www.interplast.pt 2024/3 22 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Julho, Agosto, Setembro 2024 - Nº 22 | www.interplast.pt
PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt
FAKUMA SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_interplast@interempresas.net www.interplast.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Nº 22 – Julho, Agosto, Setembro 2024 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 OBRIGADA, PLÁSTICOS 12 Entrevista com Teresa Neves, cofundadora da Simulflow 16 Roboshot Week 2024 aborda o potencial da IA para revolucionar o processo de injeção de plásticos 21 NEO: o novo robô desenvolvido pela Inautom Robótica para o mercado português 48 Tendências no mercado da impressão 3D: o que esperar para os próximos anos? 50 Poderá a fabricação aditiva alterar a forma como conceptualizamos moldes e peças plásticas? 52 Triagem avançada: decisiva para aumentar a circularidade dos plásticos 56 Prémios Europeus de Reciclagem de Plásticos 2024: conheça os vencedores 58 Inovação afiada para o futuro 62 De poliuretano de origem fóssil para poliuretano de origem natural 64 Fakuma 2024: Inovação e sustentabilidade moldam o futuro da transformação de plásticos 26 Os plásticos são e serão cruciais para a transformação da indústria automóvel 38 O contributo dos polímeros e compósitos para uma mobilidade mais sustentável (1ª parte) 44
4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE Gala do ‘Plastics Hall of Fame’ realiza-se pela primeira vez fora dos EUA A próxima edição do ‘Plastics Hall of Fame’ terá lugar na K 2025, em Düsseldorf. A iniciativa homenageia os feitos extraordinários de profissionais da indústria dos plásticos mundial. As nomeações decorrem até ao final de fevereiro de 2025. Pela primeira vez, a cerimónia de posse do ‘Plastics Hall of Fame Class of 2025’ terá lugar fora dos EUA, em Düsseldorf. O evento irá decorrer a 7 de outubro de 2025, na véspera da K, principal feira mundial de plásticos e borracha. A nomeação para o ‘Plastics Hall of Fame’ é um reconhecimento de personalidades vivas e falecidas que contribuíram de forma significativa para influenciar e impulsionar a indústria dos plásticos. O ‘Plastics Hall of Fame’ foi criado em 1972 pela revista Modern Plastics, em colaboração com a Society of the Plastics Industry (SPI) e, numa primeira fase, reconhecia apenas personalidades americanas. Em 2004, o âmbito do evento alargou-se a personalidades de todo o mundo, reconhecendo assim a importância global da indústria dos plásticos. Conta atualmente com 235 membros de dez países. As nomeações para o ‘Plastics Hall of Fame Class of 2025’ decorrem até ao final de fevereiro de 2025. O formulário de nomeação está em: https://plasticshof.org/membership/ nominations/ Selenis e Carbios anunciam parceria estratégica para produzir PETG O acordo entre as duas empresas pressupõe a utilização de materiais bio reciclados da Carbios e tem como especial foco nos mercados da embalagem cosmética, médica e farmacêutica. Vista aérea da fábrica da Selenis em Portalegre. A portuguesa Selenis, fornecedora de soluções de poliéster de alta qualidade, e a francesa Carbios, especialista no desenvolvimento e industrialização de tecnologias biológicas para reinventar o ciclo de vida dos plásticos e têxteis, assinaram uma Carta de Intenções (LOI), com o objetivo de cooperar na produção de PETG. Com a tecnologia única de despolimerização enzimática da Carbios e a experiência da Selenis em polimerização, as duas empresas pretendem desenvolver um PETG premium e sustentável, produzido a partir de resíduos de PET, para os mercados da embalagem cosmética e farmacêutica, tanto na Europa como nos EUA. Esta parceria resulta de uma colaboração de dois anos entre ambas e representa um avanço significativo na reciclagem de plásticos. Graças à sua excecional clareza, durabilidade e resistência mecânica e química, o PETG é especialmente indicado para a produção de embalagens para cosmética e para a área da saúde. A solução de despolimerização enzimática da Carbios decompõe todos os tipos de resíduos de PET em monómeros de PTA e MEG, que são depois transformados em PETG através dos processos avançados de polimerização da Selenis. Graças à pureza destes monómeros, o PETG proveniente da bio reciclagem apresenta exatamente as mesmas propriedades que o PETG virgem, permitindo que os produtos embalados sejam protegidos e apresentados de forma atrativa.
5 Vynova lança um programa de I&D em tecnologias de reciclagem de PVC A Vynova lançou um programa de investigação e desenvolvimento para alavancar a reciclagem de PVC e ajudar a cadeia de valor deste material a atingir a circularidade. Os esforços de inovação da empresa belga centram-se em tecnologias para remover metais pesados do PVC rígido pós-consumo dissolvido, proveniente de perfis de janelas ou tubos usados. O PVC é utilizado em inúmeras aplicações duradouras e pode ser repetidamente reciclado por meios mecânicos sem perder as suas principais propriedades. Nos últimos 20 anos, a cadeia de valor do vinil na Europa implementou com sucesso processos de reciclagem mecânica em grande escala, com mais de 700 mil toneladas de PVC recicladas todos os anos. No entanto, devido ao longo tempo de vida útil de aplicações como janelas ou tubos, os resíduos de PVC contêm frequentemente aditivos que foram utilizados há décadas e que a indústria europeia do vinil tem vindo a eliminar de forma proativa. Para garantir a total conformidade com as restrições atuais e futuras relacionadas com estes aditivos, são necessárias soluções inovadoras. Para atingir este objetivo, a Vynova lançou um programa de I&D que inclui esforços de investigação internos e colaborações com instituições académicas. Uma destas colaborações centra-se na remoção de metais pesados, como o chumbo e o cádmio, de produtos de PVC rígido no final da sua vida útil através de uma combinação de tecnologias de dissolução e filtração por membrana. Se os atuais esforços de investigação forem bem-sucedidos na oferta de opções de reciclagem viáveis para a indústria europeia do PVC, a Vynova avançará para a industrialização destas tecnologias até 2030. EDITORIAL Sem os plásticos, a mobilidade humana não seria o que é hoje. No setor automóvel, foi graças a estes materiais que os fabricantes conseguiram ultrapassar as crises do petróleo na década de 1970. Leves, resistentes, duráveis e facilmente moldáveis, substituíram gradualmente os metais, diminuindo o peso global dos veículos e tornando-os, consequentemente, mais económicos. Daí à total democratização deste meio de transporte foi um pequeno passo. Agora, perante a necessidade urgente de diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, os plásticos são novamente chamados a jogo. E, desta vez, com um triplo desafio: aumentar ainda mais a leveza das peças (essencial para aumentar a eficiência dos elétricos); permitir a incorporação de quantidades crescentes de reciclado; e garantir a reciclagem das peças no fim de vida. A complexidade do tema tem motivado um intenso debate entre toda a cadeia de valor e dado origem a inúmeros projetos de I&D que começam a dar frutos. Graças ao trabalho conjunto entre os produtores de matéria-prima, os fabricantes das peças e os centros de investigação, são cada vez mais as marcas que conseguem cumprir, pelos menos, dois destes critérios. O assunto foi amplamente abordado na última edição do CEP Auto, evento organizado anualmente pelo Centro Espanhol de Plásticos, cuja reportagem pode ler na página 38 desta edição. Naturalmente, este é um tema que os fabricantes de equipamentos utilizados na transformação de plásticos acompanham com a máxima atenção, muitas vezes antecipando tendências futuras. Na Fakuma deste ano, a maioria das marcas aposta, precisamente, na apresentação de tecnologia desenvolvida para aumentar a sustentabilidade e eficiência do processo. Na página 26 encontra um pequeno resumo do que vai poder ver, de 15 a 19 de outubro, em Friedrichshafen, Alemanha. Neste número, abordamos também o tema da impressão 3D, cada vez mais utilizada nos mais variados campos de aplicação, e mostramos-lhe alguns bons exemplos de economia circular, reconhecidos pelo júri dos Prémios Europeus de Reciclagem de Plásticos 2024. Uma nota final para a entrevista a Teresa Neves, responsável por trazer o Moldex3D para Portugal e cuja empresa, Simulflow, celebra este ano duas décadas de atividade. Uma história marcada pela consistência e pelo brio profissional, para ler na página 16. Este número da InterPlast vai ser distribuído na feira Expometal, que irá decorrer de 7 a 9 de novembro na Exposalão, Batalha. Se só teve acesso à versão digital, visite-nos e leve um exemplar gratuito em papel. Até lá! Os plásticos e os novos desafios da mobilidade
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Codil investe em reciclagem interna e reforça compromisso com a economia circular A Codil inaugurou recentemente uma unidade de reciclagem interna, com um investimento de cerca de 500 mil euros, no âmbito do programa Portugal 2030. Esta nova instalação visa reduzir o impacto ambiental associado à produção de plásticos, ao reaproveitar resíduos industriais, e insere-se na estratégia da empresa de implementar práticas de Desperdício Zero. Segundo Filipa Pinho, membro da administração da Codil, a adoção de tecnologias de reciclagem reflete o compromisso da empresa com a sustentabilidade. "Queremos continuar a oferecer produtos de alta qualidade, minimizando o impacto ambiental", afirmou. A Codil está também a avançar com o processo de certificação RecyClass e a alterar o licenciamento para incluir a reciclagem de resíduos plásticos dos seus clientes. Com esta nova abordagem, pretende oferecer um serviço completo de economia circular, colaborando diretamente com os clientes para encontrar soluções sustentáveis. Além da vertente produtiva, a nova unidade possui um propósito educativo, estando preparada para receber visitas de escolas e universidades. O objetivo é sensibilizar as gerações mais jovens para a importância da reciclagem e da responsabilidade ambiental, proporcionando uma experiência prática sobre o processo de reciclagem e os desafios da gestão de plásticos. Empresas de plásticos e moldes pagam propinas a alunos de Polímeros da Universidade do Minho Vinte empresas do setor dos plásticos e moldes estabeleceram um protocolo com a Universidade do Minho com o objetivo de atrair mais estudantes para esta área estratégica. Os alunos da licenciatura em Engenharia de Polímeros do ano letivo que se iniciou em setembro terão, assim, as propinas financiadas nos dois primeiros anos do curso, desde que mantenham uma média mínima de 13 valores em todas as disciplinas. Esta iniciativa tem como objetivo revitalizar o interesse pela área dos plásticos e moldes, setor historicamente relevante no país, mas que tem enfrentado dificuldades em atrair novos talentos. Além do apoio financeiro, os alunos beneficiados terão a oportunidade de contar com tutoria empresarial e estágios remunerados durante o verão, proporcionando uma ligação direta e prática ao mercado de trabalho. João Miguel Nóbrega, diretor do departamento de Engenharia de Polímeros da universidade, enfatiza os benefícios mútuos desta colaboração: “a ideia surgiu das interações frequentes que temos com a indústria e da preocupação comum com a dificuldade de captar alunos para estas áreas, o que pode comprometer o futuro do setor em Portugal". O responsável acrescenta que o protocolo oferece uma oportunidade única para os jovens ingressarem numa carreira promissora e tecnicamente desafiadora: "É uma área que assegura emprego qualificado e grandes desafios, algo que precisamos destacar.” Este acordo é visto como uma ação crucial para fortalecer a motivação dos estudantes e garantir a continuidade de um setor essencial para a economia nacional.
Trabalhamos juntos para alcançar objetivos comuns! Desde 1986, somos referência no setor, representando marcas conceituadas no mundo dos equipamentos de Plásticos e Borracha.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER KraussMaffei publica o primeiro relatório de sustentabilidade A KraussMaffei divulgou o seu primeiro relatório de sustentabilidade, 'TrueBlue'. O documento, com 93 páginas, detalha as iniciativas da empresa nas áreas da economia, ambiente e responsabilidade social, e baseia-se em inquéritos realizados em todas as fábricas da multinacional. Chi Zhang, CEO da KraussMaffei, sublinhou que a empresa assume uma postura responsável em todas as áreas, garantindo transparência para os clientes e parceiros ao longo da cadeia de fornecimento. O relatório identifica 27 tópicos prioritários, entre os quais a neutralidade de carbono, que a empresa pretende atingir até 2030 nas suas operações e até 2035 para os seus produtos. Em 2023, a KraussMaffei investiu 75 milhões de euros em novas instalações, incluindo um dos maiores sistemas fotovoltaicos da Europa, com capacidade de 9,1 MWp. Este sistema permitiu gerar 46% da eletricidade necessária para as operações da sede, localizada em Parsdorf. Outras medidas incluem a implementação de tecnologias para reduzir as emissões de CO2 nos produtos fabricados pelos seus clientes. Um exemplo é o desenvolvimento de processos para incorporar reciclagem pós-consumo (PCR) na moldagem por injeção de espuma termoplástica, reduzindo o peso dos componentes em 12%. Foi também desenvolvida a Calculadora do Valor do Ciclo de Vida, uma ferramenta baseada em software com a qual os utilizadores podem determinar o potencial específico de poupança de CO2 de uma máquina individualmente para a sua respetiva aplicação e ao longo de todo o ciclo de vida. Illig inicia nova etapa com um novo nome: Illig Packaging Solutions GmbH A mudança de identidade acontece após a aquisição da empresa alemã, especializada em soluções de termoformagem e embalagem, por parte do fundo de investimento alemão Orlando Capital. Esta transação, concluída a 1 de agosto, resultou de um processo de reestruturação interna que teve início em abril deste ano. A partir da assinatura do acordo, a 17 de julho, todas as condições estabelecidas pelo plano de investimento foram cumpridas, resultando no nascimento da Illig Packaging Solutions GmbH, que substitui a antiga Illig Maschinenbau GmbH & Co. KG. Sob esta nova entidade, a Illig continuará a operar globalmente sob a sua marca e manterá a sua carteira de produtos e serviços no setor da termoformagem e da embalagem. As instalações de produção continuarão a funcionar tanto na sede em Heilbronn como na fábrica em Sibiu, na Roménia. Além disso, a empresa continua empenhada no desenvolvimento de soluções de embalagem sustentáveis em cooperação com os seus clientes, procurando embalagens recicláveis e eficientes em termos de recursos, com especial incidência no plástico e no cartão. Em Portugal, a Illig é representada pela Folhadela Rebelo.
Alberto CORREIA Sales & Marketing / Regional Manager Portugal / España / França Tel: (+351) 934906895 acorreia@dukane.com • www.dukane.com Centro de testes em Portugal Wondermac - Innovative Solutions, Lda. Rua Nova da Nespreira, Pav. 11 • 4770-287 Lagoa VNF Tel: (+351) 252181344 • Tm: (+351) 915279601 [Tiago Ferraz] info@wondermac.pt • www.wondermac.pt SOLUÇÕES DE SOLDADURA PARA A INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS EM PORTUGAL MÁQUINA DE SOLDADURA POR VIBRAÇÃO PRENSA DE ULTRASSONS PNEUMÁTICA - P220 PRENSAS DE ULTRASSONS SERVO INFINITY X1 INFINITY X3 MÁQUINA DE ROTAÇÃO COM SERVOMOTOR
10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Pluma Nexi da AmtrolAlfa vence German Innovation Award 2024 A garrafa de gás Pluma Nexi, fabricada em Portugal pela Amtrol-Alfa, recebeu o prémio de Gold Excellence em Business to Consumer Household Appliances, atribuído no âmbito dos German Innovation Awards 2024. Totalmente reciclável, a Pluma Nexi é a primeira garrafa de gás com um sistema IoT autónomo integrado (Nexi). Este permite aos utilizadores monitorizar continuamente o nível de gás da garrafa e encomendar automaticamente garrafas de reabastecimento através de uma aplicação com o mesmo nome (Nexi). Para as empresas de gás, o sistema torna a logística das garrafas muito mais eficiente e, consequentemente, reduz as emissões de CO2 decorrentes do transporte das mesmas. Além disso, o cilindro de plástico 100% reciclável que envolve o contentor de aço no interior é extremamente robusto e muito estável. Isto apesar do seu design de paredes finas, que torna a garrafa mais leve que os modelos tradicionais, o que também reduz as emissões de CO2 durante o transporte. De acordo com o júri do concurso, trata-se de “um produto bem pensado e contemporâneo que reflete a procura de progresso e qualidade na sua estética marcante até ao último pormenor”. A Amtrol-Alfa é atualmente a maior fabricante de garrafas de gás da Europa. 4º Fórum Internacional de Reciclagem marcado para novembro, em Wiesbaden Sob o tema ‘Networking towards a circular economy’, a cidade alemã de Wiesbaden acolhe, a 10 e 11 de novembro, o 4º Fórum Internacional de Reciclagem. O evento, organizado pela empresa Rigk, em colaboração com a Associação Europeia de Organizações de Reciclagem e Recuperação de Plásticos (EPRO), pretende oferecer aos participantes um intenso debate sobre o futuro da reciclagem de plásticos e informação detalhada sobre soluções inovadoras para uma economia circular sustentável. Os principais tópicos incluem a utilização de reciclado em novos produtos, design para a reciclagem, tecnologias e química de reciclagem inovadoras, bem como a recolha e reciclagem de plásticos agrícolas. Uma exposição paralela facilitará o contacto direto com as principais empresas do setor. Até à data, já confirmaram a sua presença os expositores Erema Group GmbH, Herbold Meckesheim GmbH e plastship GmbH. A Circular Technology atuará como media partner, cobrindo o programa do evento e relatando as contribuições dos oradores. O último fórum, realizado em 2019, contou com a presença de 150 participantes de 22 países.
11 ATUALIDADE Bruxelas acolhe conferência europeia sobre o futuro da reciclagem química A Chemical Recycling Europe realizará a sua próxima conferência a 27 de novembro de 2024, em Bruxelas, Bélgica. O evento pretende reunir líderes da indústria, decisores políticos, parceiros da cadeia de valor, investidores e outras partes interessadas para discutir os mais recentes desenvolvimentos e desafios no setor europeu da reciclagem química. A Chemical Recycling Europe representa o setor da reciclagem química, reconhecida como fundamental para alcançar os objetivos da economia circular da Europa. No entanto, para tal, a cadeia de valor deve colaborar com a sociedade e o poder político para definir as condições regulamentares, financeiras e sistémicas para as tecnologias de reciclagem. No âmbito da reunião anual da CRE, esta conferência abordará questões cruciais como de que forma pode a reciclagem química cumprir a sua promessa à sociedade, as contribuições de cada parte interessada e os próximos passos a dar. Serão debatidos temas como o panorama regulamentar; a avaliação do ciclo de vida (LCA); a gestão de resíduos; a obrigatoriedade de inclusão de reciclado em novos produtos na perspetiva dos proprietários das marcas; o estado da indústria. Para mais informações e registo, visite o site: www.chemicalrecyclingeurope.eu Você tem dúvidas sobre temas como eficiência energética, automação, digitalização, sustentabilidade, pessoal qualificado ou serviços e formação? Temos um mundo inteiro de respostas para si: “arburgSOLUTIONworld”. Os nossos especialistas esperam por si! Com muitas soluções. Especialmente para a sua empresa! www.arburg.pt 15 – 19.10.2024 Pavilhão A3, Stand 3101 Friedrichshafen, Alemanha
12 Os plásticos são o material do século XXI, mas também o material do futuro. Diminuem o peso dos produtos, preservam, protegem e facilitam o seu fabrico. São um aliado da sociedade e continuam a reinventar-se. Nesta secção pode ver novas e curiosas aplicações que só são possíveis graças ao plástico. OBRIGADA, PLÁSTICOS SPE premeia aplicação de reciclado em componente automóvel Um coletor de admissão de ar fabricado com poliamida 100% reciclada: esta aplicação desenvolvida pela RadiciGroup para a Marelli foi galardoada com um prémio da Society of Plastics Engineers (SPE), na categoria Power Trin Auto. Este reconhecimento destaca a inovação sustentável na indústria automóvel. O coletor de admissão de ar é uma aplicação de alta tecnologia típica da indústria automóvel, onde o nylon reforçado com fibra de vidro substituiu, ao longo dos anos, quase completamente os metais. A RadiciGroup fornece os polímeros PA6-FV e PA66-FV para vários motores de veículos em todo o mundo. Neste caso, porém, o desafio era utilizar um material de poliamida 100% reciclado mecanicamente, resultado de um cuidadoso processo de seleção, limpeza e controlo das matérias-primas para garantir uma consistência qualitativa muito elevada. De acordo com a Marelli, este componente cumpre requisitos de desempenho rigorosos, desde a alta pressão de rutura, pulsações de pressão e testes de vibração prolongados sujeitos a ciclos térmicos, choques térmicos, etc. No desenvolvimento da peça, foi dada especial atenção à análise NVH (Noise Vibration Harshness) para garantir, entre outras coisas, um desempenho acústico em linha com os outros materiais utilizados.
13 OBRIGADA, PLÁSTICOS Dispersão da luz e resistência aos raios UV A Stihl optou por utilizar o PMMA Alcom LDDC para a parte superior da sua nova geração de cortadores de relva robóticos iMOW EVO. Graças às excelentes propriedades de dispersão da luz e resistência aos raios UV, este material da empresa alemã Mocom cria uma superfície sem costuras para a cobertura transparente do aparelho, cuja matriz LED subjacente só aparece quando ativada, independentemente do ângulo de visão. Além disso, a estabilização aos raios UV e a excelente resistência ao impacto garantem uma longa vida útil à aplicação. A Stihl optou também pelo Altech ASA 1000/729 do portefólio Mocom para utilização nos painéis decorativos do robô, bem como na cobertura da estação de carregamento. Este copolímero aumenta a durabilidade de ambas as aplicações graças à sua estabilização UV e à sua elevada resistência às intempéries e a outras formas de impacto externo. Filme retrátil feito 100% a partir de PCR A Dow anunciou o lançamento de duas novas resinas Revoloop produzidas a partir de plástico reciclado pósconsumo, para contacto não-alimentar. De acordo com a empresa, um dos graus tem 100% de conteúdo reciclado pós-consumo (PCR) e o outro inclui até 85% de PCR. Ambos são especialmente adequados para a extrusão de filme retrátil. Para a produção destes novos materiais, a Dow contou com a colaboração do seu cliente de longa data, RKW, fabricante europeu de filme retrátil, especialista em extrusão e impressão. As novas resinas Revoloop foram concebidas para responder ao desafio da indústria de utilizar plástico reciclado a partir de resíduos domésticos em aplicações de elevada procura, como é o caso dos retráteis. 16382_anuncio_interplast_210x68.pdf 1 28/01/22 10:25
14 OBRIGADA, PLÁSTICOS Melhor proteção das turbinas eólicas graças aos plásticos A Ineos Styrolution e a Edge Solutions assinaram um acordo, a dez anos, para o fornecimento de Luran SC, um termoplástico ultrarresistente para a proteção do bordo de ataque (Leading Edge Protection, ou LEP, na sigla em inglês), das pás das turbinas eólicas. O Luran SC apresenta-se como um “escudo contra a erosão” que é não só ultrarresistente, mas também aerodinamicamente ideal para as pás das turbinas eólicas. Este material foi especificamente concebido para enfrentar os desafios da erosão que afetam os parques eólicos em terra e no mar. Agora, uma versão personalizada do mesmo vai ser utilizada pela empresa escocesa Edge Solutions no seu novo sistema patenteado Armour Edge, desenvolvido para reparar e proteger o bordo de ataque das pás das turbinas eólicas. O Luran SC é conhecido pela sua elevada resistência ao calor e ao impacto, bem como pela estabilidade à oxidação e manutenção das propriedades mecânicas no exterior. Estas caraterísticas tornam-no ideal para aplicações exigentes em interiores e exteriores, incluindo o setor automóvel. Polímeros mais sustentáveis para fabrico de bicicletas A Syensqo, especialista em materiais avançados e soluções químicas, estabeleceu uma parceria estratégica com o fabricante de bicicletas Trek Bicycle Corporation para integrar os seus materiais reciclados na nova bicicleta de estrada Madone Gen 8. A bicicleta, apresentada no Tour de France de 2024, integra pequenos componentes na área da caixa de direção fabricados com compostos inovadores de poliamida de alto desempenho (HPPA) reforçados com fibra de vidro, que apresentam um conteúdo reciclado significativamente elevado. Esta abordagem inovadora não só melhora o desempenho da bicicleta, como também reduz substancialmente a sua pegada de carbono (PCF). Ao incorporar estes materiais amigos do ambiente, a Trek Madone está a estabelecer uma nova referência de sustentabilidade no setor das duas rodas, demonstrando um compromisso para com o avanço das práticas ecológicas e a redução do impacto ambiental. As peças da nova bicicleta de estrada Madone Gen 8 da Trek Bicycle Corporation têm uma pegada de carbono mais baixa graças aos polímeros especiais avançados da Syensqo. Foto: Syensqo
15 Uma caixa-palete à prova de bactérias A higiene é a base de todos os processos técnicos e logísticos relacionados com a indústria farmacêutica e química, alimentar e cosmética. Com mais de 60 anos de experiência no processamento de plásticos, a Craemer desenvolveu uma caixa-palete em polietileno de qualidade alimentar que tem a particularidade de ter os patins soldados. Desta forma, eliminam-se ranhuras e espaços de difícil acesso onde facilmente se desenvolvem bactérias. Com dimensões industriais (1.200 x 1.000 x 790 mm) e um peso de cerca de 43,5 quilogramas, a HB3 tem capacidade para 620 litros e pode transportar uma carga empilhada de 5.000 quilogramas e uma carga útil de 900 quilogramas. Graças à soldadura quase invisível da parte superior e inferior, a caixa é extremamente rígida. Opcionalmente, a rigidez pode ser aumentada com três perfis metálicos de reforço adicionais. Por ser completamente soldada, nenhuma das superfícies da caixa-palete corre o risco de ser atacada por bactérias. As paredes interiores lisas e os três patins soldados permitem um fácil esvaziamento, limpeza e secagem. O design de parede dupla das paredes laterais acima das aberturas de entrada proporciona uma maior proteção contra os impactos dos dentes dos empilhadores, enquanto a baixa altura de entrada assegura um movimento e armazenamento sem problemas em armazéns automáticos. Sistemas de medição de perfil em linha info@imvolca.com +34 936 626 533 www.imvolca.com EXTRUSION CUTTING AND WINDING MACHINERY F.K.W SPIROFLUX Mangueiras aquecidas Tacos de borracha e correntes Fusos
ENTREVISTA 16 TERESA NEVES, COFUNDADORA DA SIMULFLOW “Ao longo de 20 anos, construímos uma imagem consistente de competência, saber-fazer e qualidade” 2024 marca duas décadas de vida da Simulflow, empresa leiriense representante em Portugal e Espanha do Moldex 3D, o mais famoso software de simulação de injeção de plásticos. Em entrevista à InterPlast, Teresa Neves, cofundadora da empresa, recorda um percurso marcado pela consistência e reconhecido pela própria representada que, no ano passado, lhe atribuiu o prémio ‘Parceiro Platina Moldex3D 2023’.
ENTREVISTA 17 Luísa Santos Começo por lhe pedir que nos conte um pouco da história da Simulflow. Como é que começou esta aventura com o Moldex3D e como avalia o percurso da empresa ao longo destas duas décadas? O meu primeiro encontro com o Moldex3D aconteceu em Francoforte, na Euromold, no outono de 2000. Ao passar diante de um stand, recebi um folheto acerca deste software, que era à época totalmente desconhecido na Europa. Mal sabia eu que aquele momento iria decidir a minha vida profissional futura. Com um percurso profissional já consolidado, no final desse mesmo ano tomei a decisão de criar a minha própria empresa de serviços de engenharia. Nessa época, insatisfeita com o apoio do fornecedor de software que sempre tinha utilizado, por um lado, e com o seu custo, por outro, tive necessidade de avaliar outras alternativas. O tal desconhecido Moldex3D revelou-se uma hipótese a equacionar, mas a decisão não foi imediata, já que não havia referências no mercado e aquele encontro na feira foi insuficiente para perceber exatamente de que se tratava. Por isso, e após grande reflexão, decidi ir a Taiwan em março de 2001 para ter formação e ficar a conhecer tanto o software como a Coretech, a empresa que o desenvolve. No final faria a avaliação e tomaria a decisão. Foi assim que, ainda lá, me decidi pela aquisição. No começo desta aventura o projeto passava apenas pela consultoria. No entanto, três anos depois, no início de 2004, percebemos que os nossos clientes da indústria de moldes e plásticos estavam cada vez mais interessados em adquirir o software e não apenas o serviço. Por isso, decidimos dar o passo seguinte e assumir a representação do Moldex3D, respondendo ao desafio que a Coretech já nos havia lançado. E foi desta forma que nasceu a Simulflow, para representar o Moldex3D e prestar assistência técnica. Claro que os primeiros anos foram bastante trabalhosos, porque foi necessário um esforço acrescido para dar a conhecer um software que não era utilizado na Europa. Mas, com o tempo, as empresas perceberam as potencialidades desta ferramenta e reconheceram-na como uma alternativa válida. Entretanto, em junho de 2017, já a Simulflow estava consolidada como fornecedora do software e formadora, passámos a representar em Portugal a tecnologia para injeção microcelular de plásticos Mucell, desenvolvida pela Trexel, dos EUA. E no ano seguinte estabelecemos uma parceria com a BIMS Seminars de Vito Leo, da Bélgica, para formação em injeção de termoplásticos de alta qualidade em Portugal. Em suma, eu diria que, ao longo destes 20 anos fomos construindo uma imagem consistente de competência, de saber-fazer e de qualidade e hoje posso afirmar que somos uma referência em soluções de engenharia de excelência, assegurando o melhor suporte técnico e garantindo ainda formação de elevada qualidade. Que caraterísticas diferenciam o Moldex3D das alternativas concorrentes? Um dos pontos mais importantes num software de simulação é a sua capacidade de gerar as malhas de elementos finitos, a partir das quais são efetuados os cálculos. A sua enorme evolução, quer na parte do pré-processamento – que, na minha opinião, é a principal vantagem do Moldex3D -, quer nas aplicações de simulação dos processos avançados de moldagem (injeção a água, injeção a gás, espumas físicas ou químicas) tornou-o numa referência mundial. Das malhas “casca” passámos pelas malhas híbridas sólidas e depois voxel. Quando surgiu a poderosa construção da malha BLM (do inglês boundary layer mesh, i.e., malhas de camada limite) deu-se um salto tecnológico muito inovador na simulação tridimensional. O Moldex3D foi pioneiro e está na vanguarda da utilização deste tipo de malha sólida verdadeira. Que vantagens têm os vossos clientes ao utilizar esta solução? A grande vantagem é a de poderem usar um software avançado, com diversos processos de moldagem, com malha sólida real, que está em constante evolução graças ao trabalho permanente de investigação e desenvolvimento. E, não menos importante, a qualidade, proximidade e celeridade do apoio prestado pela Simulflow. A área de atuação geográfica da Simulflow estende-se também a Espanha. Como é trabalhar este mercado? Quais são as principais diferenças em relação ao mercado nacional? O mercado em Espanha apresenta complexidade por diversas razões, sendo a primeira o protecionismo implícito. A segunda razão prende-se com o facto de, paradoxalmente, muitas PME espanholas dos setores dos moldes e da injeção de termoplásticos evidenciarem menor abertura à inovação, pelo menos no que toca a estas tecnologias e serviços de engenharia.
ENTREVISTA 18 Abrangem também outros mercados? No caso do Mucell, a nossa representação é exclusivamente para o território nacional. No caso do Moldex3D, a representação abrange toda a Península Ibérica. No entanto, neste caso, mas por expressa solicitação de uma empresa, operamos excecionalmente na Suécia. Como caracteriza a vossa carteira de clientes, nacionais e internacionais, por setores? A maioria dos nossos clientes está na indústria de moldes para plásticos, detendo vários também unidades de produção de peças. Os nossos maiores clientes são produtores de peças em plástico para a indústria automóvel. Precisamente, as empresas que trabalham para a indústria automóvel atravessam um período difícil. Como estão os vossos clientes a enfrentar esta fase? De facto, estamos a viver momentos atribulados e muito desafiantes na indústria automóvel europeia. Agora mesmo o Grupo Volkswagen anuncia a possibilidade de encerrar, pela primeira vez na sua existência, fábricas na Alemanha por perda de competitividade. Isto, naturalmente, reflete-se nos nossos clientes, nuns casos com menos intensidade, noutros com mais. As realidades são diversas, mas em geral todos estão, ou melhor, todos estamos a envidar esforços para conseguir chegar a bom porto neste mar encapelado. As mudanças neste setor, nomeadamente com o aumento dos modelos elétricos, traduzem-se, por exemplo, numa crescente procura por peças leves, mas resistentes. A tecnologia de injeção microcelular de plásticos Mucell surge como uma boa opção de fabrico. Que características/vantagens desta solução gostaria de destacar? Esta é uma tecnologia que consiste na injeção duma solução de plástico com gás liquefeito. Quando esta solução se encontra dentro do molde, o gás vaporiza criando uma estrutura do plástico porosa. Esta vaporização funciona com a pressão de compactação expandindo o material e compactando-o, pelo que é eliminada esta fase durante o processo de moldagem. Os benefícios estão ao nível da redução do peso, da força de fecho, dos empenos das peças e do tempo de ciclo. Em Portugal, as empresas têm vindo a adotar esta tecnologia? Sim, tem havido um interesse crescente e já há vários equipamentos instalados. É uma solução com potencial para outras aplicações? Sim, e em Portugal já é utilizada para outras aplicações. Estou a lembrar-me, por exemplo, de aplicações muito interessantes no setor do calçado, que permitem melhorar bastante o conforto do utilizador. Além disso, é uma solução que também pode ser utilizada na produção de peças de embalagem. Além do automóvel, existem outros segmentos cliente com potencial para alavancar os negócios das empresas nacionais? Temos a opinião de que, nesta matéria, a Cefamol tem vindo a realizar um grande e muito relevante trabalho no sentido de diversificar e ampliar os setores e mercados para a indústria de moldes. Trabalho que é necessário prosseguir e que deveria merecer dos vários governos mais atenção e apoio. A utilização de reciclado, ou de novos materiais como os bioplásticos, traz novos desafios à indústria, nomeadamente no que respeita ao comportamento dos materiais durante o processo de injeção. Neste contexto, é ainda mais importante contar com uma boa ferramenta de simulação, correto? Realmente, a utilização desses materiais coloca um novo desafio à simulação sobretudo ao nível da caracterização dos materiais. A empresa que desenvolve o Moldex3D possui um laboratório para essa caracterização, o que lhe permite dar resposta a essa necessidade sem depender de terceiros. Existem outros desafios que as vossas soluções possam ajudar a ultrapassar? A eliminação ou redução de tarefas repetitivas é, em todas as áreas de atividade, um objetivo para aumentar a produtividade e a eficiência e tornar mais apelativo o trabalho. Os mais recentes desenvolvimentos do Moldex3D, respondendo a esta necessidade, vão no sentido de automatizar tarefas repetitivas durante o trabalho preparatório de simulação, reduzindo o tempo de execução, permitindo criar todo o processo de simulação duma forma automática. Quando se realizam muitos estudos, acumula-se ano após ano muita informação plena de saber-fazer e conhecimento em geral, útil para múltiplos casos que hão de vir a ocorrer. Gerir e consultar essa informação com celeridade é fator de enorme importância para o aumento da eficáO Moldex3D é líder mundial em tecnologia 3D real para o projeto e otimização de processos de moldagem de peças de plástico.
19 cia e da eficiência do trabalho. Por isso foi desenvolvida uma solução para a gestão das simulações, o iSLM (do inglês Intelligent Simualiton Lifecycle Managemetn, i.e., Sistema de Gestão Inteligente de Ciclo de Vida), para ajudar a acumular o saber-fazer dos projetos e as experiências de moldagem e transformar estes bens digitais numa valiosa base de conhecimentos e informação. A formação é uma parte importante da vossa atividade? Em que medida? A formação é inerente à venda dos produtos que representamos. Temos de formar quadros das empresas clientes e ir atualizando a sua capacitação. Com o crescimento, a Simulflow criou um espaço – a Oficina da Formação – devidamente equipado, destinado fundamentalmente a formação na área da engenharia para moldes e injeção de plásticos. Além disso, em 2018 estabelecemos uma parceira com a BIMS Seminars da Bélgica para proporcionar formação de elevada qualidade em injeção de termoplásticos e já organizámos diferentes seminários em Portugal. Para nós, o sucesso da utilização destas ferramentas avançadas não está apenas no software e nas tecnologias, mas reside em boa medida na formação que é dada, no saber-fazer transmitido e na assistência técnica prestada. Finalmente, vinte anos de atividade contêm, certamente, muitas histórias. Poderia dar-nos um exemplo de um projeto especialmente desafiante em que a Simulflow esteve envolvida? A confidencialidade não nos permite revelar projetos concretos dos nossos clientes, mas é verdade que nos são colocados com regularidade desafios relativamente a processos avançados de moldagem que nos obrigam a explorar os limites do software. Devo dizer que responder a estes reptos nos dá muito gozo. Mas talvez possamos afirmar que o mais desafiante é contribuir regular e sistematicamente para a evolução do Moldex3D e garantir a alta qualidade do apoio técnico que prestamos, reconhecido pela própria representada. n “Para nós, o mais desafiante é contribuir sistematicamente para a evolução do Moldex3D e garantir a alta qualidade do apoio técnico que prestamos”
21 EVENTOS Roboshot Week 2024 aborda o potencial da IA para revolucionar o processo de injeção de plásticos As novas instalações da Fanuc Iberia, em Barcelona, foram o palco perfeito para a segunda edição da Roboshot Week, evento organizado pela AGI nos dias 18 e 19 de setembro, especialmente dedicado ao potencial da inteligência artificial para tornar a indústria de plásticos mais sustentável, eficiente e rentável. A Roboshot Week 2024 decorreu nas novas instalações da Fanuc Iberia, em Sant Cugat, Barcelona (Espanha). Na foto, vemos os participantes de uma sessão das quatro realizadas.
22 EVENTOS Durante dois dias, cerca de 80 profissionais do setor (entre eles, mais de uma dezena de portugueses) responderam ao convite da AGI para conhecer as potencialidades desta tecnologia que, já não sendo novidade, ainda agora está a dar os primeiros passos no campo da transformação de plásticos. Os participantes foram convidados a assistir a um workshop sobre as mais recentes inovações aplicadas ao processo de moldagem por injeção de plástico. Entre elas, as ferramentas avançadas de inteligência artificial (IA) que a Fanuc implementou na série iB das suas máquinas de injeção Roboshot - uma tecnologia que, de acordo com Tiago Guimarães, gerente da AGI, “promete otimizar a produção, reduzir os custos operacionais e minimizar o impacto ambiental, ao mesmo tempo que melhora a qualidade das peças injetadas”. O workshop teve uma componente prática que permitiu aos participantes interagir diretamente com as máquinas e comprovar as capacidades da IA para mudar radicalmente o panorama da injeção de plásticos. PLASTIFICAÇÃO: UM PROCESSO OTIMIZADO PELA IA A plastificação é uma das fases mais críticas na produção de peças de plástico por injeção. Durante este processo, os materiais são fundidos para criar uma massa homogénea que é depois moldada no produto final. A estabilidade e a qualidade desta massa são essenciais para garantir a consistência e a fiabilidade das peças injetadas. Se utilizarmos materiais virgens e homogéneos, este processo pode ser relativamente simples. No entanto, com as atuais pressões económicas e ambientais, cada vez mais empresas estão a incorporar materiais reciclados na sua produção, o que introduz uma maior complexidade no processo. Embora mais sustentáveis, os reciclados são frequentemente menos uniformes do que os materiais virgens, o que pode levar a variações na plastificação, afetando negativamente a estabilidade do processo. É aqui que entra em ação a inteligência artificial introduzida pela Fanuc nas Roboshot iB. Graças a um avançado sistema de controlo de movimento servo, a IA monitoriza e otimiza, em tempo real, variáveis críticas como o torque e a velocidade do motor ao longo de todo o percurso, adaptando-se às caraterísticas da fusão em qualquer momento. Isto permite que o processo de plastificação seja estável e previsível, mesmo com materiais não homogéneos ou reciclados. Este controlo contínuo e dinâmico garante que a massa fundida seja sempre homogénea, com um tempo de plastificação constante, reduzindo a necessidade de intervenção manual ou de ajustes constantes da máquina. O resultado é um produto final de alta qualidade, fabricado com menos esforço e consumo de energia, e com um menor impacto ambiental, aproveitando ao máximo os materiais reciclados ou de menor qualidade. O DESAFIO DO ‘BACK FLOW’ Outro ponto crítico no processo de moldagem por injeção é a fase de injeção propriamente dita, e um dos desafios recorrentes é o controlo do ‘back flow’, ou fluxo inverso. Este fenómeno ocorre quando a válvula anti-retorno, que separa as funções de plastificação e injeção, começa a desgastar-se ou não fecha corretamente. O ‘back flow’ pode levar à instabilidade do processo de injeção, afetando a precisão do processo e, em última análise, a qualidade das peças produzidas. Nas máquinas tradicionais, para resolver este problema era necessário desmontar a câmara e o fuso para examinar o estado da válvula de retenção, uma tarefa que implicava paragens de produção e a intervenção de técnicos especializados. A Fanuc desenvolveu uma solução inovadora que permite monitorizar e controlar este fenómeno em tempo real, sem necessidade de desmontar o equipamento. Graças ao seu avançado CNC, a Roboshot é capaz de ler e analisar tanto o perfil de pressão de injeção como o perfil de contrapressão da válvula anti-retorno, gerando uma curva de ‘back flow’ detalhada. Esta curva fornece ao utilizador informações precisas sobre o estado da válvula, facilitando a monitorização do processo e permitindo ajustes imediatos se forem detetadas quaisquer irregularidades. Cerca de 80 convidados participaram na Roboshot Week 2024, este ano condensada em dois dias de intensa aprendizagem.
23 EVENTOS Além disso, esta capacidade de leitura em tempo real não só antecipa problemas, como também contribui para a automatização do processo, com caraterísticas avançadas como a plastificação precisa, que ajusta dinamicamente a descompressão e o ponto de comutação com base nos dados de ‘back flow’. Este nível de automatização reduz o desgaste do equipamento, melhora a consistência das peças e reduz os tempos de ciclo, tudo isto minimizando o esforço operacional. A IA COMO GUARDIÃ DOS MOLDES Um dos componentes mais dispendiosos e críticos na produção de peças moldadas por injeção de plástico é o molde. Estas ferramentas de alta precisão, se danificadas, podem gerar perdas significativas, tanto em termos de reparação como de tempo de paragem da produção. A proteção do molde durante o processo de injeção é, portanto, uma prioridade para qualquer fabricante. Embora muitas máquinas de injeção modernas ofereçam alguma forma de proteção do molde, estas soluções limitam-se frequentemente ao ajuste da força de fecho num curso específico, o que implica encontrar um equilíbrio entre a proteção do molde Tiago Coelho, gerente da AGI, explicou aos participantes de que forma a IA irá mudar a forma como encaramos o processo de injeção de plásticos. Além do workshop sobre as novidades da Roboshot, o evento contou com uma área dedicada à impressão 3D e à robótica, bem como períodos intercalares dedicados ao networking.
24 EVENTOS A AGI é responsável pela comercialização das máquinas de injeção Fanuc Roboshot na Península Ibérica. e a eficiência do ciclo de produção. A Fanuc deu um passo em frente com o seu sistema de inteligência artificial, que automatiza totalmente a proteção do molde, ajustando dinamicamente a força de fecho ao longo de todo o curso, sem necessidade de intervenção manual. Este sistema de proteção baseado em IA aprende a forma como o molde se comporta durante o movimento de fecho e abertura do molde, detetando as áreas de maior e menor risco em tempo real. Com base nestes dados, a máquina ajusta automaticamente os parâmetros de fecho, assegurando que o molde fecha com a força ideal em cada ponto ao longo do curso, protegendo-o de eventuais danos. Esta tecnologia permite manter a velocidade do ciclo e a produtividade sem sacrificar a segurança do molde. A mesma tecnologia estende-se ao ejetor do molde, protegendo tanto o movimento para a frente como para trás, e indicando mesmo quando é necessária manutenção, como a lubrificação do molde ou a identificação de sinais de desgaste. Este nível de automatização não só melhora a proteção do molde, como também reduz o tempo de paragem para manutenção, otimizando ainda mais a eficiência operacional. UM FUTURO MAIS SUSTENTÁVEL E EFICIENTE O workshop Fanuc Roboshot proporcionou uma demonstração clara de como a inteligência artificial pode transformar o processo de moldagem por injeção de plástico, otimizando cada fase e oferecendo uma solução integrada para melhorar a qualidade das peças, reduzir os custos operacionais e minimizar o impacto ambiental. Da plastificação à proteção do molde, a IA aplicada à maquinaria Fanuc oferece um controlo sem precedentes sobre o processo de injeção, permitindo aos fabricantes trabalhar com materiais mais sustentáveis, como os reciclados, sem comprometer a qualidade do produto final. Ao integrar estas tecnologias avançadas, a Fanuc não só ajuda as empresas a reduzir a sua pegada ambiental, como também oferece uma solução eficiente e económica para enfrentar os desafios crescentes da indústria dos plásticos. A capacidade de automatizar processos complexos e garantir a estabilidade em condições variáveis constitui um marco na evolução da indústria, aproximando as empresas de um futuro mais sustentável e eficiente. n Da esquerda para a direita: Tiago Coelho, gerente da AGI, David Trabal, diretor geral da Fanuc Iberia e Jaime García, diretor geral da Guzmán Polymers.
26 A EDIÇÃO DESTE ANO TERÁ EM DESTAQUE OS TEMAS DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E DA RECICLAGEM DE MATERIAIS FAKUMA 2024: INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE MOLDAM O FUTURO DA TRANSFORMAÇÃO DE PLÁSTICOS A edição de 2024 da Fakuma, uma das mais importantes feiras internacionais para a transformação de plásticos, irá realizar-se de 15 a 19 de outubro, em Friedrichshafen, Alemanha. Este ano, o certame inclui iniciativas como a Career Friday, uma mesa redonda sobre a digitalização na indústria e uma área dedicada às startups e às suas tecnologias disruptivas. Os visitantes da Fakuma 2024 podem esperar encontrar um sem número de inovações pensadas para aumentar a sustentabilidade e eficiência na indústria dos plásticos. A maioria dos expositores irá abordar temas fundamentais como a eficiência energética, com avanços que visam a estabilidade do processo e a redução dos tempos de setup, o que ajuda a baixar os custos de produção. A feira terá também uma área de exposição dedicada exclusivamente às startups, onde serão apresentadas soluções inovadoras e disruptivas relacionadas com o design para reciclagem e, por exemplo, com a substituição de materiais fósseis por recicláveis. A Career Friday é outra das iniciativas paralelas e tem como principal objetivo despertar o interesse das novas gerações pelo setor. Está também prevista a realização de uma mesa redonda sobre digitalização, que irá explorar o papel das novas tecnologias na melhoria dos processos e da sustentabilidade no setor. Além disso, o certame conta com um programa de conferências sobre temas igualmente relevantes. Uma das
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