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Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa

Os efeitos da crise pandémica na atividade de reciclagem de plásticos

Nuno Aguiar, Diretor Técnico da APIP – Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos03/06/2020
O Mundo mudou!... Creio que todos o reconhecemos. É inquestionável que a pandemia do Covid-19 gerou uma crise económica e financeira, talvez sem precedentes, afetando diversos setores de atividade da economia portuguesa. Neste núcleo, figura igualmente o setor da reciclagem de plásticos, também ele representado na estrutura associativa da APIP – Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos.
Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP)
Nuno Aguiar, diretor técnico da Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP)

A verdade é que temos assistido, ao longo dos últimos meses, a uma forte diminuição da procura de materiais reciclados, em particular nos polímeros de polietileno, que é materializada na tendência decrescente das vendas destas matérias-primas, num setor que se caracteriza pela elevada especialização e concentração das aplicações finais. Neste particular, é importante destacar que a realidade portuguesa encontra paralelo em muitos outros países europeus.

Vários têm sido os fatores que têm contribuído para este quadro de crise. Desde logo, os valores de mercado das matérias-primas primárias que têm sofrido descidas acentuadas, efeito este que resulta diretamente da queda de preços do petróleo, que por sua vez serve de referência / barómetro para muitas atividades económicas. Por outro lado, temos o efeito direto da diminuição ou paragem de algumas das atividades habitualmente consumidoras de material reciclado, como são o caso da construção civil e do ramo automóvel, também elas bastante afetadas por toda esta crise pandémica.

É neste novo enquadramento que a indústria de reciclagem de plásticos tem atuado, onde a manutenção da sua atividade tem constituído o seu maior desafio, que na prática se tem traduzido numa diminuição dos ciclos produtivos ou em última análise socorrendo-se do regime de lay-off. Ora, neste contexto, importa mais do que nunca apoiar a competitividade deste setor que não pode parar, cuja atividade é considerada fundamental enquanto solução ambiental para a gestão e tratamento de resíduos, constituindo-se como um pilar essencial para a adoção dos princípios e cumprimento dos objetivos da economia circular. De entre as medidas prioritárias destacam-se as seguintes:

  • Uso de instrumentos / programas de apoio financeiro, de preferência sob a forma de subsídios à produção de reciclados;
  • Implementação de mecanismos / instrumentos que incentivem a utilização dos produtos reciclados, nomeadamente através da adoção de benefícios fiscais sobre os produtos que incorporem material reciclado e a obrigatoriedade de incorporação de percentagens mínimas de materiais reciclados nos cadernos de encargos das compras públicas;
  • Promover o ajuste dos valores-base de licitação dos diversos concursos promovidos pelas três entidades gestoras do SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens) para a compra de resíduos, de modo a estarem alinhados com os valores de mercado, algo que não se tem verificado;
  • Autorizar a deposição dos “refugos” da reciclagem nos aterros de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), observando-se o respetivo tarifário para resíduos de origem urbana. A deposição em aterro dos refugos de resíduos urbanos continua a ser “tributada” à entrada dos aterros como qualquer outro resíduo industrial, constituindo-se como o principal obstáculo económico à atividade de reciclagem.
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Mais do que nunca, é necessário sensibilizar o consumidor para a reciclagem

Embora ainda não se conheçam os dados mais recentes das quantidades de resíduos (embalagens) de plástico encaminhados para reciclagem durante os meses de confinamento, é muito provável que tenham diminuído, pelo efeito direto da contração da economia – por norma a produção de resíduos acompanha o crescimento económico. Por outro lado, é igualmente expectável que os hábitos de separação dos resíduos por parte dos consumidores tenham também eles sofrido oscilações momentâneas no decorrer deste período pandémico, período no qual foram definidas, pela tutela, orientações e recomendações específicas para a gestão eficaz e eficiente dos resíduos produzidos.

Independentemente da confirmação destes quadros, é imperioso manter a aposta em campanhas de comunicação enquanto veículo fundamental para a sensibilização dos consumidores, com vista à mudança continua de consciências e comportamentos para a adoção das melhores práticas de separação e deposição seletiva de resíduos. No mesmo nível de prioridades deverá estar o investimento nos meios que são colocados à disposição destes, principalmente num momento em que há uma necessidade crescente do uso de produtos de utilização única, como garantia da segurança alimentar e da saúde pública, agora que todos vivemos num novo normal.

Só assim podemos obter um evidente crescimento na separação de resíduos por parte da população e consequentemente um aumento da eficiência da reciclagem dos resíduos de plástico, preservando não só os recursos, numa economia que se pretende cada vez mais circular, mas acima de tudo protegendo o Ambiente, que é de todos e todos temos o dever de cuidar.

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