BP12 - InterPLAST

ENTREVISTA 20 Os fundos europeus podem ser uma solução, por exemplo para equipar a indústria com novos equipamentos de reciclagem? Temos vindo a advogar que sim. O Plano de Recuperação e Resiliência é uma oportunidade para a reindustrialização verde da nossa economia. É essencial que deste financiamento sejam alocados recursos de investimento e de incentivo para que essa reindustrialização aconteça. Também o Portugal 2030 irá dar o seu contributo essencial para alavancar investimento neste domínio, com objetivos específicos que contribuam para a neutralidade carbónica. A SPV tem algum serviço de apoio à obtenção de fundos europeus? A Sociedade Ponto Verde apoia financeiramente projetos de investigação e desenvolvimento, nomeadamente, candidaturas no âmbito da participação no programa Re-source. Não temos um serviço de apoio à obtenção de fundos europeus, mas mapeamos e acompanhamos estes instrumentos financeiros, face ao interesse estrutural que revelam para a cadeia de valor das embalagens. Ao nível das embalagens para produtos alimentares a aposta tem sido, cada vez mais, em soluções que recorrem a resíduos orgânicos no sentido de lhes conferirem biodegradabilidade e até mesmo a possibilidade de compostagemdoméstica. Que trabalho tem sido feito na SPV na área alimentar e em relação a projetos de sensibilização nesta matéria? Destaco, uma vez mais, todo o trabalho desenvolvido no âmbito da investigação e desenvolvimento que promovemos através do Ponto Verde Lab, onde investimos na procura de soluções que cumpram com a política dos três R’s de uma economia circular: reduzir, reciclar e reutilizar. Neste âmbito, destaco o projeto que está a ser executado pelo Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica de avaliação do uso de subprodutos da indústria agroalimentar para produção de biofilmes de origem vegetal em alternativa a filmes plásticos. A introdução de embalagens fabricadas combioplásticos não compostáveis pode, no entanto, condicionar a reciclagem, já que acabam muitas vezes no ecoponto amarelo. Como vê esta questão? Está previsto um circuito específico para estes materiais? É um tema que nos preocupa e que estamos atualmente a estudar através de um projeto específico. As normas em vigor para a certificação destes produtos encontram-se desfasadas dos ciclos produtivos atuais das instalações de gestão de resíduos, pelo que importa atualizar os referenciais em causa. Adicionalmente, o facto de um material de embalagem poder ser considerado um bioplástico pode induzir uma falsa conotação ecológica ao mesmo. Um bioplástico pode ser um plástico de origem vegetal, mas idêntico ao plástico de origem fóssil, assim como até pode cumprir com as normas de biodegradabilidade ou compostagem e na realidade não se degradar nas instalações de tratamento mecânico e biológico existentes em Portugal e que estão ao nível das que existem noutros países europeus. Presentemente, a presença destes materiais no contentor amarelo do ecoponto é diminuta pelo que não se justifica uma abordagem específica aos mesmos. Acreditamos que as indústrias e os mercados ainda estão a tempo de fazer evoluir as soluções de embalagem disponíveis para que estes plásticos se tornem verdadeiramente biodegradáveis ou compostáveis. Já existem várias soluções de embalagens funcionais (ou inteligentes) coma introdução de sensores capazes de comunicar as condições de umproduto (alimento) ou do ambiente emque ele se encontra. EmPortugal, do conhecimento que têm, as empresas já apostam nestas opções? Que futuro temos pela frente? Reforço o que mencionei antes. Na Sociedade Ponto Verde, acreditamos que a inovação e as tecnologias são, de facto, as ferramentas para se alcançar uma economia mais circular e sustentável. Por esta razão, procuramos estimular e promover este ambiente de empreendedorismo assente neste espírito e a sensorização das embalagens não é alheia a esta temática. Acreditamos que o mercado está ainda numa fase de transição, pelo que vemos um enorme potencial na digitalização, desde logo pela possibilidade de rastreabilidade das embalagens. Através do programa Re-source foram identificados projetos-piloto inovadores que permitirão às empresas terem um código único individual ou o BI das suas embalagens que poderão ser lidos em qualquer ponto do ciclo de vida. O futuro passa, certamente, por aqui e a tecnologia e a digitalização serão certamente benéficas emmais domínios. Por exemplo, também no âmbito da recolha de resíduos com contentores inteligentes que ‘saibam’ e ‘comuniquem’ quando tiverem atingido a sua capacidade, evitando transbordarem e promovendo ummelhor serviço ao cidadão. Existemmuitas oportunidades de inovação e o caminho é procurar a melhor tecnologia para podermos transformar melhor estes resíduos e otimizar a eficiência desta cadeia de valor. Com 25 anos de atividade, a SPV é a mais antiga entidade gestora de resíduos em Portugal. Que balanço faz deste período? O balanço que fazemos é muito positivo. Quando iniciámos a nossa atividade, a reciclagem era desconhecida no país, foi necessário desenvolver um trabalho a partir

RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx