21 SUSTENTABILIDADE Foram levados a cabo dois casos de estudo para avaliar o comportamento de diferentes formulações ao longo de diversos ciclos. No primeiro caso, foram realizados processos sucessivos de injeção de peças de POM, seguida de moagem, e regeneração em processo de extrusão. Após três ciclos, verificou-se que o valor da MFI não sofreu variação significativa. O segundo caso teve como base de trabalho um composto (PA+GF) reciclado ao qual foram adicionadas diferentes percentagens e composições de material virgem. “Verificou-se que, na formulação composta por 80% de material reciclado e 20% de poliamida com fibra de vidro virgens, o material manteve as mesmas características do composto original, sem reciclado”, explicou António Alves. Estes resultados abrem a porta à possibilidade de reaproveitamento de muito do material que já existe no mercado, incorporando apenas uma pequena percentagem de material virgem. CONCLUSÕES No final da sessão de apresentação de resultados, os fabricantes de peças plásticas participantes no projeto e presentes no evento (Iber-Oleff, Erofio Atlântico e Oli - Sistemas Sanitários) foram unânimes em considerar que o trabalho desenvolvido teve resultados muito positivos e constitui um passo importante para a sustentabilidade ambiental, económica e social. No entanto, assinalaram a necessidade de dar continuidade ao mesmo, de forma a aprofundar os conhecimentos obtidos até aqui. Promotora líder do projeto, a IberOleff tinha como objetivos encontrar uma alternativa à cromagem de peças de interior para automóvel, integrar materiais sustentáveis na produção e otimizar a injeção de peças de forma a facilitar a sua montagem pelo processo de soldadura a laser. Mihail Fontul, R&D Manager da empresa, considerou que ainda há trabalho a fazer no que respeita à alternativa à cromagem, já que nem o sistema PVD, nem os testes realizados no âmbito do S4Plast, com a integração de pós metálicos na matéria-prima, se revelaram 100% satisfatórios. No entanto, quer a integração de material reciclado na produção quer a célula de injeção com sensorização e gémeo digital já se revelaram “uma grande ajuda no dia a dia da empresa”. No que se refere ao objetivo de incorporação de reciclado em novas peças, Andreia Costa, responsável pelo Departamento de Inovação da Oli, lembrou que “muito provavelmente, daqui a 10 anos, as empresas que lançam no mercado peças técnicas - como são as que compõem o interior de um autoclismo, que atualmente vão para aterro -, vão ser obrigadas a recolher e reciclar os seus produtos. Por isso, quanto mais cedo começarmos a ter isso em conta logo na fase de design do produto, melhor. É importante percebermos como é que as peças que produzimos se comportam no fim de vida e ao longo dos vários ciclos de reciclagem. E isso tem de começar a ser estudado agora, e não quando formos obrigados a fazê-lo". Numa nota bastante positiva, a responsável realçou o conhecimento científico gerado ao longo do projeto e o impacto que o mesmo terá no trabalho futuro das empresas envolvidas e do cluster, em geral. Por seu lado, Pedro Lourenço, da Erofio Atlântico, destacou o envolvimento da empresa no PPS3, referente aos processos avançados de fabrico, e os bons resultados obtidos na produção de peças monomaterial, com zonas opacas e translúcidas, obtidos através do controlo de processos. "Ainda não estamos em fase de colocar o produto no mercado, mas estamos no bom caminho", garantiu. João Faustino, presidente da Cefamol, encerrou a conferência com uma palavra de apreço pelo trabalho desenvolvido por todo o consórcio. "Os novos desenvolvimentos do projeto irão contribuir para ampliar a cadeia de valor de produtos moldados e para a diferenciação competitiva no mercado global, para dinamizar o envolvimento dos associados e parceiros do cluster, para a promoção da marca Engineering & Tooling from Portugal e para a notoriedade das empresas portuguesas, o que terá impacto no posicionamento face à concorrência e na consolidação de uma posição de liderança internacional", concluiu o responsável. n CONSÓRCIO Participaram no projeto S4Plast 16 empresas e ENESII, nomeadamente, a Associação Pool-net, enquanto representante do cluster Engineering & Tooling, as entidades do sistema científico Centimfe, Politécnico de Leiria, Instituto Superior Técnico, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade do Minho; os fabricantes de peças plásticas por injeção Iber-Oleff (promotor líder do projeto), Erofio Atlântico, Neutroplast e Oli - Sistemas Sanitários; os fabricantes de moldes Edilásio, 3D-Tech e ITJ; a empresa especialista em design e desenvolvimento de produto WeADD; e o fabricante de compostos termoplásticos e reticuláveis Cabopol.
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