www.interplast.pt 2025/1 24 Preço:11 € | Periodicidade: 4 edições por ano | Janeiro, Fevereiro, Março 2025 Serviço Pós-Venda Assistência Técnica Peças de Reposição
PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DA INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt
SUMÁRIO Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Avenida Defensores de Chaves, 15, 3.º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone (+351) 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Luísa Santos Equipa Editorial Luísa Santos, Esther Güell, Nerea Gorriti redacao_interplast@interempresas.net www.interplast.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127297 Déposito Legal 455414/19 Distribuição total +2.000 envios. Distribuição digital a +1.300 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel. Edição Nº 24 – Janeiro, Fevereiro, Março 2025 Estatuto Editorial disponível em https://www.interplast.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da InterPLAST adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. ATUALIDADE 4 EDITORIAL 5 OBRIGADA, PLÁSTICOS 10 Tema principal da K 2025: ‘Abraçar a digitalização’ 33 Como a Inteligência Artificial está a impulsionar os plásticos sustentáveis 36 A (in)sustentável Inteligência Artificial 40 ‘Embalagem do futuro’ segue a bom ritmo 42 Mercado do filme de alta barreira para embalagem alimentar em ascensão 44 Entrevista com Daniel Sousa, diretor-geral da Periplast 46 Impressão 3D com polímeros de alta performance: Nova era para as indústrias mais exigentes 51 Fabrico aditivo na área médica: prótese mecânica para membro superior 54 Embalagem e impressão 3D: personalização, eficiência e inovação 60 Tratado nas Nações Unidas sobre a poluição por plásticos pode alavancar a economia circular a nível global 63 Utilização da casca de ovo na indústria dos plásticos 65 Estudo de mercado de máquinas de injeção analisa dados de 2024 14 Mercado da injeção de plásticos prepara-se para um crescimento significativo até 2032 18 Entrevista com Cláudia Cristóvão, diretora-geral do Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) 20 O novo Sistema de Incentivo à Transição Climática e Energética e o impacto na indústria de plásticos 25 Diretamente do sol para a máquina de injeção 28
4 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE InterPlast e APIP reforçam cooperação institucional Após vários anos de colaboração informal, a revista InterPlast e a Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) formalizaram, no dia 12 de fevereiro de 2025, a parceria de ‘media partner’ entre as duas entidades. A assinatura do protocolo de colaboração editorial por Cátia Morais, responsável pelo departamento de comunicação da APIP, e Luísa Santos, diretora da InterPlast, reflete o compromisso de ambas as partes na divulgação de assuntos de particular interesse para a indústria de plásticos portuguesa, contribuindo assim para o crescimento de toda a cadeia de valor, com especial foco na sustentabilidade e na circularidade dos materiais. A iniciativa surge num ano marcado por diversos eventos importantes para o setor, como a realização do Plastics Summit - Global Event 2025, que irá decorrer no dia 6 de outubro, em Lisboa, e da feira K 2025, marcada para os dias 8 a 15 de outubro, em Düsseldorf. A parceria inclui igualmente a promoção das atividades da APIP em Espanha, através da Plásticos Universales, revista editada pelo Grupo Interempresas, do qual a InterPlast também faz parte. Moldplas 2025 realiza-se de 13 a 15 de novembro Criada em 1996, a Moldplas reúne a cada dois anos os principais fornecedores de máquinas, equipamentos e tecnologias para as indústrias de plásticos e de moldes. Este ano, o certame tem data marcada para 13 a 15 de novembro, na Batalha. A organização espera acolher cerca de 200 expositores dos segmentos: Máquinas, equipamentos e tecnologia para a indústria de moldes; Máquinas, equipamentos e tecnologia para a indústria de plásticos; Automação e robótica; Pneumática e Hidráulica; Software e hardware; Centros tecnológicos; Associações setoriais; Imprensa especializada. Em simultâneo, irão decorrer os certames 3D Additive, I4.0 Expo e Subcontração. Os visitantes profissionais podem aceder gratuitamente ao salão mediante credenciação prévia. O horário mantém-se das 10 às 19 horas. Netstal inaugura filial no México A Netstal, especialista em máquinas de injeção, abriu uma filial própria no México, com sede em Santiago de Querétaro. A nova empresa, Netstal Máquinas, S. de R.L. de C.V., iniciou oficialmente as suas operações a 14 de janeiro de 2025, assinalando um marco na estratégia de expansão global da empresa. Com este passo, a Netstal assume a equipa e as operações comerciais da iTech Latin America, que representava a marca como agente independente. A nova filial mexicana conta com uma equipa de sete pessoas especializadas em vendas, serviço ao cliente e administração. A operação será liderada por José Lelo de Larrea, que foi cofundador e sócio-gerente da iTech Latin America desde 2010. Os proprietários da iTech decidiram fechar a sua empresa após esta transição, mas os co-fundadores Rod Selem e Irineu Scalisse continuarão a trabalhar com a Netstal como consultores técnicos e comerciais na região. Esta estrutura garante a continuidade do know-how técnico e do apoio ao cliente que os utilizadores da Netstal no México têm recebido até agora.
5 Biesterfeld e Celanese reforçam parceria em 2025 A Biesterfeld e o fabricante de plásticos técnicos Celanese alargaram a sua parceria estratégica. No âmbito do acordo estabelecido em janeiro de 2025, serão incluídas novas famílias de produtos no portefólio conjunto, consolidando assim a oferta na região EMEA, incluindo as Ilhas Britânicas e os países nórdicos. Entre as novas adições estão as famílias de produtos LCP Vectra e Zenite, polímeros termotrópicos altamente cristalinos e retardantes de chama, com elevada estabilidade dimensional e resistência a altas temperaturas, o que os torna ideais para peças de paredes finas. A Biesterfeld irá também acrescentar à sua carteira os plásticos TPS Sofprene e Laprene, que combinam as propriedades dos elastómeros com a processabilidade dos termoplásticos. Além disso, os direitos de distribuição dos plásticos Santoprene TPV e Hytrel TPC serão alargados, o que permitirá oferecer uma gama mais abrangente de elastómeros termoplásticos. No segmento PET, para além da família de produtos Rynite, a Biesterfeld distribuirá materiais Impet. A família GUR, constituída por polietilenos de peso molecular ultra-elevado (UHMW-PE), reconhecidos pela resistência à abrasão, ao impacto, pelas propriedades auto-lubrificantes e pelo comportamento mecânico em condições extremas, será também acrescentada à gama. A extensão inclui ainda as famílias de produtos LFT Celstran e Compel, termoplásticos reforçados com fibras longas que se destacam pela rigidez e resistência, caraterísticas que os tornam ideais para a substituição de componentes metálicos em aplicações exigentes. Os polímeros de cristais líquidos (LCP) como o Vectra e o Zenite oferecem elevada precisão e estabilidade dimensional no fabrico de peças de paredes finas potencialmente sujeitas a altas temperaturas. EDITORIAL Quem acompanhou a indústria de plásticos nacional nos últimos 25 anos lembra-se certamente do tempo em que os centros de investigação eram vistos como uma espécie de nave espacial, onde se testavam processos e materiais que dificilmente iriam ver a luz do dia. Não era bem assim na altura e, certamente, não é assim agora. Nos últimos anos, muito graças aos incentivos europeus, a indústria percebeu que pode trabalhar em conjunto com estas estruturas para tirar partido do que de melhor elas têm para oferecer: conhecimento, tecnologia e tempo. Tempo para investigar, testar, errar, voltar a testar, até conseguirem entregar uma solução que, de facto, responda às necessidades do projeto. A comemorar um quarto de século, o PIEP é um bom exemplo desta extraordinária evolução. Em entrevista à InterPlast, Cláudia Cristóvão, diretora-geral da instituição, refere mais de 350 projetos realizados ao longo deste período, 30 dos quais ainda em curso na área dos polímeros sustentáveis. Numa altura em que todos procuram novos materiais para responder às cada vez mais apertadas exigências ambientais, poder contar com esta ajuda é uma grande mais-valia. Leia mais na página 20. Nesta revista, fique a saber também como está o mercado da injeção de plásticos em Portugal, com base na opinião dos participantes do estudo de mercado de máquinas de injeção, uma iniciativa da InterPlast que já vai na quarta edição. Spoiler alert: a indústria automóvel continua a dar-nos dores de cabeça, mas há setores que mantêm algum dinamismo. E dinamismo é também do que vamos precisar para acorrer a tantos eventos relacionados com o setor este ano. De participação obrigatória, a segunda edição do Plastics Summit – Global Event promete ser ainda mais interessante e reunir em Lisboa, a 6 de outubro, mais de 2000 participantes de todo o mundo. No que respeita a feiras e exposições, além da EMAF que, apesar de não ser uma feira de plásticos, é suficientemente abrangente para interessar à maioria dos industriais, temos também a incontornável K 2025 e a Moldplas, em outubro e novembro, respetivamente. Isto para mencionar apenas as mais importantes. A propósito, antecipamos um dos temas chave da edição deste ano da K: a digitalização. Diz quem sabe que se trata de um processo irreversível e que urge implementar, sob risco de perdermos ainda mais competitividade. Os organizadores da principal feira de plásticos e borracha asseguram que, em Düsseldorf, os visitantes terão acesso a muita informação sobre o tema. Finalmente, mas não menos importante, dedicamos um caderno inteiro à impressão 3D, começando com uma novidade: a entrada da Periplast neste mercado. Em entrevista, Daniel Sousa, diretor-geral da empresa, conta-nos como nasceu esta área de negócio. Uma história para ler na página 46. Boas leituras! Centros de I&D: porta aberta para a sustentabilidade
6 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Folhadela Rebelo entra no mercado dos corantes líquidos e masterbaches A empresa assinou em janeiro deste ano um acordo de representação exclusiva da Holland Colours em território nacional. Fundada em 1979, em Apeldoorn, nos Países Baixos, a Holland Colours (HCA) desenvolve e fornece corantes sólidos e líquidos de elevada qualidade, bem como masterbatches de cor e aditivos para polímeros avançados. A empresa foi criada por um grupo de entusiastas que pretendiam fabricar corantes para produtos plásticos com pouco ou nenhum pó, encapsulando pigmentos num suporte de base biológica. O resultado foi o Holcobatch, um masterbatch de base biológica que continua a ser único na indústria. Atualmente, a empresa aposta cada vez mais no serviço personalizado, disponibilizando-se para ajudar os seus clientes no desenho de soluções inovadoras para uma indústria sustentável. Os produtos da HCA são especialmente utilizados no mercado da embalagem (por exemplo, na injeção de preformas PET) e da construção (por exemplo, na extrusão de tubo PVC e PE). Nasce a Único, primeira entidade gestora dedicada aos plásticos de uso único Foi anunciada em fevereiro a criação da Único – Associação de Gestão de Plásticos de Uso Único. A entidade já tem licença para operacionalizar em Portugal o primeiro sistema de responsabilidade alargada do produtor que irá gerir os resíduos com origem nos produtos de tabaco com filtros. A licença foi publicada no final de 2024, na sequência do processo iniciado junto da Agência Portuguesa do Ambiente, em março de 2023. A Único, entidade sem fins lucrativos, reúne as empresas que colocam no mercado produtos de tabaco – BAT, Imperial Brands Portugal, JTI Portugal, Landewick e Tabaqueira – e o Electrão, Associação de Gestão de Resíduos, e assume como missão “contribuir para a prevenção de resíduos no espaço público e para a eficiência e eficácia da gestão na limpeza urbana, de forma a reduzir o impacto dos produtos descartáveis com plástico no ambiente, especialmente no meio marinho”. De realçar que a obrigação de gestão de fim de vida de determinados produtos com plásticos de uso único, que abrangem os produtos de tabaco com filtros que contêm plástico, decorre de uma diretiva europeia, integralmente transposta para legislação nacional. A Único acrescenta ainda que outros fluxos abrangidos por esta diretiva serão geridos no âmbito de novos sistemas a implementar no futuro. É o caso das redes de pesca, toalhetes e balões, que correspondem aos itens mais encontrados nas praias da União Europeia. Husky vence Prémio de Sustentabilidade Tampa apresentada pela empresa oferece uma solução monomaterial inteiramente baseada em PET. A multinacional canadiana Husky Tech-nologies foi galardoada com o Prémio de Sustentabilidade da Packaging Europe na categoria ‘Driving Circular Economy’. O prémio foi entregue na Cimeira de Embalagens Sustentáveis, em Amesterdão, a 12 de novembro. A tampa da Husky oferece uma solução monomaterial inteiramente baseada em PET. Por conter apenas um material, pode ser integrada diretamente nos fluxos de reciclagem existentes, eliminando a necessidade de triagem dedicada, como acontece com as garrafas com tampas de materiais diferentes. Este avanço reduz o impacto ambiental, melhora a eficiência dos processos de reciclagem e reduz o total peso das embalagens.
7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER AGI apresenta nova identidade de marca Com mais de um século de atividade, a AGI - Augusto Guimarães & Irmão – mantém a aposta na evolução, inovação e adaptação contínuas, e apresenta-se em 2025 com uma nova imagem de marca. Desde 1915 que a AGI se envolve ativamente na inovação e crescimento dos setores em que atua. Hoje, mais do que uma empresa de distribuição de produtos, a AGI posiciona-se como um parceiro estratégico que agrega valor através de soluções técnicas inovadoras e personalizadas. Uma postura que lhe permite assumir-se como especialista em três áreas de negócio: Polímeros, Equipamentos Industriais e Materiais de Construção. A nova identidade da AGI responde a três objetivos estratégicos da marca: - Alinhar a imagem à nova imagem da Guztec Polymers, outrora Guzman Polymers – empresa com a qual mantém 50% de joint-venture desde 2002 – adquirida em 2020 pelo Hromatka Group; - Apresentar o conceito ‘One AGI’ de uma empresa que, apesar de operar em dois países distintos (Portugal e Espanha) e de se especializar em três áreas de negócio distintas, se apresenta de uma única forma e designação: AGI – Augusto Guimarães & Irmão. Esta passa a ser a única designação da AGI na Península Ibérica extinguindo, portanto, as designações ‘Lda’ para Portugal e ‘SL’ para Espanha; - Fortalecer a presença no mercado e melhorar a experiência de todos os que interagem com a AGI. O lema ‘Lead To Transform’ continuará a ser um dos pilares estratégicos da comunicação da empresa, através do qual pretende fortalecer o seu posicionamento na indústria de transformação de plásticos. “Gostaríamos de reforçar que, apesar da mudança estética, a nossa missão, visão, valores e compromisso com a qualidade permanecem os mesmos. A imagem renova-se, mas a nossa ambição mantém-se: liderar a transformação apoiando os nossos parceiros com soluções mais inovadoras e adequadas a cada desafio”, refere a AGI em comunicado. Dimera distinguida com Prémio da LPN por solução inovadora para microplásticos A Dimera, uma startup de Leiria especializada no desenvolvimento de materiais sustentáveis com recurso a Inteligência Artificial e nanoengenharia, venceu a VII edição dos Prémios Mares Circulares, na categoria Iniciativas Inovadoras. A startup receberá um financiamento de 7.000 euros para impulsionar o projeto vencedor, intitulado ‘Dimera4Oceans’. O projeto visa a criação de nanotubos de carbono magnéticos para remover microplásticos da água com uma eficiência mínima de 90%, abrangendo polietileno, polipropileno e poliéster. A solução pretende não apenas reduzir significativamente a presença de microplásticos nos rios e oceanos, mas também proteger a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas aquáticos. Promovido pela Coca-Cola em parceria com a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), o Prémio Mares Circulares reconhece projetos que incentivem a economia circular no combate à poluição dos mares e cursos de água, reforçando o compromisso com um futuro mais sustentável. A entrega do prémio teve lugar no dia 11 de dezembro, em Setúbal.
8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.INTERPLAST.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER NATO escolhe Inegi para estudar materiais e processos de fabrico para Defesa A NATO desafiou o Inegi a estudar novos materiais e processos de fabrico para o desenvolvimento de equipamentos e estruturas militares. Este trabalho, que está a ser realizado no âmbito do projeto NMM Demo Study, permitirá criar roadmaps tecnológicos para o setor da Defesa. "Através da parceria com a NATO, o Inegi participa ativamente no debate sobre os desafios que enfrenta o setor da Defesa, contribuindo para o debate sobre tecnologias inovadoras e respondendo às necessidades emergentes do setor militar”, afirma Cláudio Santos, responsável pelo projeto no Inegi. A experiência do Instituto em tecnologias com aplicação no setor da Defesa conduziu ao desenvolvimento de um tubo self-deployable para comunicações com drones militares e de materiais de camuflagem infravermelhos e radar, que poderão fazer parte da estrutura de veículos aéreos e terrestres. Os protótipos foram dados a conhecer no IC24SHINE - NATO Innovation Continuum 2024, um evento que reuniu vários stakeholders do setor da Defesa no Centro de Investigação e Experimentação Marítima da NATO, em La Spezia, para avaliar o potencial da implementação de tecnologias e produtos disruptivos em áreas críticas, como é o caso das comunicações e das infraestruturas subaquáticas. Comissão proíbe bisfenol A em materiais para contacto alimentar Desde que foram levantadas as primeiras suspeitas acerca da segurança do bisfenol A (BPA) para a saúde humana que muitos fabricantes optaram por materiais sem esta substância para produzir embalagens alimentares. Agora, a Comissão Europeia adota a total proibição do BPA em quaisquer materiais que entrem em contacto com os alimentos. O BPA é uma substância química utilizada no fabrico de determinados plásticos e resinas, nomeadamente em policarbonatos. A proibição agora imposta pela CE significa que o BPA não será permitido em produtos que entrem em contacto com alimentos ou bebidas, tais como revestimentos de latas de metal, garrafas de plástico reutilizáveis para bebidas, refrigeradores de água e outros utensílios de cozinha. A proibição surge na sequência de um voto positivo dos Estados-Membros da UE no início deste ano e de um período de análise pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu, e tem em conta a mais recente avaliação científica da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA). A AESA concluiu, nomeadamente, que o BPA tem “efeitos potencialmente nocivos no sistema imunitário” e que a proposta de proibição foi apresentada na sequência de uma consulta pública e de amplas discussões com todos os Estados-Membros. O BPA já é proibido na UE para biberões e produtos similares. Para a maioria dos produtos, haverá um período de eliminação progressiva de 18 meses, com exceções muito limitadas quando não houver alternativa, para dar tempo à indústria para se adaptar e evitar qualquer perturbação na cadeia alimentar. A proibição inclui também outros bisfenóis que são prejudiciais para os sistemas reprodutivo e endócrino.
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Os plásticos são o material do século XXI, mas também o material do futuro. Diminuem o peso dos produtos, preservam, protegem e facilitam o seu fabrico. São um aliado da sociedade e continuam a reinventar-se. Nesta secção pode ver novas e curiosas aplicações que só são possíveis graças ao plástico. 10 OBRIGADA, PLÁSTICO Novo desodorizante recarregável reduz o impacto ambiental O inovador sistema de desodorizante recarregável da Berry Global, recentemente introduzido no mercado polaco, oferece uma alternativa sustentável à utilização de embalagens descartáveis. O sistema é composto por um dispensador reutilizável e uma recarga de 75 ml feita de polipropileno reciclável. Este design permite uma redução de 53% nas emissões de carbono associadas à embalagem, bem como uma redução de 64% na utilização de plástico (equivalente a 22,9g por unidade) em comparação com os desodorizantes tradicionais de utilização única. A proposta, lançada na primavera de 2023, visa promover a economia circular, mantendo os recursos em utilização durante mais tempo. Os utilizadores apenas substituem a recarga aproximadamente de três em três meses, o que não só minimiza o impacto ambiental, como também facilita a introdução de novas formulações e designs para se adaptarem às exigências do mercado. Na Polónia, onde o produto foi inicialmente introduzido, os consumidores regiram muito positivamente a esta abordagem sustentável.
OBRIGADA, PLÁSTICO 11 Tendências cromáticas para plásticos A Avient Corporation lançou o ColorForward 2026, a sua ferramenta anual de previsão de tendências de cor para a indústria de plásticos. Esta edição, que celebra o 20º aniversário do programa, apresenta quatro tendências globais que irão influenciar a seleção de cores nos próximos anos. Estas incluem o incremento das energias alternativas ('Carnival of Fuels'), os avanços tecnológicos na biologia e na computação (‘Bio-funk’), a adaptação a climas extremos (‘Living at Night’) e a procura de experiências emocionais (‘Wonderland’). A paleta de cores de 2026 reflete estas tendências com tons neutros, cores vibrantes e efeitos especiais que acrescentam profundidade e dinamismo. Em comparação com os anos anteriores, há menos saturação e uma abordagem mais sofisticada. Carvalhelhos elimina cor das tampas das garrafas A Águas de Carvalhelhos eliminou a cor das tampas das garrafas PET com capacidade inferior a três litros. A nova cápsula, de cor translúcida, aumenta a reciclabilidade e eficiência na gestão responsável dos resíduos. Segundo a marca, esta mudança está em conformidade com as melhores práticas de reciclagem, e contribui, ao mesmo tempo, para uma maior eficiência na produção do rPET (PET reciclado) e para a redução do impacto ambiental das embalagens. O plástico translúcido reciclado pode ser reaproveitado para fabricar novos produtos transparentes, ao contrário do plástico pigmentado, que tem um processo de reciclagem mais complexo e oneroso. A marca ajustou também a tonalidade das suas garrafas - as de água natural apresentam-se agora menos azuis e as gaseificadas menos verdes. Em causa, mais uma vez, a redução do impacto dos pigmentos no processo de reciclagem. 16382_anuncio_interplast_210x68.pdf 1 28/01/22 10:25
Cupra ilumina a sua identidade O novo SUV elétrico Cupra Tavascan apresenta um emblema iluminado com Röhm Plexiglas Softlight, um material durável e difusor de luz. Durante o dia, o logótipo mantém um tom branco suave; à noite, é realçado por uma iluminação LED. Este design foi reconhecido com o Red Dot Design Award 2024 e é uma tendência na personalização automóvel. Além disso, o material utilizado é durável, resistente ao impacto e às intempéries, sem necessidade de revestimentos adicionais. OBRIGADA, PLÁSTICO 12 Novas caixas reutilizáveis para takeaway A Greiner Packaging desenvolveu as caixas para alimentos Mix & Match, concebidas para reduzir os resíduos na atividade de takeaway. Fabricadas em polipropileno de alta qualidade, são empilháveis, resistentes e possuem sistemas de selagem e rastreio RFID para uma fácil reutilização. Disponíveis em vários tamanhos e cores, estas caixas foram concebidas para satisfazer as necessidades de hotéis, restaurantes e empresas de catering, oferecendo uma solução sustentável sem comprometer a funcionalidade ou a estética. Dispensador sustentável premiado O CleanCharger da Alpla foi reconhecido com um prémio WorldStar pelo design inovador e sustentável. Este dispensador reutilizável minimiza a utilização de materiais e facilita a reciclagem em circuito fechado. Ao contrário dos dispensadores tradicionais, que incluem metal ou vidro, o CleanCharger incorpora uma bomba reutilizável e um suporte de longa duração. O seu elemento-chave é um cartucho ultraleve em rPET, concebido para reduzir o consumo de plástico e ser totalmente reciclável no modelo garrafa-a-garrafa. O design do CleanCharger otimiza a funcionalidade e a sustentabilidade com uma bomba airless que utiliza mais de 97% do produto. O recipiente reutilizável, denominado por 'keeper', feito de materiais duráveis como o alumínio anodizado ou plásticos de primeira qualidade, protege o cartucho, garantindo uma utilização segura e eficiente.
13 Fixações para snowboard sustentáveis graças ao novo nylon da Envalior A Envalior desenvolveu um material sustentável, o Durethan Blue, utilizado na renovada série de fixações de snowboard Travis Rice Falcor, produzidas pela Union Binding Company. Este nylon inovador, composto em 90% por materiais sustentáveis segundo uma abordagem de balanço de massa, combina componentes de base biológica e reciclados, garantindo a rastreabilidade através da certificação ISCC PLUS. Esta inovação permite uma redução de 60% da pegada de carbono em comparação com os materiais tradicionais de origem fóssil. O design das fixações incorpora uma inovadora construção de base de duas camadas, que otimiza o desempenho. A camada central utiliza Durethan Blue para rigidez e resposta, enquanto a estrutura exterior é mais flexível, proporcionando maior versatilidade nos movimentos laterais. Estas propriedades, juntamente com a resistência mecânica e durabilidade a baixas temperaturas, foram validadas em testes rigorosos realizados pela Union.
14 ANÁLISE DE MERCADO ESTUDO DE MERCADO DE MÁQUINAS DE INJEÇÃO ANALISA DADOS DE 2024 Pelo quarto ano consecutivo, a InterPlast voltou a reunir os fornecedores de máquinas de injeção de plásticos para analisar os dados de mercado relativos ao ano anterior. O encontro realizou-se no dia 7 de fevereiro, no Nerlei, em Leiria, e juntou 13 profissionais do setor. Estiveram representadas 11 marcas de máquinas de injeção. Luísa Santos O ‘Estudo de mercado de máquinas de injeção’ é uma iniciativa única em Portugal, que permite aos participantes obter informação detalhada sobre as vendas destes equipamentos, de forma segmentada por área geográfica, tipo de máquina, tonelagem e mercado de destino. Os dados obtidos refletem as tendências de mercado e são uma importante ferramenta de gestão para os fornecedores de máquinas, quando se trata de definir estratégias comerciais para os meses vindouros. Os resultados obtidos de forma confidencial, juntamente com as entrevistas aos participantes realizadas pela InterPlast durante o evento, permitem-nos traçar um cenário realista sobre a evolução deste mercado, que, por seu lado, espelha a forma como se comportam os segmentos cliente deste tipo de equipamentos, da indústria automóvel à embalagem ou ao setor médico. A edição deste ano fica marcada pela entrada de um novo participante, a Go.Tec!, que desde o final de 2023 representa a Chen Hsong em Portugal. Foto de grupo dos participantes na quarta edição do ‘Estudo de mercado de máquinas de injeção’.
15 ANÁLISE DE MERCADO EVOLUÇÃO DO MERCADO O número total de máquinas de injeção vendidas em Portugal em 2024 sofreu um decréscimo em relação a 2023, ano em que se tinha registado uma queda mais abrupta. A maioria dos participantes no estudo de mercado, como Martin Cayre, diretor-geral da Arburg Portugal, considera que este novo abrandamento, ainda que ligeiro, se deveu ao congelamento de projetos na indústria automóvel, setor do qual muitas empresas nacionais dependem e que continua a gerar inquietude. Tanto Rui Folhadela, sócio-gerente da Folhadela Rebelo, como Rui Fonseca, sócio-gerente da Tecnofrias, e Ricardo Reis, gestor operacional na Jucatec, referem a crescente concorrência asiática como principal causa desta conjuntura. “A facilidade com que os players internacionais do setor automóvel compram peças fora da Europa, a preços que não pagam nem o material nas nossas fábricas, torna tudo muito difícil”, refere Rui Folhadela. Ao mesmo tempo, “a entrada massiva no mercado europeu de veículos totalmente produzidos na China agrava este panorama e coloca a indústria automóvel europeia numa situação ainda mais complicada, que exige uma reinvenção urgente”, alerta Ricardo Reis, lembrando que, “no território nacional, muitas empresas já encerram portas por falta de encomendas e de novos projetos”. Jorge Júlio, diretor-geral da Inautom, adiciona “o congelamento das verbas das linhas de apoio ao investimento e a conjuntura internacional”, como possíveis causas para a situação vivida pelas empresas portuguesas. Hugo Brito, diretor-geral da Equipack, lembra que este abrandamento surgiu “com algumas surpresas, principalmente na necessidade das OEM, que em alguns casos reviram em baixa a venda de automóveis e, por sua vez, a necessidade de peças”. Já noutros setores, como o packaging ou medical, “não se notou grande variação”. De facto, como diz Tiago Coelho, gerente da Augusto Guimarães & Irmão, “após o período de correção que foi 2023, os setores reagiram de forma bem diferente. Houve projetos de grande escala e alto impacto em segmentos como o da distribuição de energia e da produção de filme, que foram finalizados ou decididos em 2024, tal como houve tantos outros, principalmente na área automóvel, que foram atrasados, com impacto significativo no mercado da injeção”. Na área dos plásticos utilitários, Ricardo Reis recorda o encerramento da Tupperware, facto que veio demonstrar “a preferência dos clientes por soluções mais baratas, muitas delas importadas”. Em suma e em geral, todos os participantes olham para 2025 com cautela. “Acho que este é um ano de transição, especialmente no mercado automóvel”, diz Martin Cayre. Rui Fonseca alerta, no entanto, que “a mudança de direção na política comercial dos EUA pode vir a agravar esta conjuntura, principalmente se se concretizar a ameaça de tarifas sobre as importações europeias, especialmente no setor automóvel, crucial para economias como a alemã. Além disso, a incerteza comercial pode levar a uma redução no crescimento económico”. OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO Perante a instabilidade na venda de máquinas, os fornecedores reforçam a O ‘Estudo de mercado de máquinas de injeção’ realizou-se a 7 de fevereiro, no Nerlei, Leiria. MARCAS DE MÁQUINAS DE INJEÇÃO PARTICIPANTES NO ESTUDO DE MERCADO DE 2024: • Arburg, presente diretamente no mercado nacional • Boy e Billion, representadas pela Mapril • ChenHsong, representada pela Go.Tec! • Engel, representada pela Equipack • Fanuc, representada pela AGI • KraussMaffei, representada pela Folhadela Rebelo • Tederic e JSW, representadas pela Inautom • Wittmann Group, representada pela Tecnofrias • Yizumi, representada pela Jucatec
16 ANÁLISE DE MERCADO aposta em áreas complementares. A Folhadela Rebelo refere que, em 2024, a empresa registou um crescimento na procura de equipamentos periféricos energeticamente eficientes, cada vez mais procurados pelo mercado como forma de otimizar processos e minimizar custos de produção. A Equipack, por seu lado, realizou investimentos importantes para passar a oferecer aos seus clientes um novo serviço de formação técnica 'in doors'. Além disso, a empresa tem vindo a reforçar a promoção da manutenção preventiva, “essencial para a longevidade e eficiência das máquinas”, refere Hugo Brito, o representante da Engel. Tiago Coelho salienta que, em sentido contrário ao da indústria automóvel, há setores como o da energia que estão a realizar investimentos importantes. “Em 2024, tivemos o privilégio de participar na implementação de processos de ponta inovadores, na área dos cabos de transmissão de energia”. O representante das máquinas Roboshot, da Fanuc, destacou também a participação da empresa em “projetos que contribuíram para a competitividade e futuro do nosso setor”, nomeadamente na “implementação de sistemas para aumentar significativamente e de forma automatizada a capacidade de incorporação de materiais reciclados”. Rui Fonseca, representante da Wittmann Battenfeld, reforça que “a aposta na sustentabilidade, com um aumento da adoção de plásticos biodegradáveis e práticas de economia circular”, pode aumentar as oportunidades de mercado em setores como o da embalagem, ao mesmo tempo que ajuda a “reduzir o impacto ambiental dos plásticos e promove uma produção mais responsável”. A necessidade de diversificação foi também o mote para a Inautom entrar no mercado da extrusão de plásticos, com uma nova representada a anunciar brevemente. A injeção continua, no entanto, a ser o ‘core business’ da empresa, cuja representada Tederic se prepara para construir uma fábrica em Portugal. “Aguardamos com expectativa esta construção que deixará, certamente, uma marca positiva no mercado nacional”, diz Jorge Júlio, diretor-geral da Inautom. TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS Digitalizar, automatizar e poupar energia são palavras de ordem em todo o tecido industrial, principalmente em setores como o da injeção de plásticos, onde a concorrência externa e as imposições regulamentares ambientais mais se fazem sentir. Em Portugal, “existe um forte interesse em soluções chave-na-mão e num maior grau de automatização para melhorar a produtividade, bem como em soluções para melhorar a eficiência energética”, assegura Martin Cayre. Na área da digitalização, Telmo Pedro, diretor da Go.Tec!, acredita que o futuro está na total conectividade entre sistemas e na implementação da inteligência artificial na injeção de plásticos. O responsável refere um aumento na procura de “máquinas com sensorização IoT e de equipamentos 100% elétricos”. Esta tendência para a eletrificação é também registada pela Jucatec, no entanto, Ricardo Reis observa que “ainda é algo pontual, associado à necessidades de cumprir critérios de aceitação em projetos candidatos a fundos europeus”, diz o representante da Yizumi. Neste campo, a AGI disponibiliza aos seus clientes aquela que diz ser “a máquina com menor consumo energético do mercado, que oferece dados em tempo real sobre o impacto na pegada de carbono da produção, permitindo que o processo seja ajustado e otimizado”, salienta Tiago Coelho. O responsável destaca ainda a possibilidade que a marca oferece de “integração robótica cada vez mais próxima do processo, combinando múltiplos robôs (cartesianos e/ou articulados) e garantindo assim maior produtividade”, bem como “os sistemas de preparação e distribuição de materiais automatizados com recurso a tecnologias de ponta, que vão desde a integração de robotização com visão 3D para a abertura e desempilhamento de paletes, até à integração de dados e comunicação do sistema com software ERP ou MES, para maior segurança e rastreabilidade”. Também Rui Fonseca aponta a digitalização e as soluções de software associadas como uma das tendências incontornáveis, bem como a “crescente automatização de processos e a adoção de ferramentas tecnológicas desenhadas para aumentar a eficiência O evento já se consolidou como um ponto de encontro entre fornecedores de máquinas.
17 ANÁLISE DE MERCADO tanto na produção, como na logística”. O gerente da Tecnofrias acredita que, nas máquinas de injeção, “desafios como a necessidade de baixar os custos com a energia e as crescentes regulamentações ambientais continuarão a exigir soluções inovadoras por parte dos fabricantes”. Outro fator que obriga as marcas a inovar é a “crescente preocupação por parte dos transformadores em desenvolver soluções diferenciadoras, tecnologicamente mais evoluídas, que obriga, necessariamente, ao desenvolvimento de novos processos de fabrico e de novos equipamentos”, refere Hugo Brito. A aposta no desenvolvimento de produtos com mais valor acrescentado e o consequente investimento em tecnologias mais evoluídas são, aliás, apontadas por Jorge Júlio como determinantes para aumentar a competitividade das empresas portuguesas. E, entre as principais marcas de máquinas de injeção, não faltam exemplos de inovações tecnológicas, como é o caso do sistema ColorForm - que permite a coloração de peças diretamente no molde de injeção -, e a injeção em conjunto com LSR (Multinject com LSR), ambas da representada da Folhadela Rebelo, KraussMaffei. “São soluções de topo, às quais há que estar atento”, frisa Rui Folhadela. Na área da reciclagem, o responsável destaca “os equipamentos com ‘Compouding’, algo recente na indústria portuguesa, mas já muito utilizado com sucesso noutros países”. Rui Folhadela assinala ainda a crescente tendência para a instalação de equipamentos que realizam a análise completa do consumo energético, bem como de soluções de automatização das várias fases da produção, que permitem “reduzir a intervenção humana e garantem uma produção com zero defeitos”. NOVIDADES NA K 2025 Tradicionalmente, todos os fabricantes de máquinas de injeção preparam novidades para apresentar na K, que este ano decorre de 8 a 15 de outubro, em Düsseldorf. Este ano não será Os participantes aproveitaram a pausa para café para trocar ideias. exceção e muitos dos participantes no estudo de mercado remeteram para mais tarde a divulgação das inovações - a maioria relacionadas com a eficiência energética - que estarão em exposição na maior feira mundial para os setores do plástico e da borracha. Ricardo Reis adianta que a Yizumi irá apresentar uma nova máquina de injeção que “promete trazer alguns avanços tecnológicos ao mercado, desde uma maior automação de processos, a uma maior eficiência energética e a processos controlados com rigor cirúrgico, que permitem que o produto final seja menos dispendioso, com menos peças não conformes, aumentando assim a eficiência da produção”. Entre as restantes marcas, a Arburg vai lançar na K uma nova série de máquinas com um nível de eficiência significativamente superior, a Chen Hsong vai apresentar um modelo novo de máquina hidráulica de dois pratos e a Inautom vai expor a sua nova série de robôs cartesianos NEO, integralmente fabricados em Portugal. n
18 ANÁLISE DE MERCADO Mercado da injeção de plásticos prepara-se para um crescimento significativo até 2032 A empresa de estudos de mercado Business Research Insights revela que, em 2024, o mercado global de moldagem por injeção foi avaliado em 365,22 mil milhões de dólares, com projeções de crescimento para 554,17 mil milhões de dólares até 2032, a uma CAGR de 4,74%. Uma trajetória alimentada pela procura crescente de materiais leves para setores como o automóvel e o aeroespacial, bem como de materiais sustentáveis e de novas tecnologias de fabrico. A moldagem por injeção é um processo de fabrico de produtos de plástico em grande escala. Envolve a injeção de material fundido, normalmente polímeros termoplásticos ou termoendurecíveis, numa cavidade de moldagem sob alta pressão. A elevada eficácia, precisão e flexibilidade deste método faz com que seja amplamente utilizado numa série de setores para produzir peças e conjuntos de peças plásticas com elevada exigência de precisão. Os plásticos leves e os compostos são muito procurados, principalmente nas indústrias automóvel e aeroespacial, onde a redução de peso se traduz em maior eficácia energética e desempenho. A moldagem por injeção é adequada para criar uma extensa variedade de componentes para o exterior dos automóveis, tais como guarda-lamas, painéis de portas, jantes, grelhas, frisos de bagageira, coberturas dianteiras e traseiras e molduras exteriores de
19 ANÁLISE DE MERCADO portas. Trata-se, portanto, de um processo de fabrico vital para um setor em que a segurança, a constância e a qualidade superior são fundamentais. A crescente preocupação universal com as emissões de carbono está a levar as indústrias transformadoras, em particular as envolvidas no processamento de produtos químicos, a dar maior ênfase à melhoria viável. Isto implica uma mudança para materiais amigos do ambiente, como os plásticos biodegradáveis e os polímeros reprocessados. Por seu lado, esta mudança de paradigma está a motivar as empresas a modernizar os seus equipamentos, investindo progressivamente em máquinas que consomem menos energia e reduzem os resíduos, contribuindo para as atividades de sustentabilidade como um todo. Por outro lado, a mesma mudança faz com que as empresas do setor concentrem mais recursos em projetos de I&D, promovendo assim o desenvolvimento tecnológico e apoiando o crescimento do mercado local. Esta é uma peça chave no caminho para a sustentabilidade, já que desenvolver produtos que satisfaçam as necessidades crescentes dos consumidores pode fazer toda a diferença na quota de mercado que ambicionam alcançar. As empresas estão a conceber soluções tecnológicas avançadas para consolidar as suas posições. Por exemplo, no segmento da embalagem, o mercado é impulsionado pela crescente procura de soluções adequadas ao comércio eletrónico e às grandes superfícies comerciais. Neste segmento, existem muitos artigos fabricados por injeção, como é o caso dos copos e recipientes. Trata-se de uma área que tem vindo a sofrer desenvolvimentos significativos com a incorporação de procedimentos de automação e a utilização de matérias-primas de alta qualidade. Considerando o impacto que a pandemia de Covid-19 teve no setor da injeção de plásticos, a Business Research Insights conclui que o mercado não só recuperou os níveis anteriores à pandemia, como está numa trajetória de crescimento, impulsionado pelas inovações tecnológicas e por uma ênfase contínua na sustentabilidade. À medida que indústrias como o comércio eletrónico e o retalho organizado se expandem, prevê-se que a procura de produtos de plástico duradouros fabricados através da moldagem por injeção aumente em conformidade. n O setor automóvel continua a ser o principal cliente dos fabricantes de peças plásticas
ENTREVISTA 20 CLÁUDIA CRISTÓVÃO, DIRETORA-GERAL DO PÓLO DE INOVAÇÃO EM ENGENHARIA DE POLÍMEROS (PIEP) “O PIEP está 100% comprometido com a inovação sustentável e a economia circular dos plásticos” Luísa Santos Nos últimos 25 anos, muito mudou na forma como a indústria e os centros de I&D interagem, com cada vez mais empresas a aproveitarem o conhecimento e a tecnologia neles instalada. Criado no ano 2000 para dar resposta às necessidades específicas da indústria de plásticos nacional, o Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros reflete esta realidade e orgulha-se de, até à data, ter realizado “mais de 350 projetos de investigação e inovação”, os mais recentes relacionados com o desenvolvimento de materiais sustentáveis, como nos conta Cláudia Cristóvão. Em entrevista, a diretora-geral do PIEP recorda o crescimento da instituição ao longo destes 25 anos e avalia o sucesso de iniciativas como a Academia PIEP, “claramente, uma aposta ganha”. O PIEP celebra este ano 25 anos de existência. Como avalia o percurso da instituição desde a sua fundação? O Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP) tem percorrido um caminho de crescimento e consolidação como o principal centro de inovação no setor dos polímeros em Portugal. Desde a sua fundação em 2000, surgiu como uma resposta direta às necessidades da indústria, servindo de interface entre a Universidade do Minho e as empresas. Ao longo dos anos, a instituição evoluiu significativamente, apostando em inovação, transferência de tecnologia e formação avançada. Alguns dos nossos marcos importantes incluem a consolidação de uma infraestrutura tecnológica de mais de
ENTREVISTA 21 3.000 metros quadrados em Guimarães, com laboratórios e equipamentos de excelência, fruto de um investimento superior a 20 milhões de euros ao longo dos anos. O PIEP também se destacou pelo seu impacto no setor, desenvolvendo mais de 350 projetos de investigação e inovação, acumulando mais de 250 publicações científicas e conquistando uma rede de mais de 700 clientes. Em 2024, atingiu o seu maior volume de negócios, superando os 5,3 milhões de euros, o que reflete o crescimento da instituição. Os desafios ao longo do percurso incluíram a necessidade constante de adaptação às mudanças do setor, às exigências regulatórias e à crescente preocupação com a sustentabilidade e a economia circular, como por exemplo o apoio às empresas na adaptação às novas regras recentemente lançadas pela União Europeia para as embalagens e resíduos de embalagens no mercado europeu. A relação entre a indústria e os centros de I&D mudou muito nestes 25 anos? Quais são, atualmente, as principais expectativas das empresas em relação a centros como o PIEP? A relação entre a indústria e os centros de I&D tornou-se mais estreita e dinâmica nos últimos 25 anos. Inicialmente, muitas empresas viam os centros de investigação como entidades distantes, focadas em projetos de longo prazo sem aplicação imediata. No entanto, a exigência por inovação acelerada e soluções práticas fez com que essa relação evoluísse para um modelo mais colaborativo. O PIEP posicionou-se como um parceiro essencial para a indústria, focado na investigação aplicada e na resposta rápida às necessidades do mercado. Atualmente, as empresas esperam não apenas inovação tecnológica, mas também soluções sustentáveis e eficientes, sendo a procura por materiais recicláveis, biopolímeros e processos de produção mais ecológicos uma prioridade, e o PIEP tem trabalhado para responder a essas novas exigências. Atualmente, o PIEP apresenta-se como um parceiro estratégico para a indústria em diversas áreas. Concretamente, que valências oferecem ao mercado? Sim, é verdade, o PIEP oferece um leque diversificado de serviços e competências que estão ao dispor das empresas. A nossa capacidade de atuação em diferentes setores de aplicação assenta não só na capacidade tecnológica que temos, mas muito no conhecimento que possuímos ao nível dos materiais sustentáveis e de elevada performance, do ecodesign de produtos e soluções, da transição climática, dos processos avançados de fabrico, das soluções de materiais compósitos, dos serviços de teste e ensaios e diagnósticos de falha, até à educação e formação avançada para a indústria, que está a ser dinamizada pela Academia PIEP, criada no final de 2023. Estas valências permitem-nos apoiar a indústria na criação de produtos mais eficientes, sustentáveis e competitivos. O PIEP conta atualmente com uma infraestrutura tecnológica de mais de 3.000 metros quadrados, instalada em Guimarães.
ENTREVISTA 22 As empresas procuram cada vez mais soluções tecnológicas que agreguem valor e promovam a inovação. Para que tipo de projetos a indústria mais vos procura? Alguma tendência específica se destaca? O PIEP tem trabalhado em projetos de grande relevância para setores como o automóvel, aeronáutica, espaço e defesa, naval, energia, embalagem, saúde e dispositivos médicos. Entre as principais tendências recentes, posso destacar o desenvolvimento de novos materiais recicláveis e biodegradáveis, a aplicação de polímeros de alta performance em componentes estruturais, o fabrico aditivo e impressão 3D para a produção de componentes de elevada performance e os projetos ligados à economia circular, como a valorização de resíduos industriais. O setor dos plásticos está a passar por uma grande transformação devido às exigências ambientais e regulatórias. Como é que o PIEP tem contribuído para o desenvolvimento de materiais biodegradáveis e compostáveis, especialmente no contexto dos plásticos de uso único? O Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros participa atualmente em mais de 30 projetos de investigação, desenvolvimento e inovação na área dos polímeros sustentáveis, dos quais cinco são internacionais e outros estão inscritos em agendas e pactos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estes projetos, com um montante de financiamento no valor de 14 milhões de euros, testemunham a liderança, compromisso e a capacidade do PIEP para criar soluções ecologicamente seguras, com foco no desenvolvimento de novos polímeros reciclados, biopolímeros e materiais biocompostáveis. Trata-se de um conjunto de projetos inovadores, que reúnem as equipas de especialistas do PIEP e parceiros, sendo alguns desenvolvidos em consórcio com várias entidades, tendo como objetivo reduzir os resíduos de materiais plásticos e promover práticas sustentáveis na indústria, rumo à economia circular. Entre os vários projetos que contam com a intervenção deste centro de tecnologia e inovação líder estão o ‘Olivepit’ e o ‘Ecoboard’, duas iniciativas pioneiras que trazem avanços significativos na área dos materiais sustentáveis, e o ‘ValorNature’, projeto desenvolvido em colaboração com a Galiza. O projeto Olivepit, desenvolvido em colaboração com a Sovena, tem o foco na transformação e valorização de caroços de azeitona, um subproduto natural da produção de azeite, em polímeros biodegradáveis. Este projeto visa reduzir e reutilizar o desperdício agrícola ao mesmo tempo que cria alternativas biocompostáveis aos plásticos tradicionais. Está a ser estudado para aplicação na indústria do calçado, mais concretamente para a produção de moldes para sapatos. O projeto Ecoboard, do qual é parceiro a IKEA Industry Portugal, empresa sueca de mobiliário, explora usos inovadores de resíduos como materiais sustentáveis na produção de placas para o transporte de móveis, oferecendo uma alternativa sustentável ao aglomerado de madeira convencional. O Ecoboard promete revolucionar a maneira como se podem utilizar os recursos, impulsionando a transição global para uma economia circular e diminuindo a pegada ecológica. A destacar também o ValorNature, um projeto liderado pelo PIEP, que envolveu mais de 50 instituições e empresas do Norte de Portugal e da Galiza para a valorização de subprodutos agroflorestais, marinhos e extrativos em áreas-chave da economia, como automóvel, aviação, naval, construção e desporto. Entre os mais de 30 produtos criados, salientam-se viseiras a partir de cabides usados; trotinetas com laminado de madeira e carbono; novas embalagens para cosmética; móveis diferenciados; cabides reciclados para a Adolfo Dominguez, entre tantos outros criados a partir de materiais como biomassa de giesta, tojo, vide, oliveira, kiwi, casca de mexilhão, pó de pedra e resíduos industriais. O projeto Olivepit, desenvolvido pelo PIEP em colaboração com a Sovena, pretende transformar caroços de azeitona em polímeros biodegradáveis, para aplicação na indústria do calçado. A relação entre a indústria e os centros de I&D tornou-se mais estreita e dinâmica nos últimos 25 anos
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