www.interplast.pt 2023/3 18 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Julho, Agosto, Setembro 2023 - Nº 18 | www.interplast.pt EQUIPAMENTOS DE SOLDADURA POR ULTRASSONS para o mercado automóvel e outros, disponíveis no laboratório da Wondermac, em Vila Nova de Famalicão. Gerador AiM Gerador IQ AUTO Pistola manual Controlo preciso + indústria 4.0 Processo de soldadura multicanal Soldadura manual com pistola/lápis www.dukane.com Alberto CORREIA Tm: (+351) 934 906 895 acorreia@dukane.com Tiago FERRAZ Tm: (+351) 915 279 601 tiago.ferraz@wondermac.pt
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5 Atualidade Sofia Sampaio | Gestora de produto
6 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE PreZero e Shell firmam acordo para implementar projetos de reciclagem química Atualmente, nem todos os fluxos de plásticos são adequados para a reciclagem mecânica, deixando uma lacuna significativa na circularidade da matéria-prima. A PreZero e a Shell assinaram um acordo de cooperação para desenvolver uma nova solução química que irá colmatar essa lacuna. A PreZero aproveitará os seus conhecimentos em matéria de recolha, triagem e pré-tratamento de matérias- -primas para desenvolver novas soluções de triagem e conversão de resíduos de plástico em reciclado. A Shell desenvolverá, ampliará a escala e implantará tecnologias para estabelecer um processo de transformação de resíduos plásticos em produtos químicos para produzir novos plásticos. A primeira iniciativa conjunta resultante desta colaboração está atualmente a ser trabalhada nos Países Baixos. "Muitos países europeus estão a aumentar significativamente os seus objetivos de reciclagem de plástico", afirma Sven Nuener, CSO da PreZero International. "Para atingirmos este objetivo, precisamos não só de aumentar a capacidade das nossas instalações de reciclagem, mas também de diversificar os tipos de resíduos de plástico que podemos processar. O nosso novo projeto garante maiores possibilidades de reciclagem, uma vez que trabalhamos com material que, de outra forma, permaneceria como resíduo". “A seleção e o pré-tratamento adequados dos resíduos são essenciais para o êxito da reciclagem química. Estou, por isso, muito satisfeito por a Shell contar com o know-how da PreZero neste campo", afirma Marco Richrath, vice-presidente sénior da Chemicals and Products Europe. "O nosso objetivo conjunto é desenvolver uma cadeia de valor economicamente viável para os resíduos de plástico que não são adequados para a reciclagem mecânica, convertendo-os novamente em embalagens de plástico de qualidade virgem e noutros produtos que, de outra forma, seriam fabricados a partir de matérias-primas de origem fóssil, contribuindo assim para a economia circular dos plásticos. Com este acordo de cooperação, estamos a reunir as partes da cadeia de valor para avançar nesse sentido", assegura o responsável. Plastics Summit – Global Event marcado para 2025 A Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) anunciou que o próximo Plastics Summit – Global Event se irá realizar no dia 6 de outubro de 2025, em Lisboa. A data foi divulgada durante a conferência ‘A circular future with plastics’, que decorreu no final de maio, em Lyon, França. Organizado pela APIP, com a colaboração das congéneres ANAIP (Espanha), ABIPLAST (Brasil) e ANIPAC A.C. (México), o Plastics Summit – Global Event pretende ser um ponto de encontro da cadeia de valor dos plásticos, onde profissionais de todo o mundo se juntam para encontrar soluções para um futuro sustentável. A última edição aconteceu em outubro de 2022 e reuniu cerca de mil participantes de diversos países. Induglobal consolida crescimento com novas instalações em Lisboa A Induglobal, editora das revistas InterPlast, InterMetal, iAlimentar, NovoPerfil, O Instalador, Agriterra e EngeObras, inaugurou no dia 1 de setembro novas instalações em Lisboa. A filial do Grupo Interempresas em Portugal reforça assim a sua aposta no mercado nacional e o intuito de continuar a oferecer projetos editoriais B2B de qualidade nos setores chave da economia portuguesa. As novas instalações estão localizadas no Saldanha, centro de Lisboa. Parte da equipa da Induglobal no primeiro dia no novo escritório no Saldanha, em Lisboa.
7 Projeto europeu tem 3,3 ME para ideias tecnológicas com impacto social e de circularidade na indústria SoTecIn Factory procura soluções para os desafios das cadeias de valor do têxtil, plástico, embalagens, alimentos, água e nutrientes. O projeto europeu ‘SoTecIn Factory – Social and Technological innovation Factory for low carbon and circular industrial value chains’, liderado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), procura empreendedores sociais europeus com experiência em tecnologia para desenvolver soluções que contribuam para uma indústria mais circular, sustentável e resiliente. Ao todo estão disponíveis 3,3 milhões de euros e o concurso está aberto até 28 de setembro. Apoiar inovações sociais que potenciam a circularidade das cadeias de valor e a redução da pegada de carbono da indústria é o grande objetivo do projeto. Nesse sentido, o concurso procura apoiar 25 empreendedores sociais europeus (entre investigadores, PME e start-ups) que apresentem ideias inovadoras orientadas para a tecnologia como uma resposta aos desafios circulares alinhados com a missão do projeto, nomeadamente no que diz respeito a cadeias de valor do têxtil, plástico, embalagens, alimentos, água e nutrientes. Para mais informações, consulte o site www.sotecinfactory.eu. EDITORIAL A 25 de setembro, Portugal comemorou pela primeira vez o Dia Nacional da Sustentabilidade. O facto de celebrarmos esta data, escolhida para coincidir com o aniversário da adoção pela ONU da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mostra o empenho do país em contribuir para um planeta mais saudável. No nosso setor, um dos mais envolvidos nesta causa, são vários os projetos cujo objetivo é, precisamente, encontrar alternativas viáveis aos materiais e métodos de fabrico tradicionais. Nesta edição da InterPlast damos-lhe a conhecer os resultados animadores de duas destas iniciativas, ambas concluídas muito recentemente. Dos trabalhos realizados saíram, por exemplo, novas embalagens alimentares 100% recicláveis e/ ou com incorporação de reciclado, novos materiais biodegradáveis, soluções inovadoras para a produção sustentável de compostos e novos métodos de injeção de peças monomaterial com características que, até aqui, apenas podiam ser obtidas com o uso de dois materiais diferentes. A par destas inovações, cresce também a preocupação das empresas com a eficiência dos equipamentos para processamento de plásticos. Quer no que respeita à eficiência energética, quer na produtividade que oferecem. Os visitantes da edição deste ano da Fakuma (que irá decorrer de 18 a 21 de outubro, em Friedrichshafen, Alemanha) vão poder ver muitos exemplos de novos equipamentos que prometem ajudar os transformadores a produzir de forma mais eficiente e sustentável. Leia, a partir da página 36, a antevisão desta que é uma das principais feiras de plásticos internacionais. Todas as tendências referidas têm um especial impacto na indústria automóvel, que encabeça a lista dos principais clientes dos transformadores de plásticos. Pressionados pelas políticas de proteção ambiental, a grande maioria dos OEM intensifica a produção de veículos elétricos, o que obriga os seus fornecedores a desenvolver novas peças, com características especiais (mais leves, capazes de incorporar elétrónica, resistentes às altas temperaturas, etc.). Neste número damos destaque a algumas das tecnologias e materiais já disponíveis no mercado, especialmente desenvolvidos para dar resposta às novas exigências. Uma nota final para a análise do mercado de impressão 3D que nos últimos dez anos registou um impressionante aumento de pedidos de patente, a nível mundial: oito vezes superior a qualquer outra tecnologia. Leia o estudo na página 68. Nem de propósito, esta edição vai estar em distribuição na feira 3D Additive Expo (2 a 4 de novembro, Exposalão, Batalha). Visite-nos e leve um exemplar gratuito da revista. Até lá, boa leitura! Portugal, na crista da sustentabilidade
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Materiais antirruído da Elix Polymers aprovados por um dos principais OEM A Elix Polymers desenvolveu uma gama de materiais especiais em ABS e PC/ABS para reduzir os ruídos indesejados gerados pelo contacto entre peças de plástico, couro, folhas de PVC ou outros produtos, que podem ter uma influência negativa no conforto do condutor e na qualidade percebida de um automóvel. Com a crescente popularidade dos veículos elétricos e híbridos, cujos motores produzem menos ruído, os fabricantes de equipamento original automóvel (OEM) exigem cada vez mais materiais antirruído para fabricar peças interiores essenciais, como puxadores de portas, apoios de braços, bancos, tetos de abrir, suportes para copos e grelhas de ventilação. Vários produtos Elix com essas características receberam aprovação de um OEM automóvel alemão de topo de gama e serão utilizados em futuros veículos. Estes materiais foram submetidos a testes de aderência e deslizamento de acordo com a norma VDA230-206 em máquinas de teste da Ziegler Instruments com resultados muito positivos: foi utilizada uma escala de 1 a 10, sendo 10 o nível de risco mais elevado. Os novos graus desenvolvidos pela ELIX obtiveram uma pontuação de 1, o nível de risco mais baixo. Os testes foram efetuados com diferentes forças (10°N, 40°N) e velocidades (1°mm/s e 4°mm/s) a várias temperaturas. Foram obtidos resultados satisfatórios de particular relevância após o envelhecimento térmico de materiais cujo risco normalmente aumenta em materiais standard, não modificados. Os novos graus utilizam os polímeros de base da Elix Polymers, como ABS standard, ABS de alta temperatura, ABS/ PC ou PC/ABS. Como as propriedades essenciais são idênticas às dos materiais Elix não modificados, as aprovações OEM existentes para os graus Elix não são afetadas. Além disso, como a retração dos materiais permanece a mesma, não é necessário realizar modificações nos moldes. Por outro lado, deixa de ser necessário adicionar feltros, fitas ou massa lubrificante após a injeção e a montagem das peças para reduzir o ruído, o que reduz consideravelmente os custos de produção. Este novo avanço é o resultado da estreita colaboração da Elix Polymers com os principais OEM do setor automóvel e da sua estratégia de se concentrar em materiais especializados de valor acrescentado e no desenvolvimento de soluções feitas à medida. Os novos graus reduzem os ruídos indesejáveis. Hasco disponibiliza ferramenta para fabrico de moldes sem necessidade de acesso à internet Com a nova Hasco Set - Standard Engineering Tool, a Hasco coloca à disposição dos fabricantes de moldes uma nova ferramenta offline especialmente concebida para responder às necessidades dos profissionais do setor. Por uma questão de segurança, muitas vezes, os computadores CAD não estão ligados à internet. A Hasco Set permite aos utilizadores aceder a toda a biblioteca de produtos no seu posto de trabalho, sem ligação web. As constantes atualizações garantem acesso a mais de 100 mil standards de qualidade e dados de produtos. A interface da Hasco Set pode ser facilmente adaptada às necessidades individuais dos utilizadores, o que permite aos profissionais envolvidos no fabrico de moldes concentrarem-se nas questões essenciais do processo, aumentando consideravelmente a eficiência.
9 ATUALIDADE 13.ª Conferência Europeia de Termoformagem da SPE marcada para abril de 2024 em Amesterdão A Divisão Europeia de Termoformagem da Sociedade de Engenheiros de Plásticos (Society of Plastics Engineers, ou SPE, na sigla em inglês) vai realizar a 13ª Conferência de Termoformagem de 10 a 12 de abril de 2024, em Amesterdão, Países Baixos. Realizado de dois em dois anos, este é o mais importante evento internacional da indústria de termoformagem. É uma oportunidade para os profissionais do setor conhecerem os mais recentes avanços tecnológicos através de apresentações técnicas e da avaliação de produtos e serviços apresentados na área de exposição por empresas fornecedoras de equipamentos, produtos e serviços de termoformagem. A organização espera receber a participação de transformadores, utilizadores finais, fornecedores de materiais, fabricantes de ferramentas, fornecedores de máquinas e equipamentos relacionados. Para a associação, "este evento é único porque se destina especificamente à indústria de termoformagem e é organizado exclusivamente por membros da indústria". O seu principal objetivo é criar uma plataforma que encoraje os membros da indústria a partilhar e transferir conhecimentos técnicos e experiência. SKILLS: FILTERING SURFACE OPTIMIZED RADIAL DISCHARGE VALVE PRODUCTION CAPACITY RECYCLING IS A GAME WHERE SIZE MATTERS fimic.it
10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Repsol apresenta primeira gama de copolímeros EVA 100% circular A Repsol vai lançar no mercado uma solução 100% circular de copolímeros de EVA (acetatovinilo de etileno). Estes novos produtos serão comercializados com a marca Repsol Reciclex e complementam a gama convencional de EVA da empresa, a Repsol Primeva. A nova gama oferece aos clientes uma solução 100% circular e certificada, de acordo com o método de balanço de massa ISCC Plus. As matérias-primas utilizadas para produzir o EVA 100% circular da Repsol provêm de diferentes fluxos de resíduos que passam por processos de reciclagem específicos, eliminando a necessidade de deposição em aterros ou instalações de incineração. Esta nova solução oferece um material com uma pegada de carbono líquida, considerando uma opção ‘cradle-to-grave’, em comparação com a alternativa de material virgem. O projeto foi desenvolvido como parte da estratégia da empresa para oferecer soluções sustentáveis aos seus clientes, contribuindo para a redução da pegada de carbono. Será comercializado sob a marca Repsol Reciclex, a gama de poliolefinas fabricadas a partir de materiais reciclados da empresa. Esta solução de reciclagem química é especialmente relevante para aplicações de EVA que não podem utilizar a reciclagem mecânica, devido às propriedades exigidas pelo produto final. Com esta nova gama, a Repsol assegura a adequação dos seus produtos a aplicações sensíveis, tais como produtos em contacto com alimentos, cosméticos ou do setor da saúde. O Complexo Industrial da Repsol em Puertollano, Espanha, local onde foi produzida a gama Repsol Primeva, foi fulcral para o desenvolvimento, teste e produção final desta solução. Esta iniciativa apoia o compromisso da Repsol de alcançar as zero emissões líquidas até 2050 e o objetivo de reciclar o equivalente a 20% da sua produção de poliolefinas em 2030. Selenis lança nova marca para a área médica A Selenis, fornecedora global de copoliésteres inovadores para um leque diversificado de aplicações, acaba de anunciar o lançamento da Selcare, uma nova gama de plásticos de grau médico. A gama Selcare é constituída por seis plásticos de categoria médica, complementada por um conjunto de serviços de suporte, incluindo declarações de biocompatibilidade, notificação de acordos de mudança e suporte regulatório, entre outros. A gama Selcare conta com um website dedicado - ww.selenis-selcare.com – desenhado para oferecer aos profissionais do setor acesso facilitado a informações essenciais sobre os produtos e serviços disponíveis. Esta iniciativa amplia significativamente a linha de produtos da Selenis e reflete o compromisso da empresa de fornecer produtos e serviços de última geração que ajudam a cadeia de valor médica a cumprir os requisitos regulatórios e maximizar a segurança do paciente.
11 ATUALIDADE Plast 2023 recebe 38 mil visitantes profissionais Realizada de 5 a 8 de setembro de 2023 na Fiera di Milano (Rho, Itália), a feira Plast 2023 reforçou a sua posição no panorama de feiras de plásticos internacionais. Com uma área expositiva de 50 mil m2, o certame recebeu cerca de 38 mil visitantes, 26% dos quais provenientes de 109 países dos cinco continentes (63,89% da Europa, 20,22% da Ásia, 7,58% de África, 7,56% das Américas e 0,75% da Oceânia). A Plast 2023 contou com a presença de 1.323 expositores, 47% dos quais estrangeiros, um número que confirma mais uma vez o carácter internacional do evento. Os expositores distribuíram- -se pelos salões Rubber (indústria da borracha), 3D Plast (impressão 3D e afins), PlastMat (materiais inovadores) e apresentaram uma vasta gama de soluções tecnológicas de vanguarda sobre temas-chave da produção industrial, como a digitalização e a sustentabilidade. Importante também foi a presença internacional de cerca de 300 compradores, coordenados pela ICE - Agência para a Promoção Externa e Internacionalização das Empresas Italianas. Um resultado satisfatório para organizadores e expositores, que mostrou que a Plast é um evento consolidado. "Estamos muito satisfeitos pela forma como decorreu a feira", afirmou Mario Maggiani, diretor-geral da Promaplast, organizadora do evento. "Sabemos que o início de setembro é uma altura difícil para uma exposição, mas a alteração do calendário de exposições após a covid-19 não nos deixou margem de manobra. No entanto, isso não nos impediu de organizar mais um evento de sucesso. Se olharmos para o número de visitantes, o resultado é excelente, mesmo tendo em conta que a Plast não coincidiu com a The Innovation Alliance. Além disso, a repartição entre visitantes italianos e estrangeiros, cerca de 70 por cento e 30 por cento, respetivamente, indica que, no conjunto, obtivemos um bom resultado num contexto de feira internacional cada vez mais complexo". Quer aumentar as suas margens na reciclagem de plástico? Com o AUTOSORT® – o sistema de classificação multifuncional mais poderoso do mundo, poderá obter mais níveis de rendimento e uma pureza excepcional numa variedade de polímeros e cores. Compacto e flexível em design, complementa as plantas novas e existentes. Plástico de alto valor. Não importa a sua origem. Veja como funciona
12 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER BASF compara impacto ambiental de diferentes materiais na produção de embalagens de mozzarella A BASF publicou, em agosto, um estudo de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV ou LCA, na sigla em inglês) que analisa o impacto ambiental de diferentes matérias-primas na produção de embalagens para queijo mozzarella. Estas matérias-primas são atribuídas aos plásticos através de uma abordagem certificada de balanço de massa. O estudo compara uma embalagem flexível multicamada feita de matéria-prima alternativa com a mesma embalagem baseada em matérias- -primas fósseis. Além disso, foi examinada uma embalagem rígida de mozzarella também à base de matéria-prima fóssil. O estudo foi revisto por um painel de três peritos independentes. "Este exercício ajuda-nos a compreender melhor os impactos ambientais tanto do formato da embalagem como da fonte de matéria-prima em todo o ciclo de vida de uma embalagem de mozzarella", afirmou Paul Neumann, New Business Development & Sustainability Polyamides Europe, BASF. O formato da embalagem desempenha um papel importante no que respeita ao seu desempenho ambiental: o tabuleiro de polipropileno monomaterial, combinado com um filme multicamada apresenta o maior impacto ambiental potencial em quase todas as categorias, em comparação com a embalagem flexível multicamada. Este facto ilustra os possíveis efeitos benéficos das embalagens flexíveis ao utilizarem significativamente menos matéria- -prima, produzindo assim menos resíduos de embalagem. "Com os nossos parceiros Südpack e Sphera, examinámos adicionalmente a utilização de diferentes matérias-primas sustentáveis nas embalagens flexíveis multicamada de mozzarella, quer se trate das poliamidas sustentáveis de massa equilibrada Ultramid Ccycled da BASF, produzidas através da utilização de matérias-primas quimicamente recicladas, ou Ultramid BMBcert, produzida através da utilização de matérias-primas renováveis, na mistura com polietileno", explicou Neumann. Os resultados demonstram que é possível obter impactos ambientais significativamente mais baixos, resultando principalmente numa redução das emissões de CO2, através da utilização de embalagens flexíveis multicamada com uma grande percentagem de matérias-primas quimicamente recicladas ou renováveis. Além disso, foram investigados vários cenários técnicos e metodológicos, como a utilização de eletricidade verde e a reciclagem química ou mecânica no fim de vida do produto. Este estudo está disponível no site: https://chemicals.basf.com/global/en/Monomers/polyamide_intermediates/ sustainable_polyamide_solutions/lca.html
14 SUSTENTABILIDADE Projeto Better Plastics dá origem a novos produtos sustentáveis em plástico Com um investimento de 6,3 milhões de euros, o projeto mobilizador Better Plastics, promovido pela Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP), desenvolveu, nos últimos três anos, mais de 19 materiais, 20 produtos e tecnologias inovadoras e sustentáveis que poderão agora ser colocadas no mercado. Os resultados do Better Plastics foram apresentados no dia 21 de junho, na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. A sessão que contou com a presença do presidente do Compete 2020, Nuno Mangas, que referiu: “É com entusiasmo que participamos neste projeto, que tem uma forte tipologia agregadora de vontades, instituições e conhecimento, ao serviço de uma indústria que se pretende ser cada vez mais competitiva, mas sustentável a nível económico, social e ambiental”. Num mundo que enfrenta desafios globais como o crescimento da população, a segurança alimentar e as alterações climáticas, torna-se necessário que as sociedades evoluam para soluções mais eficientes a fim de garantir um desenvolvimento sustentável e alavancar a transição de uma economia linear para uma economia circular, onde o plástico, atendendo às suas características únicas, será capaz de dar um grande contributo para esta transformação societal. O Better Plastics permitiu ainda contribuir para o aumento do conhecimento nesta temática e a sua aplicação por parte da indústria em produtos transacionáveis e de alto valor acrescentado, assim como a formação de recursos humanos altamente qualificados. Foram ainda efetuadas mais de 20 participações eventos maioritariamente Os resultados do Better Plastics foram apresentados no dia 21 de junho, na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa.
15 SUSTENTABILIDADE internacionais, dado o interesse pelo projeto, por ser único à data a nível europeu. NOVOS PRODUTOS CRIADOS NO ÂMBITO DO PROJETO Assim, ao nível da Circularidade pelo Design de Material, foram desenvolvidas novas soluções para embalagens alimentares que incorporam reciclado e são recicláveis no seu fim de vida, nomeadamente embalagens para queijo e carne processada, assim como novos materiais biocompostáveis, alinhados com os ciclos de compostagem industrial existentes em Portugal, de 60 dias, contrariamente às centrais europeias que operam em 180 dias. Foram também desenvolvidos sacos muito leves para embalar frutas e legumes, com possibilidade de serem reutilizados para o acondicionamento de biorresíduos domésticos. Por se tratar de uma solução que responde a uma necessidade do consumidor, o consórcio espera colocar este produto no mercado até ao final do ano. Na vertente da Circularidade pelo Design de Produto, foram criadas embalagens de uso alimentar, para o setor das bebidas e dos produtos lácteos, com menores quantidades Embalagem alimentar que incorpora reciclado e é reciclável no fim de vida, desenvolvida no âmbito do PPS1 - Circularidade pelo Design de Material. TRABALHO DE PRIMEIRA CLASSE OPERA ELETRICAMENTE POUPA DINHEIRO E DÁ TUDO É RÁPIDO CONSOME POUCO CONSEGUE MUITO TEM ROTINA Sua entrada no mundo da moldagem por injeção elétrica: A GOLDEN ELECTRIC reune a qualidade imbatível da nossa GOLDEN EDITION, hidráulica, com a eficiência do acionamento elétrico. Para a alegria dos seus clientes e do seu controlador. www.arburg.pt 17 - 21.10.2023 Pavilhão A3, Stand 3101 Friedrichshafen, Alemanha
16 SUSTENTABILIDADE de material e com incorporação de material reciclado, com características de reutilização e elevada reciclabilidade, trata-se de uma garrafa de água com 50% de reciclado e reutilizável, assim como um copo de iogurte que pode ser reutilizado para outras aplicações no seu fim de vida. Foram também desenvolvidas embalagens para a indústria médico-farmacêutica e componentes para o setor rodoviário e automóvel, baseadas no eco-design e na incorporação de materiais reciclados e recicláveis no seu fim de vida. Na área da Circularidade pela Reciclagem, foram desenvolvidas novas tecnologias de pré-tratamento para a redução de contaminantes orgânicos, tintas e odores, permitindo aumentar a qualidade dos plásticos reciclados obtidos por via da reciclagem mecânica, assim como novas soluções de materiais provenientes da reciclagem mecânica e química. Por fim, ao nível da Circularidade pelas Matérias-primas Alternativas, foram desenvolvidos novos materiais biodegradáveis, baseados na valorização de resíduos alimentares e da biomassa, assim como a produção de fibra de carbono verde a partir de um precursor natural. CONCLUSÕES Para Amaro Reis, presidente da APIP, “a reputação associada ao setor dos plásticos nem sempre é positiva. O projeto Better Plastics pretende arranjar respostas, desenvolver materiais e tecnologias, de forma a dar uma nova vida aos produtos e voltar a incluí-los na cadeia de valor”. O coordenador científico do projeto, Bruno Pereira da Silva, realçou “o papel da indústria, que sempre encarou o ‘estigma’ associado ao plástico por parte da sociedade, não como um problema mas sim como uma oportunidade de melhorar processos, e de desenvolver novos produtos mais sustentáveis, reutilizáveis e recicláveis, contribuindo desde logo para que se no fim de vida os plásticos forem reencaminhados pela sociedade para os locais corretos, estes deixem de ser um resíduo e passem a ser uma matéria prima para a produção de novos produtos, numa clara abordagem à economia circular e à simbiose industrial”. O planeta Terra tem recursos finitos, pelo que a adoção de um modelo económico que promova a circularidade de recursos e a simbiose industrial será fundamental para vivermos de forma sustentável e sustentada. O projeto Better Plastics com os resultados obtidos pretende dar a sua contribuição para garantir que a casa comum onde vivemos seja também a casa das futuras gerações. n Embalagem eco-desenhada, desenvolvida no âmbito da PPS2 - Circularidade pelo Design de Produto. Amaro Reis, presidente da APIP, durante a sessão de encerramento do evento.
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18 SUSTENTABILIDADE S4Plast lança as bases para o fabrico inteligente de peças plásticas mais sustentáveis Foram apresentados no dia 28 de junho, nas instalações do Centimfe na Marinha Grande, os resultados do projeto mobilizador S4Plast, criado para aumentar a competitividade do cluster Engineering & Tooling, gerando simultaneamente benefícios para a sociedade e o ambiente. Do projeto resultaram dois guias de desenvolvimento e conceção de produto, novos materiais compostos sustentáveis e um sistema de injeção, controlo de qualidade e montagem de peças totalmente digitalizado, entre outras inovações. Luísa Santos Na sessão de abertura da apresentação de resultados, António Baptista, do Centimfe, lembrou a pressão a que as empresas do cluster Engineering & Tooling estão sujeitas para produzir produtos diferenciados; recicláveis e com incorporação de reciclado; mais leves, mas, simultaneamente, com elevada resistência mecânica; e com baixa diversidade de materiais (se possível, monomaterial). “Hoje, os produtos colocados no mercado têm de ser, obrigatoriamente, sustentáveis e essa sustentabilidade tem de estar presente em todas as fases do ciclo de vida do produto”, referiu. Para dar resposta a estes desafios, o consórcio do projeto S4Plast - Sustainable Plastics Advanced Solutions - liderado pela Iber-Oleff e constituído por 16 empresas e ENESII -, desenvolveu, ao longo de três anos, investigação e atividades assentes em quatro grandes áreas: Estiveram presentes na sessão os investigadores envolvidos no projeto.
19 SUSTENTABILIDADE Design para a circularidade, sustentabilidade e valorização (PPS1). Foram publicados dois guias que pretendem ajudar a empresas nos seus processos de ecodesign, tendo em conta todo o ciclo de vida do produto, incluindo o seu desmantelamento, reutilização ou reciclagem final. Novos materiais poliméricos avançados e multifuncionais (PPS2). Foi testada e identificada uma formulação de material composto com integração de grandes percentagens de composto reciclado, que, após processamento, revelou as mesmas características, ou características aproximadas, do material original. Foram ainda efetuados ensaios promissores com novas composições de materiais para substituir a cromagem de peças pela integração de pós metálicos no material polimérico. Processos avançados de fabrico (PPS3). Foi desenvolvida uma nova tecnologia para produzir peças monomaterial, com aparência similar às multimaterial, conseguida graças ao recurso a tecnologias avançadas de controlo da temperatura nas diferentes zonas do molde. Desta forma, foi possível criar zonas opacas e translúcidas na mesma peça. Foi ainda estudado o comportamento de material reciclado no que respeita à sua viscosidade durante o processo de injeção graças à integração de sensores em elementos como o bico de injeção e zonas moldantes. Finalmente, foram desenvolvidos processos avançados para injeção de polímeros com pigmentos metálicos sem defeitos e a custo de produção controlado ou equiparado à produção em massa. Integração inteligente de processos e produtos (PPS4). Foi criada uma célula de produção integrada que abrange o processo de injeção, o controlo de qualidade e a montagem de peças através do processo de soldadura a laser por transmissão. Tudo isto com o apoio de ferramentas como o Digital Twin (gémeo digital) que, graças aos sensores instalados em pontos cruciais do processo e à recolha de dados em tempo real, consegue simular e prever a evolução do processo, incluindo eventuais falhas, que podem assim ser evitadas. O PAPEL DECISIVO DO ECODESIGN O consórcio inovou na área do design para a circularidade, sustentabilidade e valorização. O trabalho realizado deu origem ao guia com o mesmo nome, que pretende ajudar as empresas nos seus processos de ecodesign. Referindo-se às aplicações destinadas à indústria automóvel e da mobilidade em geral, António Pontes, investigador Assistiram ao evento 96 profissionais do setor. No âmbito do projeto, foram desenvolvidos processos avançados de injeção de polímeros com pigmentos metálicos sem defeitos e a custo de produção controlado ou equiparado à produção em massa. “As questões ambientais devem ser resolvidas com recurso à tecnologia”, defende António Pontes
20 SUSTENTABILIDADE da Universidade do Minho, frisou que existe uma procura crescente por parte dos OEM por produtos com características diferenciadoras e multifunções. “Esta indústria está cada vez mais desmaterializada, com cada vez menos botões e mais comandos dados por gestos ou voz, e isso implica mudanças significativas no design das peças”, referiu. Na opinião do académico, a resposta a estes desafios passa pelo design otimizado das peças, facilitado por novas tecnologias como a fabricação aditiva, que permite fazer canais conformados, importantes para a eficaz refrigeração do molde na produção de peças mais leves e com formatos complexos, ou como os softwares de análise de ciclo de vida (LCA, na sigla em inglês), que permitem aferir a sustentabilidade ambiental global do produto e selecionar o material mais adequado para determinada aplicação. António Pontes acrescentou que, além de dever ser usado para garantir a reutilização ou reciclagem do produto no fim de vida, o design também serve para otimizar o uso de matéria-prima, a usabilidade do produto e o seu transporte. Deu como exemplo o icónico regador do Ikea, mais eficiente em todos estes aspetos quando comparado com o regador tradicional. MATERIAIS MAIS SUSTENTÁVEIS Os requisitos impostos para a produção destes novos produtos implicam a utilização de materiais com características específicas, tipicamente, de leveza, condutividade, resistência, ergonomia, além da capacidade de integrar sensores, por exemplo. Mas, simultaneamente, estes materiais devem ser tão sustentáveis quanto possível. E, quando se trata de um produto que tem de ser leve e resistente ao mesmo tempo, dificilmente encontramos uma solução que não seja um composto com incorporação de fibra de vidro, até aqui, de difícil reciclagem. António Alves, da Cabopol, descreveu o trabalho da empresa neste projeto, que passou pelo desenvolvimento de compostos com incorporação de reciclado, o que, ao diminuir a quantidade de material fóssil necessário, diminui também a pegada de carbono do material e do produto final. O desenvolvimento de compostos sustentáveis era um dos propósitos do projeto S4Plast. Os fabricantes de peças plásticas participantes no projeto e presentes no evento (Oli - Sistemas Sanitários, Iber-Oleff e Erofio Atlântico) foram unânimes em considerar que o trabalho desenvolvido teve resultados muito positivos e constitui um passo importante para sustentabilidade ambiental, económica e social.
21 SUSTENTABILIDADE Foram levados a cabo dois casos de estudo para avaliar o comportamento de diferentes formulações ao longo de diversos ciclos. No primeiro caso, foram realizados processos sucessivos de injeção de peças de POM, seguida de moagem, e regeneração em processo de extrusão. Após três ciclos, verificou-se que o valor da MFI não sofreu variação significativa. O segundo caso teve como base de trabalho um composto (PA+GF) reciclado ao qual foram adicionadas diferentes percentagens e composições de material virgem. “Verificou-se que, na formulação composta por 80% de material reciclado e 20% de poliamida com fibra de vidro virgens, o material manteve as mesmas características do composto original, sem reciclado”, explicou António Alves. Estes resultados abrem a porta à possibilidade de reaproveitamento de muito do material que já existe no mercado, incorporando apenas uma pequena percentagem de material virgem. CONCLUSÕES No final da sessão de apresentação de resultados, os fabricantes de peças plásticas participantes no projeto e presentes no evento (Iber-Oleff, Erofio Atlântico e Oli - Sistemas Sanitários) foram unânimes em considerar que o trabalho desenvolvido teve resultados muito positivos e constitui um passo importante para a sustentabilidade ambiental, económica e social. No entanto, assinalaram a necessidade de dar continuidade ao mesmo, de forma a aprofundar os conhecimentos obtidos até aqui. Promotora líder do projeto, a IberOleff tinha como objetivos encontrar uma alternativa à cromagem de peças de interior para automóvel, integrar materiais sustentáveis na produção e otimizar a injeção de peças de forma a facilitar a sua montagem pelo processo de soldadura a laser. Mihail Fontul, R&D Manager da empresa, considerou que ainda há trabalho a fazer no que respeita à alternativa à cromagem, já que nem o sistema PVD, nem os testes realizados no âmbito do S4Plast, com a integração de pós metálicos na matéria-prima, se revelaram 100% satisfatórios. No entanto, quer a integração de material reciclado na produção quer a célula de injeção com sensorização e gémeo digital já se revelaram “uma grande ajuda no dia a dia da empresa”. No que se refere ao objetivo de incorporação de reciclado em novas peças, Andreia Costa, responsável pelo Departamento de Inovação da Oli, lembrou que “muito provavelmente, daqui a 10 anos, as empresas que lançam no mercado peças técnicas - como são as que compõem o interior de um autoclismo, que atualmente vão para aterro -, vão ser obrigadas a recolher e reciclar os seus produtos. Por isso, quanto mais cedo começarmos a ter isso em conta logo na fase de design do produto, melhor. É importante percebermos como é que as peças que produzimos se comportam no fim de vida e ao longo dos vários ciclos de reciclagem. E isso tem de começar a ser estudado agora, e não quando formos obrigados a fazê-lo". Numa nota bastante positiva, a responsável realçou o conhecimento científico gerado ao longo do projeto e o impacto que o mesmo terá no trabalho futuro das empresas envolvidas e do cluster, em geral. Por seu lado, Pedro Lourenço, da Erofio Atlântico, destacou o envolvimento da empresa no PPS3, referente aos processos avançados de fabrico, e os bons resultados obtidos na produção de peças monomaterial, com zonas opacas e translúcidas, obtidos através do controlo de processos. "Ainda não estamos em fase de colocar o produto no mercado, mas estamos no bom caminho", garantiu. João Faustino, presidente da Cefamol, encerrou a conferência com uma palavra de apreço pelo trabalho desenvolvido por todo o consórcio. "Os novos desenvolvimentos do projeto irão contribuir para ampliar a cadeia de valor de produtos moldados e para a diferenciação competitiva no mercado global, para dinamizar o envolvimento dos associados e parceiros do cluster, para a promoção da marca Engineering & Tooling from Portugal e para a notoriedade das empresas portuguesas, o que terá impacto no posicionamento face à concorrência e na consolidação de uma posição de liderança internacional", concluiu o responsável. n CONSÓRCIO Participaram no projeto S4Plast 16 empresas e ENESII, nomeadamente, a Associação Pool-net, enquanto representante do cluster Engineering & Tooling, as entidades do sistema científico Centimfe, Politécnico de Leiria, Instituto Superior Técnico, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra e Universidade do Minho; os fabricantes de peças plásticas por injeção Iber-Oleff (promotor líder do projeto), Erofio Atlântico, Neutroplast e Oli - Sistemas Sanitários; os fabricantes de moldes Edilásio, 3D-Tech e ITJ; a empresa especialista em design e desenvolvimento de produto WeADD; e o fabricante de compostos termoplásticos e reticuláveis Cabopol.
SUSTENTABILIDADE 22 PLÁSTICO E SUSTENTABILIDADE: NOVOS CAMINHOS PARA UMA INDÚSTRIA MAIS CIRCULAR Em 1987, o termo ‘Desenvolvimento Sustentável’ foi definido como “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades” [1]. Contudo, a humanidade consome, anualmente, mais recursos naturais do que aqueles que o Planeta Terra consegue regenerar no mesmo período de tempo [2]. Ana Carolina Soares, Bruna Machado, Luís Silva, Natália Ladeira, Samara Costa e Bruno Silva Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP)* * PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros, Universidade do Minho, Campus de Azurém, Ed.15, 4800-058 Guimarães
SUSTENTABILIDADE 23 Este impacte é monitorizado através do Earth Overshoot Day que representa o dia em que a humanidade esgota os recursos e passa a viver em défice ecológico até ao final do ano. Em 2022, este dia foi atingido a 1 de agosto e tem vindo a distanciar-se cada vez mais do final do ano, tendo sido Portugal o 6º país que mais recursos consumiu, como se verifica pela Figura 1 e 2, respetivamente [2]. Com o aumento dos níveis de poluição, das alterações climáticas, das emissões de gases com efeito de estufa, da taxa de pobreza, entre outros fatores de interesse económico, social e ambiental, todos os Estados Membros das Nações adotaram os objetivos presentes na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável [3] [4]. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), reconhecem que a erradicação da pobreza e de outras privações, devem estar de mãos dadas com estratégias que promovam a saúde e a educação, reduzam as desigualdades e estimulem o crescimento económico, paralelamente ao combate às alterações climáticas e à preservação dos oceanos e florestas, interligando assim os três grandes pilares da sustentabilidade: Económico, Social e Ambiental [4]. Cada ODS conta com várias metas que cada Estado Membro deve cumprir, ou pelo menos, trabalhar para as atingir [4]. No entanto, embora alguns domínios tenham registado progressos, continua a haver uma grande quantidade de objetivos que estão a evoluir muito lentamente ou, até mesmo, a regredir. Mais de 30% dos 140 objetivos que podem ser avaliados não apresentam qualquer progresso ou, ainda pior, uma regressão em relação ao ano-base de 2015, como se verifica na Figura 4 [5]. De entre todos os ODS aquele que mais se destaca de forma positiva é o G12 – Produção e Consumo Sustentáveis, visto que cerca de 35% das metas já foram cumpridas e mais de 25% apresentam uma perspetiva otimista de realização [5]. Neste contexto, é de salientar o esforço por parte de 62 paíFigura 2 – Número de planetas que seriam necessários se a população mundial vivesse como nos países indicados. Figura 1 – Earth Overshoot Day ao longo dos últimos anos.
SUSTENTABILIDADE interligando assim os 3 grandes pilares da sustentabilidade: Económico, Social e Ambiental [4]. Cada ODS conta com várias metas que cada Estado Membro deve cumprir, ou pelo menos, trabalhar para as atingir [4]. No entanto, embora alguns domínios tenham registado progressos, continua a haver uma grande quantidade de objetivos que estão a evoluir muito lentamente ou, até mesmo, a regredir. Mais de 30% dos 140 objetivos que podem ser avaliados não apresentam qualquer progresso ou, ainda pior, uma regressão em relação ao ano-base de 2015, como se verifica na Figura 4 [5]. De entre todos os ODS aquele que mais se destaca de forma positiva é o G12 – Produção e Consumo Sustentáveis, visto que cerca de 35% das metas já foram cumpridas e mais de 25% apresentam uma perspetiva otimista de realização [5]. Neste contexto, é de salientar o esforço por parte de 62 países e da União Europeia (EU) para a implementação de 485 políticas que apoiam a transição para o consumo e a produção sustentáveis, além do Plano de Implementação para um novo Pacto Climático Global, o Quadro Global da Biodiversidade e a resolução 5/14 da Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, sobre o fim da poluição por plásticos [5]. Figura 3 – Os 17 ODS definidos na Agenda 2030. Figura 4 – Progresso dos 17 ODS com base nas metas avaliadas. 24 ses e da União Europeia (EU) para a implementação de 485 políticas que apoiam a transição para o consumo e a produção sustentáveis, além do Plano de Implementação para um novo Pacto Climático Global, o Quadro Global da Biodiversidade e a resolução 5/14 da Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, sobre o fim da poluição por plásticos [5]. Outro fator positivo neste contexto é o número de relatórios de sustentabilidade que triplicou, desde 2016, o que demonstra o interesse das empresas em divulgar os seus progressos no âmbito do desenvolvimento sustentável, através do compromisso com os ODS [5, 6]. A perspetiva futura é ainda mais otimista tendo em vista a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) 2022/2464, em desenvolvimento pela EU, “que exige que as grandes empresas e as sociedades cotadas publiquem relatórios regulares sobre os riscos sociais e ambientais que enfrentam e sobre o impacto das suas atividades nas pessoas e no ambiente”, que será obrigatório a partir de 2025 [7]. O modelo económico tradicional de take-make-use-dispose apresenta graves impactes no ambiente, uma vez que se centra preferencialmente na produção, não tendo em consideração a importância de uma boa gestão de recursos, bem como a necessidade de gerir a produção de resíduos e de gases com efeito de estufa, sendo, por isso, incapaz de apoiar o desenvolvimento sustentável [8]. Em contraste, a Economia Circular (EC) é um modelo produtivo que envolve a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes durante o maior tempo possível, alargando o ciclo de vida dos mesmos [9] e representa um conjunto de ações promissoras e dessa forma, tem recebido especial atenção nos últimos anos. Na EC os resíduos são considerados um recurso que pode ser utilizado para outros ciclos de produção, o que permite uma visão holística da economia, cria resiliência e desenvolvimento sustentável [8]. SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS A indústria do plástico representa uma parcela significativa da economia global, ultrapassando os 300 milhões de toneladas com aplicações em embalagens, sendo utilizado em diversos setores, como o automóvel, aeronáutica, desporto, construção, saúde e dispositivos médicos [10]. O fabrico de plásticos requer quantidades significativas de recursos naturais e energéticos, sendo que cerca de 4% da produção anual de petróleo é diretamente convertida em plásticos [10, 11]. Para além disso, a crescente procura e o descarte inadequado têm-se traduzido num aumento de diversos impactes ambientais negativos como, por exemplo: poluição hídrica e alterações climáticas [10]. Nos últimos anos, a poluição dos plásticos nos oceanos tem sido um tema central, com um aumento do número de estudos e relatórios. Prevê-se que sem uma ação considerável que combata a poluição dos plásticos, o fluxo anual de plásticos para o oceano triplique até 2040, para, aproximadamente, 29 milhões de toneladas por ano [12]. Em média, cada europeu produz aproximadamente 180 kg de resíduos de Figura 3 – Os 17 ODS definidos na Agenda 2030. Figura 4 – Progresso dos 17 ODS com base nas metas avaliadas.
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