A Folhadela Rebelo - conhecida no mercado por representar em Portugal grandes marcas, como a Reifenhauser ou a KraussMaffei -, completou, em abril, 35 anos de atividade dedicada à comercialização de equipamentos para a indústria dos plásticos e da borracha. Nesta entrevista comemorativa, Manuel Folhadela, sócio-gerente da empresa juntamente com Paulo Moura e Rui Folhadela, faz uma retrospetiva dos últimos anos, fala da parceria com a espanhola Coscollola Comercial, avalia a evolução do mercado nacional e deixa uma mensagem de otimismo para o futuro.
Na sua opinião, que fatores contribuem para a longevidade da Folhadela Rebelo?
A nossa longevidade é, em grande parte, resultado da confiança depositada pelos nossos clientes. Gostaria de mencionar alguns, que nos apoiaram no início da nossa atividade e com quem continuamos a trabalhar, mas prefiro não o fazer. De qualquer forma, eles sabem quem são e quero que saibam que agradecemos muito o apoio que nos têm dado.
Por outro lado, sempre tivemos a política de investir na empresa. Isso passa por uma boa gestão de recursos, mas também por respeitarmos os prazos de pagamento dos nossos fornecedores e por premiarmos o trabalho dos nossos funcionários. Nesta época de pandemia, reforçamos esta postura. Acreditamos que é nas alturas de crise que mais devemos apoiar quem trabalha connosco.
Creio que pesa o facto de sermos uma empresa familiar, com uma grande aposta na qualidade e na fiabilidade, a que acresce um serviço pós-venda que queremos que seja de excelência. Aliás, este é um aspeto muito importante para os nossos clientes e, por isso, aumentámos recentemente a nossa equipa de assistência técnica. Mas, só dos equipamentos vendidos por nós. Não damos assistência a outras marcas nem a equipamentos das nossas representadas comprados em segunda mão noutros países. Muitas vezes, estes equipamentos foram alterados ou estão obsoletos, o que torna a sua reparação quase impossível.
Há um outro fator importante que nos distingue: quando vendemos uma máquina, oferecemos ao cliente todo o conhecimento técnico que ele precisa de ter, de forma a que se sinta realmente dono do equipamento. Acho que esta é a imagem de marca da Folhadela Rebelo.
Felizmente, temos conseguido manter todas as representadas, mesmo com a junção de marcas a que temos assistido, resultado da globalização. Creio que este facto reflete a confiança que as empresas têm no serviço que prestamos. Por outro lado, o rigor que oferecemos é o mesmo que exigimos: só trabalhamos em regime de exclusividade e com produtos de qualidade.
A representada mais antiga é, sem dúvida, a Reifenhauser, nos equipamentos de extrusão. A esta seguiu-se a KraussMaffei, nas máquinas de injeção, a Rep, nos equipamentos de transformação de borracha, a Lemo, para a produção de embalagens flexíveis, a Weber, na extrusão de tubos e perfis e, finalmente a Illig, nos equipamentos para termoformagem.
Em 2014, estabelecemos um acordo com a empresa espanhola Coscollola para distribuir cá os periféricos da Frigel e da Regloplas. Também em regime exclusividade para o mercado português e com assistência técnica incluída.
De facto, a maioria das vossas representadas é alemã. É uma coincidência?
Sim. Na altura em que apareceram as primeiras máquinas para plásticos, as principais empresas fabricantes eram inglesas ou alemãs. A Reifenhauser foi das primeiras a fabricar máquinas para a indústria de plásticos e componentes como os sem-fins, ou os parafusos das máquinas, e a estar na origem do nascimento de outras marcas. Acho que foi por isso que o meu pai procurou esta representada. E, depois, uma marca chamou a outra.
Por outro lado, os alemães têm uma forma de trabalhar baseada no profissionalismo e na confiança, que se coaduna com a nossa.
A pandemia afetou-nos, como afetou a maioria das empresas. Na fase inicial, estivemos cerca de dois meses parados. Dois meses em que não vendemos nem novos equipamentos nem peças de reposição, e isso refletiu-se na faturação. Ainda assim, não optámos pelo layoff e, felizmente, conseguimos cumprir com as nossas obrigações. Nesta fase, continuamos apreensivos, mas, felizmente, já conseguimos recuperar esse período de paragem.
Alguns dos nossos clientes reagiram bem e até aumentaram a sua atividade. Principalmente, empresas do setor da embalagem ou dos dispositivos médicos. A própria indústria automóvel teve um abrandamento, muito também pela indefinição das fontes de combustível, mas está a recuperar bem.
De qualquer forma, acho que estamos a assistir a mudanças contínuas causadas por fatores decorrentes da pandemia, como o teletrabalho. Ainda não sabemos que consequências é que isso terá nos mercados. Mas, estou convencido que, principalmente estes três setores (embalagem, médico e automóvel), vão recuperar bem.
Em geral, sim. Posso dizer-lhe que estamos a ter um ano muito interessante, principalmente na área dos periféricos, e que os nossos objetivos para esta fase estão perfeitamente cumpridos. Notamos também uma melhoria nos prazos de pagamento.
Há várias empresas transformadoras de plásticos a investir, principalmente nas áreas da embalagem e da injeção, mas muitas estão a optar por equipamentos de menor durabilidade, e mais baratos, para fazer face a projetos também eles mais curtos. Neste aspeto, vamos ter de nos adaptar, de forma a poder oferecer equipamentos numa gama de preços mais baixa, nunca abdicando da qualidade e fiabilidade.
Agora, o ano estaria melhor se não fosse a crise [da falta e do aumento de preços] das matérias-primas. Mas as indicações que temos é que a situação já está a começar a normalizar-se. Resta que a Europa comece a olhar mais para si própria e agilize a tomada de decisões para evitar estas situações.
Sempre fui muito crítico em relação aos ataques ao plástico. Continuo a pensar que o verdadeiro problema da poluição é a falta de educação para a reciclagem. É uma questão civilizacional, mais do que qualquer outra coisa.
Mas, sim, acho que a imagem do material sai reforçada desta pandemia. Hoje, todos percebemos que o plástico é imprescindível, não só no setor da saúde, mas também nas nossas casas, empresas, etc. No entanto, ele tem de ser bem utilizado e descartado no local correto. Não consigo conceber que alguém deixe plástico numa praia, ou onde quer que seja, que não no ecoponto.
Este ano apostámos muito na divulgação dos sistemas de refrigeração Ecodry, da Frigel, que permitem uma enorme poupança no consumo de água e 100% 'legionella free'. Estes equipamentos têm tido muito boa aceitação por parte do mercado. Além disso, estamos a ter um ano muito bom na área dos periféricos, muito graças à qualidade dos equipamentos, mas também à assistência técnica permanente e a um nível de preços competitivo.
Por outro lado, a área da termoformagem também tem vindo a evoluir favoravelmente, com novas soluções para a indústria alimentar, mas não só, também para setores onde esta tecnologia é menos utilizada, como o automóvel.
Na injeção, acho que a maior evolução vai acontecer na qualidade e rapidez dos equipamentos. Na extrusão, vamos assistir ao aparecimento de equipamentos capazes de produzir filmes multicamada feitos à medida de cada aplicação.
Mas a evolução não acontece só nos equipamentos. Cada vez mais vemos as empresas, inclusive as multinacionais, a colocar as pessoas no centro da equação. Numa altura em que se fala tanto de automação e robotização, importantes para garantir a qualidade e repetibilidade dos processos nas grandes séries, o elemento humano está a ganhar importância, o que é muito interessante.
A Coscollola está no mercado há muitos anos, praticamente desde o início da indústria de plásticos. A nossa relação de amizade com o fundador, Enrique Coscollola, vem de longa data, da altura em que ele, sempre muito ligado ao fabrico de máquinas, comprou vários moldes em Portugal. Em 2014, essa amizade transformou-se em cooperação comercial, inicialmente apenas com a assistência técnica aos seus equipamentos em todo o Norte da Península Ibérica, e evoluiu para a comercialização dos periféricos da Frigel e da Regloplas em território nacional.
Esta cooperação tem sido muito positiva. A Coscollola também é uma empresa de espírito familiar e isso tem potenciado não só uma boa relação comercial, como também uma forte amizade baseada na confiança.
Antonio Muñoz, diretor comercial da Coscollola, empresa parceira da Folhadela Rebelo.
O mercado português da borracha é um mercado pequeno, tradicionalmente composto por empresas que se dedicavam à compressão, mas que, há cerca de 20 anos atrás, evoluiu para a injeção, área onde atua a Rep. Nessa altura, várias empresas começaram a fazer cabos elétricos para a indústria automóvel e surgiu uma grande procura de componentes em borracha como ‘passa-cabos’ e outros. A grande vantagem da injeção é a eliminação do desperdício de matéria-prima. É, sem dúvida, um mercado em crescimento e em constante evolução, com a integração de soluções de automação. Em Portugal, temos várias empresas conceituadas a nível europeu, a trabalhar muito bem.
Não é o nosso ‘core business’, mas é um serviço que queremos manter. Apesar de em Portugal ainda existir muito a ideia de que não vale a pena recondicionar equipamentos, a verdade é que, muitas vezes, compensa, não só por uma questão económica, mas também porque, com esse serviço, podemos otimizar muitos dos aspetos da máquina.
A Folhadela Rebelo está otimista em relação ao futuro. Creio que vamos assistir a uma grande evolução nos principais mercados e que isso se vai traduzir em novas oportunidades de negócio e em novos equipamentos. No mercado nacional, notamos uma procura crescente de equipamentos com um tempo de duração equivalente ao de cada projeto e é nossa intenção dar resposta a esta procura.
Finalmente, a nossa expectativa é que a indústria de plásticos, em geral, consiga sair reforçada desta crise. Acreditamos que, quando pudermos voltar a reunir-nos sem restrições, vamos encontrar as soluções para que tal aconteça. Nós, estaremos cá para fazer a nossa parte.
Uma parceria entre amigos
A relação entre a Folhadela Rebelo e a Coscollola remonta aos anos 70 do século passado com a colaboração inicial entre fundadores de ambas as empresas. Esta relação, baseada na confiança e na amizade, perdura e foi reforçada há sete anos atrás, na segunda geração de ambas as empresas, com o acordo de distribuição em território nacional dos equipamentos Regloplas e Frigel.
Antonio Muñoz, diretor comercial para a área da injeção da Coscollola salienta que esta é “uma colaboração de enorme sucesso, resultado do entusiasmo de uma equipa excecional, que fazem da Folhadela Rebelo uma empresa líder no seu país”. E conclui: “A família Coscollola e toda a equipa da Coscollola Comercial SL desejam à Folhadela Rebelo muitos parabéns e o maior sucesso para o futuro”.
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