existe, no entanto, aponta-se o dedo ao material e não a todos os aspetos que podem ser melhorados para reduzir, reutilizar e reciclar os plásticos em circulação. Colocar o foco no material como ‘o mau da fita’ é o que dá origem a falsas soluções ecológicas que não só não resolvem o problema, como colocam em causa o atual fluxo de reciclagem. Os materiais compostáveis podem vir a ocupar um lugar importante, por exemplo, nas aplicações de embalagem de curta duração. Mas, mesmo neste caso, ainda há um caminho a percorrer para que venhamos a ter umfluxo dedicado de materiais 100% compostáveis, que cumpram a sua função e que não se confundam com os demais. Nas restantes aplicações, em que a resistência, a leveza e/ ou a durabilidade são aspetos essenciais, a solução pode estar no aumento da incorporação de reciclado, tal como exige a UE. Para fazer face a este desafio, é necessário que exista mais reciclado de qualidade no mercado. Este é, de resto, o tema forte desta edição, a primeira de 2022. Desde novas tecnologias de triagem com sensores, a sistemas de otimização de injeção com reciclado, à incorporação de soluções de rastreabilidade como o passaporte digital do produto, são muitos os desenvolvimentos em curso que têm como principal objetivo aumentar a quantidade e a qualidade no reciclado disponível. Naturalmente, as entidades gestoras de resíduos têm um papel crucial em todo o processo. Em entrevista à InterPLAST, Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, destaca a importância da aposta na prevenção e, no que respeita às embalagens, aponta como caminho o aumento da recolha seletiva e o incentivo ao ecodesign. Neste número, fique ainda a conhecer os resultados de um estudo de investigação sobre a gestão sustentável na indústria de plásticos portuguesa e saiba que há um projeto da Universidade de Coimbra que pretende criar uma rede de pesca biodegradável, para acabar de vez com a poluição resultante das atividades piscatórias. Por fim, numa secção dedicada à extrusão, mostramos-lhe duas aplicações interessantes para dois setores distintos: a construção e o calçado. Boa leitura e bons negócios para todos! Desinformação: o inimigo invisível

6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Arburg adia Technology Days 2022 de março para junho A Arburg adiou a data dos Technology Days 2022. O evento presencial que irá levar milhares de visitantes de todo o mundo a Lossburg tem agora data prevista para 22 a 25 de junho de 2022. "Tendo em conta a atual imprevisibilidade da pandemia, consideramos aconselhável que os Technology Days 2022 não se realizem como planeado de 16 a 19 de março. Por conseguinte, adiámos o evento para os dias 22 a 25 de junho", afirmou Christoph Schumacher, diretor de marketing da Arburg. "Esta decisão foi tomada com o objetivo de facilitar a planificação do evento e de proporcionar o mais alto nível de segurança sanitária aos nossos visitantes e colaboradores", concluiu. Ineos Styrolution investe na primeira fábrica de reciclagem avançada de poliestireno da Europa A Ineos Styrolution confirmou que vai investir numa instalação piloto para reciclagem avançada do poliestireno, com a colaboração da Recycling Technologies. A unidade será construída em Swindon, Reino Unido, e deverá estar operacional no segundo semestre de 2022. Este é um passo significativo no lançamento da reciclagem de poliestireno através de despolimerização - uma tecnologia de reciclagem avançada que converte a matéria-prima dos resíduos de poliestireno no seu principal bloco de construção, o estireno, que pode então ser utilizado para fabricar novo poliestireno com propriedades idênticas às do material virgem. As propriedades únicas do poliestireno permitem que este eficiente processo de reciclagem de monómeros seja aproveitado, evitando o downcycle do material. Um benefício adicional da despolimerização é uma diminuição significativa das emissões de gases com efeito de estufa quando comparado com a produção de poliestireno virgem a partir da nafta. A instalação piloto de Swindon será baseada na tecnologia de reator de leito fluidificado da Recycling Technologies, que oferece uma excelente escalabilidade, tornando-a a tecnologia de eleição para futuras instalações de reciclagem de maiores dimensões. Full house durante os Technology Days 2019, quando o coronavírus ainda não era um problema. BASF aumenta a produção europeia de hexametilenodiamina e poliamida 6.6 A BASF vai construir uma nova fábrica de hexametilenodiamina (HMD) em Chalampé, França, e assim, aumentar a capacidade de produção anual de HMD para 260.000 toneladas métricas. Espera-se que a produção tenha início em 2024. Além disso, a empresa anunciou que, em 2022, vai aumentar a sua produção de poliamida 6.6 em Friburgo, Alemanha. Os investimentos previstos irão expandir aindamais o negócio da poliamida 6.6 que a BASF adquiriu à Solvay em 2020. “Com esta nova fábrica de HMD em Chalampé e o aumento da polimerização em Friburgo, a BASF assegura que os clientes possam ser abastecidos com HMD e PA6.6 de forma fiável, ao mesmo tempo que responde à crescente procura no mercado”, disse Ramkumar Dhruva, presidente da divisão Monomers da BASF. A hexametilenodiamina é um precursor utilizado na produção de revestimentos e de plásticos de poliamida 6.6 de alta qualidade. Estes produtos são especialmente utilizados na indústria automóvel, bem como na produção de fibras especiais.

7 ATUALIDADE SPE premeia nova aplicação Engel para o exterior dos veículos BMW O Grupo BMW instalou uma nova unidade de produção Engel na sua fábrica em Landshut, Alemanha, para produzir, em sala limpa, a nova placa frontal do BMW iX elétrico. Tanto o Grupo BMW como a Engel, representada pela Equipack, estão a desbravar terreno completamente novo, o que levou a Sociedade Internacional de Tecnologia de Plásticos (SPE Europa Central) a distinguir esta aplicação com o SPE Grand Award 2021. Com a eletrificação dos motores, e a consequente eliminação do radiador, a característica grelha de radiador da BMW, em forma de ‘rim’, deixa de ter utilidade e dá lugar a uma peça com novas funções. A nova placa protege a câmara e vários dos sensores para a condução assistida e, no futuro, autónoma. Esta alteração implicou não só redesenhar a peça, como também encontrar um novo processo de fabrico. Num processo integrado, uma lâmina termofuncional é moldada a partir de policarbonato e revestida com poliuretano. Esta é uma combinação de processos que a Engel oferece sob o nome clearmelt. TRABALHO DE PRIMEIRA CLASSE OPERA ELETRICAMENTE POUPA DINHEIRO E DÁ TUDO É RÁPIDO CONSOME POUCO CONSEGUE MUITO TEM ROTINA Sua entrada no mundo da moldagem por injeção elétrica: A GOLDEN ELECTRIC reune a qualidade imbatível da nossa GOLDEN EDITION, hidráulica, com a eficiência do acionamento elétrico. Para a alegria dos seus clientes e do seu controlador. www.arburg.pt

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Porto recebe Empack e Logistics & Automation Aquele que é considerado o maior encontro com o futuro da tecnologia da embalagem e da logística realiza-se a 26 e 27 de maio. A Exponor, Feira Internacional do Porto, recebe, de 26 a 27 de maio, a Empack e Logistics & Automation Porto. Umevento onde irão estar presentes as principais empresas europeias de embalagens, armazenagem, transporte e logística e onde serão debatidos avanços tecnológicos e os últimos desenvolvimentos do setor. Este ano os visitantes podem contar com cinco novidades: a robotic village, o tech hub, o innovation theater, o wow wall e ainda empack & logistics. No total, o evento terá mais de 100 expositores, entre as áreas de materiais, packaging, tecnologia e serviços de packaging. No programa constam ainda mais de 20 oradores que irão falar sobre e-commerce, otimização da cadeia de abastecimento, e economia circular no processo logístico, entre outros temas. Moldplás regressa em novembro, em simultâneo com 3D Additive Expo, i4.0 Expo e Subcontratação A Exposalão anunciou que a próxima edição da feira Moldplás irá realizar-se nos dias 9 a 12 novembro de 2022, na Batalha, em simultâneo com a primeira edição da 3D Additive Expo, i4.0 Expo e Subcontratação. De acordo com a organização, foi necessário efetuar “um acerto de datas das feiras industriais no mercado português”. A Exposalão esclarece que, a partir da próxima edição, o certame voltará à sua periodicidade bienal. “Espera-se uma edição especial coma presença das principais empresas da indústria, concentrando num só espaço profissionais e equipamentos especializados capazes de cobrir todas as necessidades de quem os procura”, refere a Exposalão. A esta novidade junta-se a decisão de realizar em simultâneo a primeira edição da feira 3D Additive Expo, i4.0 Expo e Subcontratação, inicialmente marcada para 2020 e adiada devido à pandemia. Em exposição estarão empresas fornecedores de soluções nas áreas da impressão 3D, indústria 4.0, automação, robótica e subcontratação. JEC World 2022 tem novas datas: 3 a 5 de maio de 2022 Após consulta de expositores e parceiros, o Grupo JEC decidiu adiar a edição de 2022 da JEC World. O principal evento mundial de compósitos, marcado para março, terá agora lugar de 3 a 5 de maio de 2022, no mesmo local - Paris Nord Villepinte -, bem como online através da plataforma digital JEC World Connect. A JEC World reúne todos os anos em Paris, França, toda a cadeia de valor da indústria dos compósitos. O evento reúne não só empresas internacionais líderes, mas também empresas inovadoras na área dos compósitos e materiais avançados, peritos, académicos, cientistas e especialistas em I&D. A JEC World é também o "festival de compósitos", oferecendo uma mostra única do que os compósitos podem oferecer aos vários setores de aplicação, do aeroespacial ao marítimo, da construção ao automóvel, e uma fonte ilimitada de inspiração para os participantes destas indústrias. A Moldplás 2021 contou com cerca de 200 expositores e registou a presença de 18 mil visitantes profissionais.

9 ATUALIDADE Logoplaste adquire EcoIbéria e WorldPet A Logoplaste anunciou, em janeiro, a aquisição das empresas EcoIbéria e WorldPET, ambas localizadas no Norte de Portugal e com uma larga experiência na reciclagem de PET, transformando fardos de plástico pós-consumo em flakes e pellets reciclados de qualidade alimentar. A transação está sujeita às aprovações regulatórias habituais. Atualmente, a EcoIbéria transforma 47.500 toneladas de plástico por ano - triando, lavando e transformando em matéria-prima para a indústria de embalagens. Pelo seu lado, a WorldPET instalou recentemente um novo sistema Erema Vacunite2 com capacidade para fornecer 12.000 toneladas por ano de rPET com qualidade alimentar. Jorge Lemos continuará à frente de ambas as empresas como CEO, para impulsionar o crescimento, bem como apoiar no lançamento da capacidade recentemente adicionada. Para ele, esta nova parceria significa “a possibilidade de continuar a evoluir e a desenvolver uma atividade que é vital para a economia verde. A parceria com a Logoplaste tem como objetivo assegurar que a empresa que fundei em 2005, sob o nome de EcoIbéria, continua a ter um papel preponderante na evolução da indústria de reciclagem de PET global”, afirmou. Esta aquisição é um passo decisivo na estratégia da Logoplaste de fomentar uma economia circular para as embalagens de plástico. Com o apoio dos seus parceiros, a empresa compromete-se a atingir 100% de embalagens recicláveis e a inclusão de 30% de conteúdo reciclado em embalagens de uso único até 2025. Água até 230 ºC Medição de vazão ultrassônica- Refrigeração por bypass- Aquecedor com garantia para sempre. A tecnologia provada dos termorreguladores serie Thermo-5, está a disposição dos usuários para aplicaçãos de água de até 230 ºC. O dispositivo de alta temperatura faz possivel a implementação de novos tipos de processo. NETSTAL Ibérica, S.A. 08100 Mollet del Vallès - Spain Phone + 34 93 570 59 50 - Fax + 34 93 570 60 08 comercial@netstal.com www.netstal.com www.hb-therm.com

10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Novo Verde vai premiar inovação no setor das embalagens Candidaturas para nova edição do Prémio 'Novo Verde Packaging Interprise Award' decorrem até 31 de março. A Novo Verde, entidade gestora de resíduos de embalagem, lançou uma nova edição do Novo Verde Packaging Enterprise Award, um prémio de investigação e desenvolvimento destinado à indústria, distribuição, academia e às áreas tecnológicas relacionadas com o setor das embalagens em Portugal. O projeto vencedor será premiado com um montante global de 25 mil euros. O Novo Verde Packaging Enterprise Award integra a área de Investigação e Desenvolvimento (I&D) da Novo Verde e tem como objetivos estratégicos a dinamização do I&D no setor das embalagens e de todos os materiais que as constituem, a promoção da competitividade das empresas e da economia circular no setor das embalagens, a possibilidade de implementação de projetos concretos, inovadores e com valor acrescentado para a fileira das embalagens e o incremento do fluxo de conhecimento na área das embalagens, tendo sempre economia circular como denominador comum. A submissão das candidaturas para o Novo Verde Packaging Enterprise Award ‘21 pode ser realizada até dia 31 de março de 2022 e os participantes deverão submeter a sua candidatura através de formulário disponível no site da Novo Verde. Os critérios de avaliação abrangem a metodologia, inovação, criatividade, adequação do projeto aos objetivos propostos, plano de implementação, qualidade da apresentação, organização e, também, a qualidade geral da candidatura. Repsol amplia gama de materiais de baixa pegada de carbono A Repsol desenvolveu uma nova gama de polipropileno com baixa pegada de carbono, para os setores automóvel e de embalagens não alimentares, contribuindo para os modelos de circularidade. Os quatro novos materiais para o setor automóvel incorporam até 80% de conteúdo reciclado, mantendo as propriedades técnicas necessárias para a sua aplicação. Os novos graus de polipropileno podem ser utilizados em sistemas de iluminação e peças invisíveis do interior do veículo, e ainda peças sob o capô com propriedades mecânicas sujeitas a uma pressão extrema e com elevados requisitos de resistência. A Repsol propõe assim uma solução sustentável para aplicações de elevado valor acrescentado que, até agora, não contavam com qualquer oferta de baixo teor de carbono no mercado. Além disso, em linha com o compromisso de economia circular, foram também incorporados outros três graus na gama de embalagens não alimentares Repsol Reciclex, que incorporam entre 50% e 80% de plástico reciclado. Estes três novos graus são indicados para embalagens de produtos de limpeza e de farmácia com requisitos de resistência química específicos, para embalagens de pintura que exijam boa resistência mecânica para permitir o seu empilhamento, entre outros.

11 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Pedro Simões assume a direção geral da Novo Verde A Novo Verde, entidade gestora de resíduos de embalagens que encetou a concorrência no setor em Portugal, nomeou Pedro Simões como novo diretorgeral, um profissional com um vasto conhecimento na área da embalagem, em legislação ambiental e de resíduos, bem como gestão de mercados dos recicláveis. Ricardo Neto mantém a presidência da Novo Verde e da ERP Portugal, a entidade gestora de resíduos de equipamentos elétricos, eletrónicos, pilhas e acumuladores (REEE & RPA). Licenciado em Engenharia do Ambiente pela Nova School of Science & Thecnology, Pedro Simões conta também com uma Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e Gestão Integrada de Resíduos, realizados na mesma faculdade onde se formou. Pedro Simões iniciou a sua carreira em 2005 e assumiu funções como Environmental Manager, na RECIPAC - Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de Papel e Cartão por onze anos. Em 2017, ingressou na Novo Verde como Operations Manager, função que desempenhou durante cinco anos e, hoje, chega a diretor-geral pela sua vasta experiência no setor dos resíduos, quer de embalagens, quer de REEE & RPA. Grupo Wittmann muda de estratégia O Grupo Wittmann decidiu mudar a sua anterior estratégia de posicionamento no mercado, com duas marcas distintas, para passar a oferecer soluções integrais provenientes de uma única fonte. Com a integração das máquinas Battenfeld no portefólio do Grupo Wittmann, a empresa seguiu uma estratégia de duas marcas na forma como, até agora, se apresentou ao mercado: Wittmann para todos os produtos periféricos e Wittmann Battenfeld para máquinas de moldagem por injeção. Para sublinhar a importância da máquina de moldagem por injeção no desenvolvimento futuro da empresa, a marca Wittmann Battenfeld foi inicialmente preferida e deliberadamente utilizada na comunicação da empresa. Nos últimos anos, contudo, a vantagem competitiva do Grupo de poder oferecer "soluções completas a partir de uma única fonte" ganhou importância. Tendo em conta esta evolução, a vantagem é agora acentuada por uma designação de marca e esquema de cores comuns para toda a gama de produtos. Assim, o Grupo decidiu passar a utilizar apenas o logótipo Wittmann em todas as atividades publicitárias e linhas de produtos. Esta alteração não implica quaisquer alterações na organização ou denominação das empresas do Grupo Wittmann. Michael Wittmann, diretor geral e CEO do Grupo Wittmann. 16382_anuncio_interplast_210x68.pdf 1 28/01/22 10:25

12 Os plásticos são o material do século XXI, mas também o material do futuro. Diminuem o peso dos produtos, preservam, protegem e facilitam o seu fabrico. São um aliado da sociedade e continuam a reinventar-se. Nesta secção pode ver novas e curiosas aplicações que só são possíveis graças ao plástico. OBRIGADA, PLÁSTICO Para eles, a melhor embalagem A Sabic, a Mars Petcare Europe e a Huhtamaki colaboraram no desenvolvimento de uma embalagem de comida para animais de estimação fabricada a partir de polipropileno (PP) reciclado, com certificação ISCC PLUS, do portefólio TruCircle da Sabic. A nova solução vai ser utilizada em embalagens da marca Sheba. A Mars Petcare escolheu uma estrutura de filme flexível com copolímero de impacto Sabic PP BCT18F para as bolsas utilizadas pela marca para embalar comida húmida para gatos. O filme multicamada é fabricada pela Huhtamaki, um importante fornecedor de embalagens sustentáveis. A marca Sheba será a primeira do portfólio da Mars Petcare a disponibilizar este novo formato de embalagem na Europa.

13 OBRIGADA, PLÁSTICO Copos feitos a partir de… outros copos A Organização Mundial da Embalagem anunciou os vencedores dos Prémios WorldStar 2022. Entre eles está um projeto conjunto entre os produtores de leite escolar na Áustria e três empresas da Alta Áustria (PET-MAN, Greiner Packaging e Starlinger Viscotec), que consiste em produzir copos 100% r-PET para serem enchidos com leite escolar para as crianças do estado da Alta Áustria. O projeto começou no início de 2021, com a recolha seletiva dos copos de leite escolar fabricados em PET. No final do ano, o consórcio conseguiu, pela primeira vez, fechar o ciclo do material: Os copos usados e recolhidos foram triturados, lavados e reciclados, dando origem ao material utilizado para produzir novos copos. Este projeto emblemático demonstra que a economia circular é perfeitamente possível nas indústrias do plástico e da embalagem e, por isso, foi premiado com o WorldStar Award 2022. Criado em 1970, este é um dos mais prestigiados concursos de embalagem do mundo. A edição deste ano contou com 440 candidaturas de 37 países. Espuma de TPU totalmente reciclável para calçado A Huntsman desenvolveu um novo poliuretano termoplástico (TPU), totalmente reciclável e protegido contra UV, que pode ser extrudido em forma de película e posteriormente facilmente expandido em folhas de espuma. O grau especial da TPU Irogran foi desenvolvido pela Huntsman, em colaboração com a empresa Shincell New Material Company Ltd., que utiliza o material para criar folhas de espuma posteriormente utilizadas em palmilhas, entressolas e palmilhas de antepé para algumas das principais marcas de calçado do mundo. Concebido como uma alternativa ao EVA, o novo material tem elevadas propriedades de retorno de energia e proporciona um desempenho de amortecimento duradouro. A folha de TPU pode ser facilmente expandida num recipiente de alta pressão, utilizando tecnologia de gás assistido, e sem a utilização de produtos químicos adicionais tipicamente necessários para a formação de espuma ou reticulação. O produto final é não só muito leve, como também fácil de reciclar.

14 OBRIGADA, PLÁSTICO Reciclado sim, mas sem odores A Ampacet ampliou a sua gama de masterbatches absorventes de odores OdorClear, concebida para otimizar a utilização de material reciclado pós-consumo. Os plásticos reciclados pós-consumo apresentammuitas vezes umodor intenso devido à presença de contaminantes ou de materiais residuais como, por exemplo, alimentos, detergentes, tintas e adesivos, que se degradam durante o processo de reciclagem. Os odores indesejados podem limitar a quantidade de plástico reciclado que é possível utilizar emnovos artigos, uma vez que podem afetar a perceção do consumidor no que se refere à qualidade do produto e da marca. Originalmente introduzida como Odor Scavenger, a nova gama alargada de potentes masterbatches de largo espectro minimiza os odores dos materiais reciclados pós-consumo e mantém-nos encerrados no interior do polímero, o que permite aos transformadores aumentar o conteúdo reciclado das embalagens. A gama OdorClear supera o desempenho das soluções convencionais de eliminação de odores inorgânicos, permitindo uma maior utilização de resinas pós-consumo para apoiar a economia circular. Os masterbatches OdorClear são concebidos para utilização com uma vasta gama de polímeros reciclados, podendo ser especificamente formulados para moldagem por injeção e sopro, produção de filme e outros processos de extrusão. A gama OdorClear da Ampacet também pode ser utilizada em combinação com outros produtos R3 Sustainable Solutions da Ampacet, incluindo os produtos ThermProtect, BlueEdge e ReVive, com vista a minimizar problemas como a degradação térmica, a inconsistência da cor ou a falta de uniformidade do produto que podem verificar-se com a utilização de grandes quantidades de material reciclado. Compósitos que protegem vidas A primeira aplicação de fibra de vidro data da Segunda Guerra Mundial, quando este material foi utilizado para fabricar radomes de aviões. Desde então, a fibra de vidro tem sido utilizada pelas forças armadas em todo o mundo numa variedade de aplicações, graças à sua resistência à corrosão e às intempéries, ao custo competitivo e à flexibilidade de desenho, como detalha a Exel Composites, fornecedora deste tipo de material. Os materiais compósitos para aplicações militares requerem um grau de flexibilidade para suportar cargas de peso e temperaturas extremas variáveis, de -40 a 80 graus Celsius. Como os compósitos são mais tolerantes ao alongamento, são mais suscetíveis de absorver o impacto sem danos e menos suscetíveis de quebrar sob tensão. Por exemplo, numa aplicação de fabrico das unidades de apoio às redes de camuflagem, mesmo que uma bala perfure a unidade, a estrutura permite que o tubo funcione corretamente. Além disso, os compósitos não enferrujam, tornando-os resistentes à água e ideais para utilização em terrenos húmidos. Determinadas aplicações de reciclado são particularmente críticas no que respeita à presença de odores, como é o caso deste filme para envolver flores.

ENTREVISTA 16 ANA TRIGO MORAIS, CEO DA SOCIEDADE PONTO VERDE “Estamos preparados para continuar a servir o país por mais 25 anos” Fundada em 1996, a Sociedade Ponto Verde foi a primeira entidade gestora de resíduos de embalagem instituída em Portugal. Nos últimos anos, o foco inicial na recolha e reciclagem alargou-se à aposta no trabalho junto dos fabricantes no sentido de lançarem no mercado embalagens commelhor desempenho ambiental. Nesta entrevista, Ana Trigo Morais, CEO da SPV, explica-nos que medidas estão a ser tomadas para fazer face às novas metas europeias, desde o ecodesign à recolha seletiva e à reciclagem avançada de resíduos. Aborda ainda a questão dos biodegradáveis e compostáveis e destaca a importância dos projetos de I&D para o desenvolvimento de melhores embalagens. Ana Trigo Morais assumiu o cargo de CEO da SPV em 2018.

17 A União Europeia definiu para 2025 uma taxa de reciclagemde embalagens colocadas nomercado de 65%. Portugal não está longe dessa meta, mas ainda tem algum caminho a percorrer. Que medidas prevê a SPV tomar para atingir este objetivo? A Sociedade Ponto Verde vai continuar a apostar numa estratégia de prevenção de geração de resíduos e sensibilização da sociedade, dos consumidores às empresas, para a necessidade de se continuar a separar e a encaminhar mais embalagens usadas para reciclagem, como forma de o país atingir as exigentes metas que tem pela frente. Todos temos um papel a cumprir nesta matéria e esta mobilização faz-se através de campanhas de comunicação assentes na educação ambiental. Em paralelo existe também o trabalho de promoção da inovação, que tem de ser feito sempre num contexto colaborativo entre os vários agentes da cadeia de valor, para que a reciclagem seja mais eficiente. A inovação é fundamental para chegarmos, por exemplo, a novas formas de recolha e depósito de resíduos, como a recolha porta a porta ou os sistemas PAYT (‘pay as you throw’), ao desenvolvimento de embalagens cada vez mais sustentáveis, seja pelo uso mais eficiente dos próprios materiais de embalagem em todo o seu ciclo de vida, em que o BI da embalagem pode ser uma excelente mais valia. Também na otimização do próprio fluxo do atual sistema de gestão de resíduos urbanos, suportados pela tecnologia, onde a digitalização, a ‘internet of things’, a inteligência artificial e a servitização dos serviços pode trazer muitos ganhos. Todo este trabalho tem de ser feito de uma forma colaborativa, envolvendo todos os agentes da cadeia de valor unidos pelo mesmo objetivo. O compromisso assinado por nove entidades do setor do vidro, das quais a Sociedade Ponto Verde faz parte, com o objetivo de anteciparem as metas de reciclagem em 5 anos, é disso mesmo um exemplo. Muito brevemente poderemos ver já projetos a serem implementados resultantes deste empenho conjunto. Também o programa Re-Source, um programa de aceleração da inovação desenvolvido no âmbito da Estratégia de Inovação da SPV, é outro caso bem-sucedido em que o trabalho colaborativo dos agentes da cadeia de valor, envolvendo empreendedores, inovadores e academia, permite a criação de novas soluções para existir mais e melhor reciclagem numa economia que se quer cada vez mais circular. Todos estes fatores continuarão a fazer parte da estratégia da Sociedade Ponte Verde para apoiar o país a

ENTREVISTA 18 cumprir com as metas da reciclagem. Aliás, as embalagens são o único fluxo de resíduos dentro dos resíduos urbanos a cumprir com as suas metas atualmente. Na sua opinião, que outras medidas governamentais seriam importantes? Sobretudo, gostávamos muito de ver mais estabilizado o quadro de atuação das empresas, com uma ‘compliance’ ambiental que seja razoável do ponto de vista económico. A política pública para o setor do ambiente, do nosso ponto de vista, deve ter objetivos claros e mais transparentes, nomeadamente ao nível dos instrumentos jurídicos. O país está agora a discutir o próximo PERSU (Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos) e as políticas públicas que se vão materializar, nesse e noutros instrumentos, a par do extraordinário ciclo de financiamento que o país vai ter, são grandes oportunidades para investimento no setor dos resíduos e no setor da reciclagem. Aumentar as taxas de reciclagem passa, antes de mais, por colocar nomercado embalagens 100% recicláveis. A SPV disponibiliza à indústria uma valiosa ferramenta de ecodesign. Fale-nos um pouco do Ponto Verde Lab. O Ponto Verde Lab é uma plataforma digital da Sociedade Ponto Verde onde disponibilizamos e partilhamos conhecimento que tem como objetivo apoiar produtores e embaladores a desenvolverem e a desenharem embalagens mais sustentáveis. Procuramos estimular a adoção das melhores práticas de ‘ecodesign’ e ‘design for recycling’, seja pelo desenvolvimento de embalagens que incorporammatérias-primas recicladas, porque diminuem a utilização de matérias-primas virgens, seja pela eliminação de material supérfluo ou porque diminuem o recurso a materiais nocivos para o ambiente. Todas estas são práticas com efeito na prevenção de resíduos e reciclabilidade das embalagens, e, consequentemente, com impactos fundamentais no uso eficiente de recursos. Para além de partilharmos este conhecimento, através do Ponto Verde Lab fomentamos também a investigação e o desenvolvimento que resulte em mais conhecimento e na implementação de projetos que venham beneficiar todos os agentes da cadeia de valor da reciclagem e a circularidade das embalagens. Projetos estes que apoiamos também através de investimento financeiro. O objetivo é colocar sempre a inovação ao serviço de mais e melhores embalagens e fluxos de reciclagem, no apoio ao cumprimento das metas nacionais e, também, no desenvolvimento sustentável, tendo por base o paradigma da economia circular que se pretende cada vez mais assegurar. Temhavido boa adesão por parte dos embaladores e fabricantes de embalagem a esta ferramenta? A adesão à ferramentamede-se pelos resultados alcançados. Uma parte relevante dos nossos clientes, que representam 33% das embalagens colocadas no mercado, reportaram ter implementado medidas de prevenção que resultaram numa redução média de 50% do peso das embalagens, na diminuição dos resíduos produzidos em cerca de 8 toneladas e na redução da utilização de materiais nocivos em 52%. Estimulámos, ainda, em mais 40% a utilização de materiais com maior possibilidade de valorização e reciclagem, e em mais de 81% a incorporação de matérias-primas recicladas. Quanto a projetos, falamos de 46 projetos de investigação e desenvolvimento já apoiados pela SPV, de 87 entidades que decidiram inovar connosco. Tudo isto reflete o investimento que ronda os 13 milhões de euros por parte da Sociedade Ponto Verde. Os embaladores têm, ou podem vir a ter, algum benefício por colocarem no mercado embalagens otimizadas em termos ambientais (nomeadamente em bonificações no ecovalor)? O que esperamos todos, e sabemos estar em desenvolvimento ao nível do quadro legislativo europeu, é que as embalagens que cumpram com as boas práticas de design não sofram qualquer tipo de penalização. Falo de mais um daqueles palavrões a que todos nos vamos acostumar nos próximos tempos, a ‘ecomodulação’. Portanto, o benefício advirá na perspetiva de não serem penalizadas, se as soluções de embalagem adotadas permitirem maximizar a reciclagem. De todos osmateriais, o plástico é talvez o que oferece maiores desafios a toda a cadeia de valor. Como vê o futuro deste material nas aplicações de embalagem? O plástico é, dos vários materiais, aquele que tem um A reciclagem química apresenta-se, cada vez mais, como uma tecnologia promissora para o aproveitamento dos plásticos com maior dificuldade de escoamento para reciclagemmecânica ou até para plásticos não recicláveis

ENTREVISTA 19 impacto ambiental mais visível pela sua leveza e cores vivas, ainda que outros materiais também tenham os seus desafios. Estão já a ser tomadas medidas do ponto de vista legislativo, como a Diretiva SUP, parcialmente transposta para o direito nacional, para a redução da sua utilização ou um uso mais eficiente. Do nosso lado, temos também vindo a apoiar as empresas neste sentido, como já aqui falamos, seja através do ‘ecodesign’, do ‘design for recycling’ ou de projetos de I&D. Consideramos muito importante consumir racionalmente, com consciência, e combater a descartabilidade, sempre que exista uma alternativa ambientalmente vantajosa para o efeito. Gostaria de destacar algum dos projetos de I&D em que a SPV está envolvida, relacionado, por exemplo, com a reciclagemde plásticos ou o desenvolvimento de novos materiais alternativos? Sim, a título de exemplo, um dos muitos projetos que a Sociedade Ponto Verde apoia neste âmbito permitiu encontrar materiais alternativos ao plástico, tendo mesmo dado lugar a uma substituição por bolacha comestível. Este projeto em específico permite efetuar a transição de materiais, numa solução inovadora que previne a geração de resíduos, ao utilizar produtos que são comestíveis e biodegradáveis como embalagem, contribuindo para os objetivos inerentes à aplicação da legislação europeia e nacional em matéria de redução do impacto de produtos de utilização única em plástico. Mesmo coma implementação das medidas emcurso, vamos continuar a ter plásticos mistos de difícil reciclagem. A reciclagem química oferece uma solução eficaz, mas cara. Podemos vir a contar com este processo em Portugal? A reciclagem química apresenta-se, cada vez mais, como uma tecnologia promissora para o aproveitamento dos plásticos commaior dificuldade de escoamento para reciclagem mecânica ou até para plásticos não recicláveis. Felizmente, o desafio da reciclagem química, nesta fase, não é tecnológico pois existem já diversos processos que permitem o processamento de resíduos plásticos emnovas matérias-primas. O desafio atual reside essencialmente na rentabilidade da reciclagem química e como é que os custos da mesma se comparam com outras alternativas. Estamos confiantes que a inovação nestes processos permitirá, no médio prazo, o aparecimento de instalações que garantirão com segurança e de forma credível uma muito maior circularidade dos plásticos na economia, com óbvias vantagens também para o ambiente. Que entraves poderão existir ao aumento das taxas de reciclagem de embalagens de plástico? O desafio na reciclagem de embalagens inclui todos os materiais. Isto se considerarmos os resultados obtidos no último Radar da Reciclagem, publicado em dezembro, que revela que a distância de casa ao ecoponto é apontada por 60% dos portugueses não recicladores como uma das principais barreiras à reciclagem e que a oferta de incentivos, que podem ser monetários, fiscais ou em forma de vales/descontos, constitui um fator de peso que pode modificar os atuais comportamentos a favor da reciclagem. Podemos assim concluir que há ainda um caminho a percorrer para que se consiga aumentar as taxas de separação e reciclagem de embalagens em Portugal. É essencial que se continue a atuar em rede com todos os agentes económicos e em grande proximidade nas comunidades, a criar novas ideias e modelos que incentivem a reciclagem de embalagens e a desenvolver campanhas de comunicação que continuem a sensibilizar e a esclarecer as dúvidas que ainda persistem. Dados de 2021 revelam que 7 em cada 10 portugueses participam na reciclagem de embalagens.

ENTREVISTA 20 Os fundos europeus podem ser uma solução, por exemplo para equipar a indústria com novos equipamentos de reciclagem? Temos vindo a advogar que sim. O Plano de Recuperação e Resiliência é uma oportunidade para a reindustrialização verde da nossa economia. É essencial que deste financiamento sejam alocados recursos de investimento e de incentivo para que essa reindustrialização aconteça. Também o Portugal 2030 irá dar o seu contributo essencial para alavancar investimento neste domínio, com objetivos específicos que contribuam para a neutralidade carbónica. A SPV tem algum serviço de apoio à obtenção de fundos europeus? A Sociedade Ponto Verde apoia financeiramente projetos de investigação e desenvolvimento, nomeadamente, candidaturas no âmbito da participação no programa Re-source. Não temos um serviço de apoio à obtenção de fundos europeus, mas mapeamos e acompanhamos estes instrumentos financeiros, face ao interesse estrutural que revelam para a cadeia de valor das embalagens. Ao nível das embalagens para produtos alimentares a aposta tem sido, cada vez mais, em soluções que recorrem a resíduos orgânicos no sentido de lhes conferirem biodegradabilidade e até mesmo a possibilidade de compostagemdoméstica. Que trabalho tem sido feito na SPV na área alimentar e em relação a projetos de sensibilização nesta matéria? Destaco, uma vez mais, todo o trabalho desenvolvido no âmbito da investigação e desenvolvimento que promovemos através do Ponto Verde Lab, onde investimos na procura de soluções que cumpram com a política dos três R’s de uma economia circular: reduzir, reciclar e reutilizar. Neste âmbito, destaco o projeto que está a ser executado pelo Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica de avaliação do uso de subprodutos da indústria agroalimentar para produção de biofilmes de origem vegetal em alternativa a filmes plásticos. A introdução de embalagens fabricadas combioplásticos não compostáveis pode, no entanto, condicionar a reciclagem, já que acabam muitas vezes no ecoponto amarelo. Como vê esta questão? Está previsto um circuito específico para estes materiais? É um tema que nos preocupa e que estamos atualmente a estudar através de um projeto específico. As normas em vigor para a certificação destes produtos encontram-se desfasadas dos ciclos produtivos atuais das instalações de gestão de resíduos, pelo que importa atualizar os referenciais em causa. Adicionalmente, o facto de um material de embalagem poder ser considerado um bioplástico pode induzir uma falsa conotação ecológica ao mesmo. Um bioplástico pode ser um plástico de origem vegetal, mas idêntico ao plástico de origem fóssil, assim como até pode cumprir com as normas de biodegradabilidade ou compostagem e na realidade não se degradar nas instalações de tratamento mecânico e biológico existentes em Portugal e que estão ao nível das que existem noutros países europeus. Presentemente, a presença destes materiais no contentor amarelo do ecoponto é diminuta pelo que não se justifica uma abordagem específica aos mesmos. Acreditamos que as indústrias e os mercados ainda estão a tempo de fazer evoluir as soluções de embalagem disponíveis para que estes plásticos se tornem verdadeiramente biodegradáveis ou compostáveis. Já existem várias soluções de embalagens funcionais (ou inteligentes) coma introdução de sensores capazes de comunicar as condições de umproduto (alimento) ou do ambiente emque ele se encontra. EmPortugal, do conhecimento que têm, as empresas já apostam nestas opções? Que futuro temos pela frente? Reforço o que mencionei antes. Na Sociedade Ponto Verde, acreditamos que a inovação e as tecnologias são, de facto, as ferramentas para se alcançar uma economia mais circular e sustentável. Por esta razão, procuramos estimular e promover este ambiente de empreendedorismo assente neste espírito e a sensorização das embalagens não é alheia a esta temática. Acreditamos que o mercado está ainda numa fase de transição, pelo que vemos um enorme potencial na digitalização, desde logo pela possibilidade de rastreabilidade das embalagens. Através do programa Re-source foram identificados projetos-piloto inovadores que permitirão às empresas terem um código único individual ou o BI das suas embalagens que poderão ser lidos em qualquer ponto do ciclo de vida. O futuro passa, certamente, por aqui e a tecnologia e a digitalização serão certamente benéficas emmais domínios. Por exemplo, também no âmbito da recolha de resíduos com contentores inteligentes que ‘saibam’ e ‘comuniquem’ quando tiverem atingido a sua capacidade, evitando transbordarem e promovendo ummelhor serviço ao cidadão. Existemmuitas oportunidades de inovação e o caminho é procurar a melhor tecnologia para podermos transformar melhor estes resíduos e otimizar a eficiência desta cadeia de valor. Com 25 anos de atividade, a SPV é a mais antiga entidade gestora de resíduos em Portugal. Que balanço faz deste período? O balanço que fazemos é muito positivo. Quando iniciámos a nossa atividade, a reciclagem era desconhecida no país, foi necessário desenvolver um trabalho a partir

ENTREVISTA 21 do zero, quer ao nível da criação de infraestruturas para a separação, encaminhamento e valorização dos resíduos, quer ao nível de sensibilização da população para a importância da sua participação em todo este processo. Foi extraordinário o caminho que fizemos das lixeiras a céu aberto à reciclagem. Traduzindo tudo isto por números, em 25 anos, a SPV contribuiu para a reciclagem de mais de 9 mil milhões de toneladas de resíduos de embalagens e de cidadãos nada envolvidos, passámos a 7 em cada 10 portugueses a participar na reciclagem (dados de 2021) e a considerar ser este o comportamento que mais consideram contribuir para a proteção ambiental. Os portugueses estão a contribuir para a reciclagem de embalagens, com cerca de 500 mil toneladas de resíduos por ano. Deixa-nos muito satisfeitos este resultado, mas sabemos que temos mais desafios pela frente, o que convoca a todos para o seu alcance. Para aqui chegarmos, para além do trabalho de educação ambiental que desenvolvemos através de campanhas de comunicação e de projetos como a Academia Ponto Verde, apostamos também muito em inovação, investigação e desenvolvimento, apoiando os nossos clientes a implementarem as melhores práticas do design das suas embalagens. Cumprimos positivamente com o pilar ambiental e social da sustentabilidade, mas também o económico. Nesta grande cadeia de valor dos bens de grande consumo, a responsabilidade de encaminhar as embalagens para processos de valorização e de reciclagem tem um custo. É um custo suportado por quem coloca produtos no mercado e no final da cadeia é o consumidor que também o suporta. Nós queremos contribuir para que o custo seja justo, razoável e que financie o sistema, para que ele possa funcionar e trazer confiança aos portugueses. Estamos muito orgulhosos do trabalho desenvolvido pela Sociedade Ponto Verde e diria que estamos preparados para continuar a servir o país por mais 25 anos. n SOLUÇÕES DE SOLDADURA PARA A INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS COM LABORATÓRIO DE ENSAIOS EM PORTUGAL Alberto CORREIA | Sales & Marketing | Regional Manager Portugal/Espanha/França | Tel: (+351) 934906865 acorreia@dukane.com | www.dukane.com Representante em Portugal: Wondermac – Innovative Solutions, Lda. Rua Nova da Nespereira Pav. 11 - Lagoa | 4770-287 V.N. Famalicão / Portugal Tel: (+351) 934906783 - (+351) 252181344 | info@wondermac.pt | www.wondermacsolutions.com

22 EVENTOS MeetingPack 2022 centra programa na inovação em materiais, formatos e processos para uma embalagem barreira mais sustentável A quinta edição do congresso MeetingPack terá lugar nos dias 20 e 21 de abril no Palácio de Congressos de Valência (Espanha) com um programa estruturado em sete sessões nas quais mais de 30 profissionais apresentarão as principais inovações em embalagens barreira sustentáveis. Pela primeira vez, serão atribuídos, durante o jantar dos congressistas, dois prémios de sustentabilidade: o SIR by Raorsa e o MP2022. MEETINGPACK 2022 Data: 20 e 21 de abril de 2022 Lugar: Palacio de Congresos de Valencia Avenida Corts Valencianes, 60, 46015 Valencia (Espanha)

23 EVENTOS Sustentabilidade ambiental e funcionalidade são as duas tendências que definem a embalagem alimentar do futuro. MeetingPack, o encontro bienal organizado pela AINIA e a Aimplas, que este ano celebra a sua quinta edição no Palácio de Congressos de Valência, reunirá mais uma vez toda a cadeia de valor das embalagens nos dias 20 e 21 de abril para abordar os desafios e oportunidades que a economia circular coloca ao setor das embalagens alimentares com efeito barreira. Durante dois dias, através de um programa completo estruturado em sete blocos temáticos, o MeetingPack 2022 contará coma participação demais de 30 oradores especializados na matéria que apresentarão as inovações que estão a ser desenvolvidas pela indústria. Os participantes terão a oportunidade de discutir a sustentabilidade ambiental das embalagens alimentares e a necessidade de a combinar com a elevada funcionalidade de barreira que o mercado exige destes produtos. OMeetingPack 2022 contará comvários momentos dedicados ao networking entre os participantes, como a receção, a visita à Aimplas e à AINIA, no dia 19, o jantar do congresso, os intervalos para almoço e café, assimcomo as habituais sessões de perguntas e respostas após cada um dos blocos temáticos. Além disso, existirá uma área de exposição de inovações e o habitual espaço de imprensa, assim como um total de 15 stands onde as organizações patrocinadoras apresentarão os seus produtos e atenderão o público. O discurso de abertura, proferido pela Plastics Europe, dará uma visão geral da legislação europeia que afeta o setor. Posteriormente, durante as duas sessões da manhã do dia 20, o desafio da sustentabilidade será abordado do ponto de vista da inovação nos materiais. Soluções de alta barreira sob a forma de revestimentos ou selagem, a utilização de biopolímeros ou a reciclagem de materiais como o nylon serão alguns dos tópicos a serem tratados por empresas como a RSM, Lyondellbasell, UBE, Lubrizol, Sunchemical, Venvirotech, FKuR e Novamont. Durante a tarde, duas sessões dedicadas aos filmes, chapas e bandejas tratarão de aspetos como a reciclabilidade e a redução do uso de materiais através de apresentações por profissionais de empresas como a Enplater Group, Leygatech, TIPA, Faerchplast, Sealed Air, Constantia Flexibles e Grupalia 4.0. Na manhã do dia 21, uma sessão sobre embalagens injetadas ISBMe EBM trará à mesa a utilização de resíduos industriais comomatéria-prima ou a obtenção de PET sustentável comnovas funcionalidades. A seguir, será a vez da conceção ecológica, reciclabilidade e certificação, aspetos chave para se conseguir uma verdadeira circularidade das embalagens, bloco em que serão discutidas tecnologias como a reciclagem química, o fabrico de embalagens flexíveis comPET pós-consumo ou tecnologias como as marcas de água digitais para a reciclagem inteligente das embalagens. Tudo isto será apresentado pelas empresas Raorsa, ITC, Plastipak, Total Corbion, TPL, AIM European Brands Association e Veolia. O encontro terminará comuma sessão sobre histórias de sucesso na qual as empresas KM Zero, Calidad Pascual, Vytal e Interal apresentarão as suas experiências. PRÉMIOS DE SUSTENTABILIDADE Este ano, o MeetingPack vai atribuir, pela primeira vez, um prémio de reconhecimento das principais inovações em embalagens barreira sustentáveis para a indústria alimentar. Mas não só, também pela primeira vez, a Raorsa apresentará os seus Prémios SIR by Raorsa para a Sustentabilidade, Inovação e Reciclagem. Comestes prémios, a empresa pretende identificar e premiar novos processos de fabrico e novos materiais que ajudama alcançar uma indústria de materiais plásticos inteligente, inovadora e sustentável. A cerimónia de entrega dos prémios terá lugar no final do primeiro dia do encontro, durante o jantar do congresso. MEIA CENTENA DE ENTIDADES APOIAM O MEETINGPACK OMeetingPack 2022 conta como apoio de mais de 50 entidades. Entre elas, as empresas patrocinadoras Raorsa, Leygatech, Enplater Group, UBE, RSM, TPL, Faerch, FKuR, Grupalia 4.0, Lubrizol, Lyondellbasell, Novamont, Sealed Air, Sun Chemical e Total Corbion; As organizações colaboradoras AVEP (Asociación Valenciana de Empresarios de Plásticos), PlasticsEurope, FIPA, EFE (Asociación de Convertidores de Embalaje Flexible), Packnet (Plataforma Tecnológica Española de Envase y Embalaje), ASOBIOCOM (Asociación Española de Plásticos Biodegradables Compostables), Asociación de Snacks, Grupo Bimbo, Clúster Alimentario de Galicia, Flexible Packaging Europe, FEDACOVA (Federación Empresarial de Agroalimentación de la CV), Plataforma Tecnológica Food For Life Spain, Grupo Nueva Pescanova, Palacios, SWP, VISCOFAN, Aldelis e KM Zero; e os meios de comunicação social que apoiam o evento Cárnica, Dulces Noticias, EPPM, Eurocarne, Futurenviro, IAmbiente, IDE, InterPlast, Packaging Europe, Plast21, Plásticos Universales, Plastics in Packaging, Retema, Revista Plásticos Modernos, Sustainable Packaging News, Tecnifood, Tecnoalimen e TecnoPack. n Sustentabilidade ambiental e funcionalidade são as duas tendências que definem a embalagem alimentar do futuro

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx