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Informação profissional para a indústria de plásticos portuguesa
Pedro Alves, Diretor Comercial da Helexia, afirma:

“As indústrias podem reduzir os custos com energia elétrica até 24%”

Ana Clara24/02/2022

A Helexia realizou um estudo em três setores da indústria nacional onde tem forte presença: Agroalimentar, Cerâmica/Vidro e Plásticos/Borrachas. Uma das conclusões é a de que cada vez mais se deve olhar para a energia como um fator competitivo. Em entrevista à Induglobal, Pedro Alves, Diretor Comercial da Helexia e autor do estudo, realça que este trabalho foca-se no consumo de energia elétrica e os três setores analisados "estão em fases diferentes de maturidade relativamente ao seu autoconsumo". Mas uma coisa é certa: "a produção de eletricidade local é, provavelmente, a medida prioritária e com retorno mais rápido".

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Fale-me um pouco deste estudo realizado junto dos setores Agroalimentar, Cerâmica/Vidro e Plásticos/Borrachas e a que conclusões mais importantes, a nível energético, chegaram.

Portugal atingiu em 2019 o valor mais elevado de exportações, 95.6 mil milhões de euros o que correspondeu a 45% do produto interno bruto. Por ter um mercado local com dimensão reduzida, as empresas portuguesas dificilmente são competitivas na produção em escala, facto agravado por maiores custos de transporte devido à localização periférica. No entanto, Portugal possui recursos de energia endógenos que podem conferir uma vantagem competitiva às empresas através da produção descentralizada de energia, através de tecnologias como a solar, eólica ou biomassa. Uma análise a três setores relevantes para as exportações, nos quais, a Helexia desenvolveu projetos de centrais fotovoltaicas descentralizadas, permite concluir que as indústrias podem reduzir os custos com energia elétrica até 24% e aumentar o EBIT em 2 pontos percentuais.

Sendo setores exportadores e competitivos, que medidas é possível já dar nota a nível da sua implementação rumo à eficiência energética?

Este estudo foca-se no consumo de energia elétrica e os três setores analisados estão em fases diferentes de maturidade relativamente ao seu autoconsumo, ou de geração local de energia. Enquanto o setor Agroalimentar tinha, em 2019, uma quantidade de energia elétrica gerada localmente de 3.2% do consumo total, os setores da cerâmica/vidro e plásticos/borrachas tinham apenas 0.5%.

A análise da Helexia conclui que todos os setores têm um potencial de crescimento para um autoconsumo superior a 10%, sabendo que individualmente diversas instalações industriais têm a capacidade de absorver até 40% de eletricidade gerada localmente.

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Sendo a energia um dos fatores mais importantes a nível de competitividade, que radiografia é possível fazer nestes setores no que respeita a uma estratégia prioritária?

A produção de eletricidade local é, provavelmente, a medida prioritária e com retorno mais rápido. As empresas podem optar por um investimento com capitais próprios e um payback simples da ordem dos cinco anos. Ou podem optar por investimento externo, tipicamente a 15 anos, e beneficiar de um desconto imediato da ordem dos 30% sobre os custos de eletricidade. Como segunda prioridade, as empresas devem praticar uma gestão ativa da sua energia. Por gestão ativa entende-se a monitorização contínua dos consumidores internos de energia, a análise sistemática de tendência e desvios, e a comunicação com os utentes da instalação. Estima-se que a gestão ativa da energia, com uma equipa dedicada a analisar e estimular bons comportamentos, consegue obter reduções da ordem dos 6% dos consumos. E, finalmente, como terceira prioridade, as empresas devem converter os equipamentos menos eficientes e emissores de gases com efeitos de estufa, como o dióxido de carbono (ou CO2). Por exemplo, numa indústria alimentar com necessidades de vapor para o processo produtivo, pode converter-se um gerador de vapor a gás natural para uma caldeira a biomassa com alimentação automatizada. Além de poupanças imediatas da ordem dos 15%, incluindo custos operacionais e de investimento, obtém-se uma redução drástica de emissões de CO2.

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A produção de eletricidade local é, provavelmente, a medida prioritária e com retorno mais rápido. As empresas podem optar por um investimento com capitais próprios e um payback simples da ordem dos cinco anos

Quanto a redução de emissões, a que conclusões gerais chegaram?

Voltando ao estudo sobre a geração de energia elétrica descentralizada, a tecnologia solar fotovoltaica permite gerar eletricidade sem emissão de gases com efeitos de estufa. Por oposição, a energia fornecida por um comercializador tem uma incorporação de CO2 relacionada com as fontes de produção (por exemplo centrais a gás e barragens, entre outras). Nos projetos apresentados pela Helexia nestes setores, a redução de emissões varia entre a 200 e as 2 100 ton CO2 por ano. A diferença explica-se pela maior dimensão das empresas no setor dos plásticos e borrachas e pela utilização de outras fontes de energia no setor agroalimentar.

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O estudo indica que as empresas podem aumentar o EBIT em 2 pontos com energia renovável descentralizada. Esta é uma das grandes mais-valias que a transição energética traz para as empresas e para a forma como crescem e também comunicam? Em que medida?

A Helexia defende um modelo de negócio suportado na eficiência económica e ambiental. Embora a sustentabilidade ambiental seja uma preocupação das empresas há alguns anos, é necessário manter a competitividade económica perante os concorrentes. E a evolução de algumas tecnologias de geração descentralizada, como a solar fotovoltaica, a eólica e a queima de biomassa, permitiram que projetos ecologicamente sustentáveis se tornassem também economicamente sustentáveis. Ao adotar uma destas tecnologias para a geração de energia, uma empresa aumenta a competitividade económica e reduz as emissões de gases com efeitos de estufa, o que permite posicionar-se de forma mais competitiva em cadeias de fornecimento sofisticadas. A redução da pegada carbónica é crescentemente um fator diferenciador na aquisição de produtos pelo consumidor, o que confere às marcas que abraçam a transição energética uma maior capacidade de capturar valor.

O agroalimentar é um dos setores onde o potencial de poupança é notório. Qual a razão, comparado com os outros setores analisados?

As empresas analisadas neste setor têm duas caraterísticas que tornam os projetos de geração renovável fotovoltaica mais competitivos:

  • A dimensão das coberturas é suficiente para instalar uma central de dimensão adequada ao consumo;
  • A laboração é contínua e existem consumos de energia aos fins-de-semana.

Em muitos casos, uma empresa tem grandes necessidades de energia e pouca área para instalação de módulos fotovoltaicos, ou o inverso. Também em muitas empresas industriais, a laboração é limitada aos dias úteis e a energia gerada aos fins-de-semana é injetada na rede, remunerada a um valor baixo tornando os projetos menos rentáveis. O dimensionamento correto do projeto, incluindo a orientação e a escolha da topologia, é essencial para a competitividade económica.

Tendo a Helexia experiência nesta matéria e nas questões de energia e transição energética, como analisa a forma como as empresas encaram, hoje, cada vez mais esta matéria? Estamos na viragem do paradigma ou ainda falta trilhar um caminho longo?

Claramente estamos na viragem! Potenciada pelo choque dos preços da energia, tanto da eletricidade como do gás, a motivação para implementar projetos de transição energética é muito elevada junto do tecido empresarial. Numa primeira fase, as empresas optam pelos projetos com maior retorno, como o solar fotovoltaico, mas a Helexia está neste momento a discutir diversos projetos de gestão ativa de energia e troca de combustível de gás para biomassa. Embora pressionados por fatores económicos, os empresários compreendem a importância da descarbonização dos seus produtos e do impacto na competitividade no mercado global. Por se tratar de projetos inovadores e com necessidade de investimento, a Helexia está disponível a investir na transição energética dos clientes com garantias de performance a longo prazo.

Que desafios e constrangimentos ainda emergem à indústria nacional em geral?

Talvez o maior constrangimento seja a falta de informação. Embora a energia seja um tema de conhecimento geral no meio empresarial e haja múltiplos fornecedores de produtos e serviços, as empresas nem sempre têm conhecimento sobre as tecnologias e modelos de negócio disponíveis. O acesso a múltiplas opções para descarbonização da uma empresa é essencial para alinhar o ciclo de investimento com os ciclos específicos de cada setor. Já o maior desafio será a capacidade de externalizar a gestão de energia para se focar no seu negócio. Assim como uma empresa entrega a gestão de frotas automóveis, incluindo a manutenção e financiamento a uma empresa especializada, poderia externalizar a gestão de energia a uma empresa especialista. Desta forma, pode garantir não só a aplicação das melhores práticas na análise e operação dos equipamentos, através de um contrato com garantia do nível de serviço, como também focar os seus recursos no core business da empresa.

Pedro Alves

Pedro Antão Alves tem mais de 20 anos de experiência em empresas multinacionais e startups, nos domínios da tecnologia e da energia.

Trabalhou na National Instruments, ENGIE e ISQ, entre outras entidades, em diversas funções comerciais até Chief Sales Officer e como CEO da HBM FiberSensing.

Atualmente, colabora com a Helexia na construção de soluções de descarbonização orientadas para as necessidades dos clientes industriais.

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