BP8 - InterPlast

63 MATERIAIS para o sector da construção. Durante o projeto NEXMENT foram criados con- ceitos de casas modulares de carácter provisório com aplicação de materiais reciclados, sendo uma das soluções propostas constituída por matrizes termoplásticas com núcleos de aglo- merados de cortiça expandida. Já o projeto NOPROMAT teve como foco o desenvolvimento de produtos para a indústria das cerâmicas sanitários, nomeadamente a criação de processos produtivos para lavatórios e torneiras com recurso a novos materiais 'naturais', tais como resíduos de pedra natural, fibra de coco, entre outros. Ainda assim, também setores tipicamentemais exigentes têm investido na procura de respostas a este desafio. No sector aeronáutico, pode des- tacar-se, por exemplo, os projetos LIFE e ECO- COMPASS, que contaram com a participação dos especialistas do INEGI. No âmbito do projeto LIFE, as soluções desen- volvidas para o interior dos aviões foramorienta- das para a utilização de materiais naturais, leves e confortáveis, nomea- damente cortiça e couro natural. Também o pro- jeto ECO-COMPASS, que consistiu numa colabo- ração entre a China e a Europa, contemplou o desenvolvimento de compósitos multifuncionais ecoló- gicos, com fibras de linho e bio resinas para a aplicação em estruturas secun- dárias e interiores de aviões. Entre os benefícios da aposta em com- pósitos ecológicos, é de salientar que o uso destesmateriais tempotencial para criar novas oportunidades de emprego nas regiões rurais e menos desenvol- vidas, ajudando assim a alcançar os objetivos de desenvolvimento susten- tável. A inclusão de fibras e resinas de origem natural noutros sectores, além dos convencionais, poderá potenciar e incentivar o mercado relativamente às mesmas, podendo contribuir para revitalizar o setor agrícola e têxtil de forma sustentada 2, 7 . BUSCA POR ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS MOTIVA FUTUROS DESENVOLVIMENTOS Alargar a produção e utilização de com- pósitos técnicos estruturais com fibras e matrizes de origem natural exige, porém, uma adaptação da legislação atualmente aplicável a compósitos sintéticos, bem como padronizar a forma como caracterizamos as suas propriedades para a elaboração de fichas técnicas mais adequadas. Esta caracterização potência a criação de metodologias para simulações destes materiais, aumentando a confiança, desde os projetistas até aos consumi- dores aquando da utilização destes materiais. Para tal, a comunidade científica tem um papel crucial no que diz respeito à divulgação de estudos sobre a combi- nação otimizada das fibras e matrizes de base natural para a produção de compósitos à escala industrial 2, 7 . Também poderá haver a necessidade de alteração dos processos atualmente usados, o que se traduzirá em custos de investimento para as indústrias, mas que poderão ser facilmente ultrapassa- dos, caso a utilização destes materiais se revele benéfica em alguns setores de aplicação. n [1] Sousa, S.P.B., Ribeiro, M.C.S., López, M.M., Barrera, G.M., Ferreira, A.J.M. (2014). Mechanical behaviour analysis of pol- yester polymer mortars reinforced with luffa fibres. In: CLB-MCS 2014 – Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis, 5-7 março 2014, Guimarães, Portugal, Vol. 2, 331-338. [2] Peças, P., Carvalho, H., Salman, H., & Leite, M. (2018). Natural fibre composites and their applications: a review. Journal of Composites Science, 2(4), 66. [3] Mann, G. S., Singh, L. P., Kumar, P., & Singh, S. (2020). Green composites: A review of processing technologies and recent applications. Journal of Thermoplastic Composite Materials, 33(8), 1145-1171. [4] Peças, P., Carvalho, H., Salman, H., & Leite, M. (2018). Natural fibre composites and their applications: a review. Journal of Composites Science, 2(4), 66. [5] Koronis, G., Silva, A., & Fontul, M. (2013). Green composites: A review of adequate materials for automotive applica- tions. Composites Part B: Engineering, 44(1), 120-127. [6] Dicker, M. P., Duckworth, P. F., Baker, A. B., Francois, G., Hazzard, M. K., & Weaver, P. M. (2014). Green composites: A review of material attributes and complementary applications. Composites part A: applied science and manufactu- ring, 56, 280-289. [7] Muthu, S. S. (Ed.). (2018). Green Composites: Sustainable Raw Materials. Springer.

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