Até há pouco tempo, os bioplásticos presentes no mercado estavam limitados a aplicações como os filmes agrícolas ou sacos para lixo. Graças ao elevado investimento em investigação nesta área, hoje, os biopolímeros são utilizados em aplicações exigentes como as embalagens alimentares ou peças para automóvel e espera-se que o seu uso se intensifique ainda mais nos próximos anos. Na oitava edição do Seminário Internacional sobre Biopolímeros e Compostos Sustentáveis, realizado pela Aimplas nos dias 1 e 2 de março, vinte oradores debateram os desafios e oportunidades que esta indústria enfrenta e apresentaram as suas inovações e histórias de sucesso.
Atualmente, a produção mundial de bioplásticos é de 2,2 milhões de toneladas, mas, como disse Constance Ißrüker da European Bioplastics durante o evento, prevê-se que esse número triplique até atingir 6,3 milhões de toneladas em 2027. As aplicações que mais se espera que cresçam são as relacionadas com a agricultura, que irão aumentar de 4% para 5% da produção total.
Por seu lado, Theodora Nikolakopoulou, da Comissão Europeia, destacou a preocupação da Europa com a proteção dos solos agrícolas e explicou que a partir de julho de 2026 será obrigatório que todos os fertilizantes de ação controlada comercializados na Europa sejam biodegradáveis. Neste sentido, Elena Domínguez, investigadora em Agricultura da Aimplas e coordenadora técnica do seminário, explicou como o centro tecnológico está a aconselhar a Comissão Europeia sobre os critérios que estes tipos de aplicações devem satisfazer para garantir o seu estatuto de biodegradáveis.
Jordi Simón, da Asobiocom, centrou-se nas aplicações compostáveis e salientou a importância de restringir a sua utilização às aplicações em que acrescentem vantagens relacionadas com o fim de vida dos produtos, reduzindo o seu impacto no ambiente, deste que garantam a funcionalidade dos mesmos.
O segundo bloco, dedicado à normalização e certificação, foi moderado por Johana Andrade, investigadora do laboratório de Biodegradabilidade e Compostagem da Aimplas e coordenadora técnica do Seminário. Andrade salientou a importância destas iniciativas quando se trata de comunicar as vantagens dos bioplásticos para assegurar a sua correta utilização e gestão no fim de vida, de modo a que os benefícios ambientais esperados sejam obtidos.
Na mesa redonda dedicada aos compostáveis, foram apresentados os resultados positivos dos testes realizados em instalações industriais, provando a sua completa biodegradação e a obtenção de composto de qualidade com uma redução de resíduos impróprios no mesmo.
Crescimento acelerado dos ácidos polilácticos e amido
De acordo com a Cerasana, os ácidos polilácticos (PLA) e os polímeros de amido atingiram uma quota de mercado de 65% do mercado total de bioplásticos em 2021. A consultora estima, para este grupo de produtos, um crescimento de volume adicional de 10,4% por ano até 2031. Para os plásticos de base biológica que não são biodegradáveis, tais como o polietileno, PET ou PA, espera-se um crescimento inferior, de 7,5% por ano.
O último relatório de mercado da empresa analisa a forma como a utilização de bioplásticos está a desenvolver-se nos vários mercados de venda. A área de aplicação mais importante em 2021 foi a indústria de embalagem: 58% de todos os bioplásticos foram processados neste segmento, principalmente para produção de sacos e bolsas.
Empresas de toda a cadeia de valor exibiram neste seminário as suas inovações em materiais e produtos. Os participantes puderam ver em primeira mão desde aditivos que facilitam a processabilidade ou compatibilização de biopolímeros até garrafas de água feitas de PLA reciclado com as mesmas propriedades e qualidade que o material virgem, e, uma novidade absoluta, dispositivos pirotécnicos para espetáculos de fogo de artifício feitos de bioplástico. Foi também apresentada uma variada gama de embalagens, tampas e garrafas compostáveis que podem ser processadas por máquinas convencionais e com as mesmas propriedades que os plásticos tradicionais.
Finalmente, a Aimplas apresentou os resultados de alguns dos seus projetos para a indústria de embalagens, tais como embalagens barreira biodegradáveis feitas de resíduos alimentares, filme de plástico obtido a partir de resíduos de café, embalagens ativas feitas de resíduos da indústria queijeira para prolongar a vida útil do queijo e cartuchos para impressão de alimentos em 3D.
Para o setor agrícola, foram apresentadas tintas de origem natural para o controlo de pragas nos campos e espumas para culturas hidropónicas a partir de resíduos da indústria avícola, bem como um produto compostável semelhante ao cartão feito a partir dos restos da poda e prensagem do cultivo da vinha.
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