Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa

A contribuição dos plásticos para um futuro sustentável

Alicia Martín, diretora geral da PlasticsEurope para a região ibérica

13/09/2021
A vida tal como a conhecemos hoje não seria possível sem os plásticos. Encontramo-los nas embalagens, no vestuário, nos edifícios, nos automóveis, nos aviões, nos telemóveis, na agricultura, em dispositivos médicos e em muitas outras aplicações. Sem eles, teríamos de renunciar ao progresso, bem-estar, conforto e segurança em áreas essenciais como a alimentação, a mobilidade e a medicina.

Porém, hoje em dia os plásticos estão a ser demonizados, essencialmente, devido à má gestão dos resíduos. E estamos a penalizar um material que, na realidade, é um grande aliado na luta contra as alterações climáticas. Na conservação de carne vermelha, por exemplo, as soluções avançadas de embalagem de plástico podem prolongar o tempo de vida ótimo do alimento em até dez dias, ou mais. Tanto que um grande retalhista britânico decidiu mudar as embalagens de carne em atmosfera modificada para embalagens ‘skin pack’, conseguindo, com esta alteração, reduzir as perdas em loja de 16% para 4%. Isto não só poupa dinheiro e emissões de CO2, como também poupa os 15.000 litros de água necessários para produzir cada quilo de carne.

Alicia Martín, diretora geral da PlasticsEurope para a região ibérica

Alicia Martín, diretora geral da PlasticsEurope para a região ibérica.

Os plásticos também ajudam a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e a promover a mobilidade sustentável, tornando os produtos e meios de transporte muito mais leves do que os fabricados com outros materiais. Um carro pode poupar até 750 litros de combustível ao longo da sua vida graças à natureza leve dos plásticos.

Além disso, contribuem para uma maior eficiência energética dos edifícios, graças às propriedades isolantes que conferem às janelas, fachadas e sistemas de isolamento. Como exemplo, uma placa de isolamento de plástico instalada numa casa pode poupar mais de 250 vezes a energia que foi utilizada para o seu fabrico.

Todos estes exemplos são bons indicadores do rumo do setor dos plásticos no seu propósito de ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e no seu compromisso para com uma economia circular de baixo carbono. Este modelo, oposto à produção linear e descartável, baseia-se numa utilização mais eficiente dos recursos, para que possam ser incorporados de novo no ciclo de produção durante o máximo de tempo possível.

Contudo, neste roteiro para uma economia circular, há dois aspetos fundamentais a ter em conta: a análise holística e integral do ciclo de vida de cada produto e a cooperação multissetorial, crucial para que todos possamos avançar em conjunto nesta transição ecológica.

No roteiro para uma economia circular, há dois aspetos fundamentais a ter em conta: a análise holística e integral do ciclo de vida de cada produto e a cooperação multissetorial, crucial para que todos possamos avançar em conjunto nesta transição ecológica

A PlasticsEurope, como associação pan-europeia que representa os produtores de matérias-primas plásticas, está a trabalhar em projetos e iniciativas que visam melhorar ainda mais a circularidade dos plásticos em todas as fases do seu ciclo de vida. Isto implica, entre outros aspetos, ser menos dependente de combustíveis fósseis. De facto, hoje em dia encontramos exemplos de plásticos obtidos a partir da captura de CO2 ou de fontes orgânicas, biológicas e renováveis.

É inegável que a indústria de plásticos está claramente empenhada em aumentar a utilização de material reciclado. Prova disso é o envolvimento do setor na Circular Plastics Alliance (CPA), uma plataforma multi-stakeholder criada pela Comissão Europeia, cujo objetivo é impulsionar o mercado de plásticos reciclados na UE e conseguir a incorporação de 10 milhões de toneladas de plásticos reciclados em novos produtos até 2025. Portugal foi o primeiro Estado-membro (e, até agora, o único) a aderir à CPA, da qual a PlasticsEurope também é signatária.

Avançar para uma maior sustentabilidade significa também procurar soluções inovadoras para encorajar a reutilização e aumentar a proporção de produtos recicláveis e reciclados, que aumentem a eficiência dos nossos materiais. E é aqui que a conceção ecológica, a incorporação de critérios ambientais no design e desenvolvimento de cada produto e mesmo de cada matéria-prima, é fundamental. De facto, hoje em dia já encontramos embalagens com designs mais leves que procuram tirar o máximo partido do conteúdo, estruturas melhoradas para aumentar a reciclabilidade e facilmente separáveis, de forma a facilitar a separação ótica nas fábricas de reciclagem.

Para além destas áreas de trabalho, em que cooperamos estreitamente com toda a cadeia de valor, a transição para um modelo circular e neutro do ponto de vista climático implica também evitar que os resíduos, incluindo os plásticos, acabem no ambiente. Assim, desde 2011, 80 associações da indústria de plásticos de 43 países assinaram a declaração Marine Litter Solutions, uma iniciativa que apoia e promove quase 400 projetos em todo o mundo para combater o lixo marinho.

Outra iniciativa levada a cabo pelo setor, que contribui para este objetivo, é o programa Operation Clean Sweep, implementado na Europa em 2017 e liderado em Portugal pela Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP). Este programa visa promover boas práticas de limpeza e controlo em todas as operações na quais se manuseiam pellets, a fim de evitar que estes acabem involuntariamente no ambiente, particularmente no meio aquático. Até à data, mais de 70 empresas portuguesas da cadeia de valor dos plásticos, incluindo produtores, transformadores, operadores logísticos e distribuidores, assinaram o compromisso OCS.

A PlasticsEurope está a desenvolver, a nível europeu e em conjunto com toda a cadeia de valor, um esquema de certificação para OCS, que deverá estar disponível a partir de 2022

Portugal é, de resto, um dos países europeus mais empenhados em implementar uma economia circular para os plásticos. Prova disso é o Pacto Português para os Plásticos (PPP), uma plataforma colaborativa liderada pela Associação Smart Waste Portugal, que faz parte da rede internacional da New Plastics Economy (Fundação Ellen Macarthur) e conta já com 80 membros de toda a cadeia de valor. Recentemente, os membros do PPP definiram o Roadmap 2025, um documento onde se identificam as metas para os próximos quatro anos, bem como medidas específicas para as alcançar e as responsabilidades de cada entidade.

Para além deste tipo de iniciativas, há que mencionar o empenho da indústria no desenvolvimento de novas formas de aproveitar ao máximo os resíduos, tais como a reciclagem química. Trata-se de uma tecnologia inovadora, complementar à reciclagem mecânica, que permite obter novas matérias-primas com uma qualidade idêntica à dos materiais virgens, ao mesmo tempo que permite reciclar um maior volume de plástico, uma vez que pode tratar frações cuja reciclagem mecânica é mais complexa.

O compromisso da nossa indústria no desenvolvimento de novas soluções circulares é tal que os produtores europeus de plásticos anunciaram um plano de investimento de 7.200 milhões de euros em reciclagem química até 2030. A nossa indústria já está a investir fortemente e a colaborar com parceiros inovadores na cadeia de valor para impulsionar a reciclagem química. Estes planos de investimento são, sem dúvida, mais um passo no sentido da mudança para uma economia circular de baixo carbono, e uma forma de alcançar uma mudança sistémica com novas soluções: diversificação de matérias-primas, novas infraestruturas, novos modelos de negócio e novos materiais, prevenção de resíduos e conceção ecológica, entre outros.

E a toda esta inovação acrescenta-se a cooperação. A economia circular é um ‘jogo de equipa’ e nenhum setor ou agente social pode alcançá-la sozinho. Um exemplo de sucesso desta colaboração é o programa voluntário para o desenvolvimento sustentável da indústria europeia do PVC, VinylPlus. Uma iniciativa de toda uma cadeia de valor, que nasceu há 20 anos e que, desde então, conseguiu que quase 6 milhões de toneladas de PVC frossem recicladas. De facto, a 17 de junho, foi anunciado o VinylPlus 2030, o novo Compromisso de 10 anos, com o qual este setor industrial quer dar mais um salto rumo à sustentabilidade.

O futuro dos plásticos reside em continuar a transmitir à sociedade a sua natureza essencial, encorajando ao mesmo tempo o investimento em I&D&I para os tornar cada vez mais circulares. Um mundo sem plástico não é possível nem sustentável. A chave é a produção sustentável, o consumo responsável e a consciência, tanto a nível pessoal como institucional, de como devemos gerir corretamente os resíduos no fim da sua vida útil, para que possamos continuar a desfrutar de tudo o que os plásticos nos proporcionam sem afetar o ambiente.

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