A procura por soluções sustentáveis e livres de aditivos sintéticos para prolongar a vida útil dos produtos cárneos impulsiona o desenvolvimento de embalagens comestíveis com propriedades antimicrobianas. Essas tecnologias ativas e biodegradáveis estão a redefinir a forma de conservar e proteger os alimentos, alinhando-se à procura do mercado e às políticas europeias.
Uma embalagem que protege e age
De acordo com um estudo publicado no portal ScienceDirect, os revestimentos comestíveis - sejam filmes ou camadas aplicadas diretamente sobre a superfície do produto - são elaborados a partir de biopolímeros naturais, como proteínas, polissacarídeos ou lípidos, com a adição de agentes ativos que lhes conferem propriedades antimicrobianas ou antioxidantes.
Ao contrário das embalagens tradicionais, estas soluções não só são comestíveis ou biodegradáveis, como também atuam sobre a carga microbiana dos alimentos, prolongando a sua vida útil desde o primeiro momento de contacto.
Nos últimos anos, a investigação avançou significativamente na formulação destas películas, ajustando parâmetros como a permeabilidade ao oxigénio, a estabilidade mecânica ou a taxa de libertação dos agentes ativos. Ingredientes como peptídeos antimicrobianos (AMP), óleos essenciais ou nanopartículas metálicas - como as de zinco ou prata - foram incorporados a matrizes poliméricas otimizadas, permitindo um controlo mais eficaz do desenvolvimento microbiano.
Avanços recentes no uso de peptídeos antimicrobianos
Várias pesquisas recentes demonstraram que embalagens comestíveis que incorporam peptídeos antimicrobianos (AMP) podem prolongar significativamente a vida útil de carnes e produtos cárneos.
A nisina é o AMP mais estudado e foi incorporado com sucesso em materiais comestíveis como alginato de sódio, colagénio, gelatina ou quitosana, demonstrando alta eficácia na conservação de fatias de carne bovina, peito e filé de frango, presunto curado a seco, carne suína e salsichas tipo Viena.
Da mesma forma, outros peptídeos como a sakacina A, a ε-polilisina, a Lfcinβ, PLGG, MBP-1, LL-37, Cys-LL-37, RW4 ou melitina demonstraram capacidade para retardar o crescimento microbiano em diferentes tipos de carne, desde carne bovina e suína até produtos prontos a consumir, como peito de peru ou carne de porco fumada.
Vantagens técnicas e funcionais
Entre os principais benefícios desta tecnologia destacam-se:
Além disso, o seu caráter comestível ou biodegradável responde às exigências de sustentabilidade estabelecidas tanto pela regulamentação europeia como pelas expectativas do consumidor.
Barreiras para a adoção industrial
Apesar do potencial, a implementação industrial destes revestimentos ainda apresenta desafios. Um dos principais é a escalabilidade: transferir formulações de laboratório para linhas de produção requer ajustes na maquinaria, tempos de aplicação e validação da estabilidade a longo prazo. Também é necessário considerar a interação com os alimentos, uma vez que fatores como o pH, a atividade da água ou a gordura superficial podem influenciar a eficácia antimicrobiana.
Por outro lado, a segurança e a legalidade dos componentes são um aspeto crítico. Os agentes ativos devem ser autorizados pela EFSA e demonstrar que não apresentam migrações indesejadas nem toxicidade.
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