SUSTENTABILIDADE 48 tagens ambientais do plástico face ao vidro, que o metal possui um desempenho ambiental comparável, sendo melhor a embalagem de plástico no caso das embalagens alimentares, e que o papel mostrou ter menores impactes ambientais do que o plástico. Adicionalmente, verificou-se que a incorporação de material reciclado contribui significativamente para a redução dos impactes ambientais dos plásticos virgens e que os plásticos de origem biológica apresentam melhor desempenho ambiental relativamente aos de origem fóssil, em especial nas categorias de alterações climáticas e depleção de recursos fósseis. A ACV ao plástico pode ser utilizada para comparar materiais alternativos e para explorar estratégias de minimização de emissões. No estudo de Zhou et al. (2023), foram comparados dois processos de produção de policarbonato na China, o maior produtor mundial deste plástico. A ACV foi capaz de demonstrar a importância de se promover fábricas verdes, pois podem reduzir em 10 % os impactes associados ao aquecimento global, e que a produção de policarbonato reciclado por via mecânica pode proporcionar reduções superiores a 82% em todas as categorias de impacte ambiental. No trabalho de Marson et al. (2023), foram analisados 79 estudos de ACV publicados em revistas científicas, abrangendo produtos plásticos e suas alternativas (reciclados, biológicos e outros materiais) nos sectores das embalagens, construção civil e produção de plásticos primários. O estudo concluiu que a ACV é amplamente utilizada como suporte à tomada de decisão, embora a ausência de clareza nas escolhas metodológicas possa comprometer a validade das conclusões. Esta limitação é particularmente relevante quando se comparam alternativas, dado que a predominância de resultados favoráveis em apenas algumas categorias de impacte dificulta a ponderação e a obtenção de decisões inequívocas (o ideal é que uma alternativa seja melhor em todas as categorias de impacte). Atualmente, é possível complementar a ACV com outras metodologias que integram os impactes económicos e sociais, resultando numa Avaliação do Ciclo de Vida Sustentável. Apesar deste avanço importante na abordagem, é necessário refletir se todos os impactes ambientais resultantes de determinado produto são calculados devidamente. Este é um aspeto que tem sido levantado pela comunidade científica, nomeadamente quanto aos impactes ambientais da emissão de plástico para o ambiente (Galafton et al., 2025). A falta de fatores de emissão capazes de traduzir os impactes dos plásticos, nas diferentes dimensões, macro, micro e nano, tanto em ecossistemas marinhos como terrestres, limita a utilização exclusiva da ACV como ferramenta de avaliação da sustentabilidade dos plásticos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ACV tem enorme potencial para ser aplicada na avaliação dos impactes ambientais associados aos plásticos, seja na análise de produtos, na comparação de alternativas ou na otimização dos processos produtivos. No entanto, as fragilidades metodológicas persistem, tanto no cálculo dos indicadores dos impactes ambientais como na ponderação das categorias de impacte. Até que a ACV seja metodologicamente mais robusta, a sua utilização deve incluir outras metodologias, como estudos de avaliação de risco. A integração dos resultados da avaliação de risco com os resultados de ACV e com outros critérios (económicos e sociais) pode ser conseguida através de metodologias de análise multicritério, permitindo decisões mais fundamentadas e consistentes (Pires et al., 2011). n As referências deste artigo estão disponíveis para consulta online aqui: www.interempresas.net/a607102 ISO 59004 - Economia Circular - Terminologia, princípios e orientações para implementação ISO 59010 – Economia Circular - Orientação para a transição de modelos de negócios e redes de valor ISO 59020 - Economia Circular - Medição e avaliação do desempenho em circularidade ISO 59040 – Economia Circular – Data sheet ISO 59014 – Gestão ambiental e Economia Circular – Sustentabilidade e rastreabilidade dos materiais secundários ISO/TR 59031 – Economia Circular – Abordagem baseada no desempenho ISO/TR 59032 – Economia Circular – Revisão de redes de valor existentes Fig. 2 Fig.2. Família de normas ISO 59000. Fonte: adaptado de ISO (2024).
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