“Atualmente, o número de robôs industriais a trabalhar em fábricas a nível mundial é o mais elevado da história”, afirma Milton Guerry, presidente da International Federation of Robotics. “Graça ao impulso da história de sucesso da automação e produção inteligente, isto representa um crescimento a nível mundial de cerca de 85% num período de cinco anos (2014-2019). O recente abrandamento das vendas em 12% reflete os tempos difíceis que as duas principais indústrias clientes, o setor automóvel e elétrico/eletrónico, têm vivido.”
“Para além disso, ainda não é possível avaliar totalmente as consequências da pandemia de coronavírus na economia global”, acrescenta Milton Guerry. “Os restantes meses de 2020 serão marcados pela adaptação à ”nova normalidade". Os fornecedores de robôs ajustam-se à procura de novas aplicações e ao desenvolvimento de soluções.
É improvável que venha a ocorrer este ano um estímulo significativo proveniente de encomendas de grande escala. A China poderá ser uma exceção, tendo em conta que o coronavírus foi identificado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan em dezembro de 2019 e o país já iniciou a recuperação no segundo trimestre. As restantes economias encontram-se atualmente num ponto de viragem. Contudo, serão ainda necessários alguns meses para que isso se traduza numa procura por robôs e projetos de automação. Em 2021 deveremos assistir a uma recuperação, no entanto, talvez apenas em 2022 ou 2023 seja alcançado um nível semelhante ao existente antes da crise."
Evolução do número de robôs industriais em funcionamento em todo o mundo. Fonte: World Robotics 2020 Report.
A Ásia continua a ser o mercado mais forte a nível de robôs industriais - o volume operacional no maior adotante da região, a China, subiu 21% e atingiu cerca de 783 000 unidades em 2019. O Japão ocupa o segundo lugar, com cerca de 355 000 unidades – um aumento de 12 %. De seguida, encontra-se a Índia, com um novo recorde de cerca de 26 300 unidades - um aumento de 15%. Num período de cinco anos, a Índia duplicou o número de robôs industriais que operam nas fábricas do país.
A quota de instalação de novos robôs na Ásia representou cerca de dois terços do fornecimento a nível global. A venda de aproximadamente 140 500 novos robôs na China encontra-se abaixo dos anos recorde de 2018 e 2017, no entanto, continua a ser o dobro do valor registado há cinco anos atrás (2014: 57 000 unidades). As instalações nos principais mercados asiáticos abrandaram – na China (menos 9%) e no Japão (menos 10%).
Na China, a grande maioria (71%) dos novos robôs foram importados de fornecedores estrangeiros. Os fabricantes chineses continuam a focar-se no abastecimento do mercado nacional, onde têm aumentado as suas quotas de mercado. A indústria automóvel recebe 29% das suas unidades a partir de fornecedores estrangeiros, com os fornecedores chineses a representarem apenas 12%. Assim, os fornecedores estrangeiros são mais afetados pelas quebras da indústria automóvel chinesa do que os fornecedores nacionais.
Principais 15 países quanto à instalação de robôs industriais a nível anual Fonte: World Robotics 2020 Report.
A Europa atingiu um volume operacional de 580 000 unidades em 2019 – aumento de 7%. A Alemanha continua a ser o principal cliente, com um volume operacional de cerca de 221 500 unidades – cerca de três vezes o volume da Itália (74 400 unidades), cinco vezes o volume da França (42 000 unidades) e dez vezes o volume do Reino Unido (21 700 unidades).
As vendas de robôs apresentam uma imagem diferenciada para os maiores mercados da União Europeia: Cerca de 20 500 robôs foram instalados na Alemanha. Este valor encontra-se abaixo do ano recorde de 2018 (menos 23%), embora esteja ao mesmo nível de 2014-2016. As vendas em França (+15%), Itália (+13%) e Países Baixos (+8%) subiram. A robótica no Reino Unido continua num nível baixo – as novas instalações abrandaram 16%. As recém-instaladas 2000 unidades no Reino Unido representam um volume dez vezes inferior face à Alemanha (20 500 unidades), cinco vezes inferior face à Itália (11 100 unidades) e três vezes inferior face à França (6700 unidades).
Densidade robótica na indústria, por país. Fonte: International Federation of Robotics.
Os EUA são o maior utilizador de robôs industriais nas Américas, tendo alcançado um novo recorde de volume operacional de cerca de 293 200 unidades – aumento de 7%. Na segunda posição encontra-se o México com 40 300 unidades, um aumento de 11%, seguido pelo Canadá com cerca de 28 600 unidades – aumento de 2%.
As novas instalações nos Estados Unidos abrandaram em cerca de 17% em 2019, comparativamente ao ano recorde de 2018. Contudo, com 33 300 unidades expedidas, as vendas continuam em alta, representando o segundo resultado mais forte de sempre. Grande parte dos robôs nos EUA são importados do Japão e da Europa. Embora não existam muitos fabricantes de robôs norte-americanos, existem diversos integradores de sistemas robóticos de renome. O México encontra-se em segundo lugar na América do Norte, com cerca de 4600 unidades – um abrandamento de 20%. As vendas no Canadá cresceram 1%, atingindo um novo recorde de cerca de 3600 unidades expedidas.
O maior volume operacional na América do Sul encontra-se no Brasil, com aproximadamente 15 300 unidades – aumento de 8%. As vendas abrandaram 17% com cerca de 1800 instalações, o que ainda assim representa um dos melhores resultados de sempre, sendo apenas batido pelo recorde de expedições em 2018.
A adoção da colaboração humano-robô está em crescimento. Assistimos a um crescimento de 11% ao nível das instalações de colaboração humano-robô. Este desempenho de vendas dinâmico contrastou com a tendência global de robôs industriais tradicionais em 2019. Com cada vez mais fornecedores a oferecem robôs colaborativos e o âmbito de aplicações a aumentar, a quota de mercado atingiu 4,8% do total de 373 000 robôs industriais instalados em 2019. Embora este mercado esteja a crescer rapidamente, ainda se encontra numa fase inicial.
Robôs industriais colaborativos e tradicionais. Fonte: International Federation of Robotics.
A nível global, a Covid-19 causou um forte impacto em 2020, contudo, representa também uma oportunidade de modernização e digitalização da produção em direção à recuperação. A longo prazo, os benefícios de aumentar as instalações de robôs permanecem inalterados: Os principais incentivos são a rápida produção e entrega de produtos personalizados a preços competitivos. A automação permite que os fabricantes mantenham a produção em países desenvolvidos, ou que a relocalizem, sem prejudicar a relação custo-benefício. A gama de robôs industriais continua a expandir – dos tradicionais robôs isolados, capazes de manusear todo o tipo de cargas de forma rápida e precisa, até novos robôs colaborativos que trabalham de forma segura junto a humanos, totalmente integrados nas plataformas de trabalho.
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