Os artigos plásticos de uso único cumprem muitas funções importantes em termos de saúde, higiene, conservação e prolongamento da vida útil dos produtos alimentares. “A sua proibição e redução pelas autoridades europeias e, consequentemente, pelas autoridades nacionais e pelos proprietários e retalhistas das marcas, realizada de forma rápida e superficial, já estão a afetar negativamente o ambiente”, refere a associação europeia de transformadores de plásticos (European Plastics Converters, ou EuPC) num comunicado emitido ontem.
A EuPC afirma ainda que “as decisões de abandono do plástico estão a ser tomadas sem considerar o impacto ambiental do material substituto escolhido ou se existe uma infraestrutura adequada de recolha e tratamento. A desconexão entre a realidade e a política cresce a cada dia”.
De salientar que a Diretiva não tem em conta que os plásticos de uso único são muito difíceis de definir e podem ser diferentes de um país para outro devido a diferenças culturais e de hábitos de consumo. Além disso, não foram tidos em conta estudos que concluem que as alternativas ao plástico são de longe menos amigas do ambiente, utilizam mais água e produzem muito mais CO2/energia. Estes fatores antecipam um impacto ambiental global da diretiva muito menos positivo do que o previsto em 2019.
No entanto, o Green Deal da EU, lançado em janeiro de 2020, indica à Europa a direção oposta. Será possível conciliar os dois objetivos?
Alexandre Dangis, diretor geral da EuPC refere: “Esperamos em breve ter a oportunidade de explicar ao Comissário Europeu Sinkevičius o que está a acontecer atualmente na economia real e os riscos de optar pela não utilização de plásticos sem uma verdadeira avaliação das consequências para a saúde, o ambiente e o emprego”.
De acordo com este responsável, declarações como “queremos proibir todas as embalagens de plástico” irão certamente significar mais danos para o nosso planeta em termos de consumo de CO2 e colocar em risco a segurança alimentar na Europa. “Esperamos que a Comissão Europeia assegure, em vez disso, a proibição definitiva da deposição de plásticos em aterros de todos os Estados-Membros. Isto significaria assumir a liderança na gestão de resíduos. Contudo, também aqui continuamos a ver muito pouca atividade e muitas ações conservadoras numa Europa fragmentada, quando se trata de planos de gestão de resíduos”, afirmou.
A EuPC alerta ainda para as consequências do Green Deal ao nível do emprego, na Europa, e refere que, até à data, todas as medidas tomadas penalizam apenas os produtos plásticos e não o comportamento, o que vai contra o desenvolvimento de um modelo de economia circular.
interplast.pt
InterPLAST - Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa