Centrarmo-nos nos plásticos biodegradáveis é uma potencial solução para o problema dos resíduos plásticos. Os bioplásticos, polímeros produzidos a partir de matérias-primas biológicas, dominam o panorama dos plásticos biodegradáveis e na última década houve muito interesse em torno do potencial dos bioplásticos biodegradáveis, como o ácido polilático (PLA) e os polihidroxialcanoatos (PHA). Os bioplásticos biodegradáveis decompor-se-iam naturalmente no ambiente, o que significaria que o mundo poderia continuar a produzir grandes quantidades de plástico sem ter de se preocupar com o que lhes aconteceria no final da sua vida útil.
No entanto, a realidade não é assim tão simples. Em primeiro lugar, apenas cerca de metade dos bioplásticos são biodegradáveis. “O facto de um material ser obtido biologicamente não significa necessariamente que se decomponha no ambiente de forma natural e muitos bioplásticos bem conhecidos, como o PET, de origem biológica, utilizado na garrafa de Coca-Cola, não são biodegradáveis”, conforme indicado no relatório.
A segunda questão refere-se ao que se entende por um plástico ‘biodegradável’. A maioria dos consumidores, geralmente, interpretariam o termo no sentido de que o plástico se irá decompor no ambiente de forma natural em semanas ou meses. No entanto, muitos bioplásticos ‘biodegradáveis’ não se ajustam a esta definição. O PLA, por exemplo, costuma ser considerado como biodegradável, mas apenas será decomposto em instalações de compostagem industrial, onde possa ser aquecido a uma temperatura suficientemente elevada para que os micróbios consigam decompô-lo a uma velocidade considerável. Se uma garrafa de PLA for lançada ao mar, demorará centenas de anos a decompor-se. Lamentavelmente, muitas regiões do mundo não têm acesso a estas instalações industriais de compostagem, o que significa que a utilização generalizada dos plásticos de PLA provavelmente não produziria qualquer vantagem ambiental.
Este não é o caso de todos os bioplásticos. Os PHA decompõem-se no ambiente de forma natural ao longo de meses, tal como as misturas de amido e as nanoceluloses que foram ganhando popularidade nos últimos anos. No recente relatório da IDTechEx ‘Bioplásticos 2020-2025’ é disponibilizada uma visão geral da biodegradabilidade de todos os bioplásticos comuns, assim como um debate sobre as nuances do termo ‘biodegradabilidade’ e as opções de fim de vida dos bioplásticos.
A reciclagem de plástico é outra via potencial para ultrapassar o problema dos resíduos plásticos no mundo. Embora os esforços mundiais de reciclagem tenham aumentado nos últimos anos, apenas uma pequena quantidade de resíduos plásticos é realmente reciclada - a National Geographic publicou recentemente que apenas 9% dos resíduos plásticos do mundo são reciclados. Há claramente muita margem para melhorar neste ponto.
As tecnologias de reciclagem existentes basearam-se na classificação mecânica e na fusão dos resíduos de plástico, o que frequentemente conduz a um ‘down-cycling’ dos materiais, devido aos elevados níveis de contaminação. No entanto, existe uma gama de tecnologias de reciclagem alternativas emergentes que poderá levar à obtenção de mais oportunidades na cadeia de valor dos polímeros. Por exemplo, a extração de dissolventes é um método de reciclagem que pode dar lugar a um polímero puro com propriedades mecânicas similares ou potencialmente idênticas às do material virgem. Técnicas como a pirólise e outras formas de despolimerização podem ser utilizadas para criar combustíveis e matérias-primas químicas a partir de plásticos eliminados que podem voltar à cadeia de valor mais ampla, contribuindo para uma economia mais circular. Cada uma destas técnicas, juntamente com o mercado mais amplo da reciclagem de polímeros, são analisadas mais detalhadamente no relatório da IDTechEx ‘Green Technology and Polymer Recycling: Market Analysis 2020-2030’.
Prestar uma maior atenção aos plásticos biodegradáveis e à reciclagem de polímeros poderá ajudar o mundo a ultrapassar os seus problemas relativos aos resíduos plásticos. Vários países lutam por competir com os preços historicamente baixos do petróleo que fazem com que a produção e a eliminação convencional de plásticos de uma única utilização seja, de longe, a opção mais barata, embora as tecnologias emergentes estejam a ajudar a pôr fim a este argumento. Alguns aspetos dos sistemas competem entre si. Por exemplo, uma maior atenção à reciclagem dará lugar a um potencial mercado mais pequeno para os bioplásticos, o que agravará os problemas económicos que o setor enfrenta. No entanto, apesar disso, é provável que ambas as tecnologias tenham de crescer para que o mundo tome medidas significativas contra o seu problema com os resíduos plásticos.
Para obter mais informações sobre a Investigação e Consultoria da IDTechEx, pode entrar em contacto através do e-mail research@IDTechEx.com ou aceder a www.IDTechEx.com.
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