Federação Internacional de Robótica (IFR) publica relatório sobre adoção regional desta tecnologia
A Federação Internacional de Robótica (IFR) publicou, em julho de 2025, um relatório pormenorizado sobre “Robôs Humanoides: Visão e Realidade”. O documento responde à intensa atenção dos media e ao interesse público gerado por cenários de ficção científica e vídeos recentes que sugerem uma revolução robótica iminente. O objetivo central da construção destes robôs é realizar tarefas em ambientes já concebidos para os seres humanos, e fazer com que a robótica ultrapasse os seus limites na investigação e nas aplicações práticas. A visão, a longo prazo, é criar um robô de uso geral que possa executar uma grande variedade de tarefas e não apenas uma função específica.
Os humanoides estão a evoluir de protótipos de investigação para máquinas com potencial comercial, especialmente em ambientes onde é necessária flexibilidade em tarefas concebidas para humanos. Os principais clientes identificados pelo IFR são os fabricantes, os operadores logísticos e os prestadores de serviços. A indústria automóvel é pioneira em projetos-piloto comerciais, utilizando humanoides para tarefas como a montagem de kits, a manutenção de máquinas e a monitorização de processos. A sua conceção bípede permite-lhes deslocar-se em fábricas e armazéns originalmente construídos para trabalhadores humanos, facilitando a automatização das instalações existentes.
No setor dos serviços, espera-se que assumam funções no comércio a retalho, na hotelaria e como apoio no setor dos cuidados de saúde para tarefas de rotina e de transporte, aliviando a carga dos prestadores de cuidados. Os avanços no processamento da linguagem natural e no reconhecimento de emoções estão também a melhorar a sua capacidade de interagir com clientes ou pacientes, aumentando a sua utilidade em funções de serviço público.
A abordagem à robótica humanoide varia consoante a região. Nos EUA, o investimento privado e as empresas em fase de arranque impulsionam o desenvolvimento. O interesse está concentrado na logística, nos cuidados de saúde e na indústria transformadora, sendo vistos principalmente como ferramentas para aumentar a produtividade e a eficiência. Por seu lado, o relatório refere que a China fez dos humanoides um pilar da sua estratégia nacional, com o objetivo de produção em massa. O foco principal é a utilização no setor dos serviços (como o serviço ao cliente), e procuram estabelecer uma cadeia de fornecimento escalável para os componentes essenciais. O Japão, por outro lado, com uma longa história no domínio da robótica, vê os humanoides mais como companheiros sociais do que como meras ferramentas. São utilizados em ambientes educativos, lojas e, fundamentalmente, em instalações de cuidados para idosos, refletindo as necessidades da sua sociedade envelhecida.
A Europa apresenta uma abordagem mais cautelosa, centrada nas implicações éticas e na conceção centrada no ser humano, em conformidade com a regulamentação da UE em matéria de IA. As empresas europeias são mais prudentes na utilização da automatização, dando prioridade aos robots colaborativos que trabalham ao lado dos seres humanos, procurando melhorar a segurança e a eficiência em vez de os substituir.
Robô humanoide ,que interage com operadores, numa unidade de produção.
Do ponto de vista económico, a tecnologia ainda enfrenta um desafio em termos de custos. O elevado preço dos materiais e dos componentes e a complexidade da conceção e da programação impedem uma adoção generalizada e fazem com que os humanoides não sejam ainda rentáveis para operações em massa.
Os robôs industriais tradicionais, com menos articulações e um controlo mais simples, continuarão a ser a solução preferida para tarefas de alta velocidade e alta precisão. No entanto, o IFR prevê uma maior adoção na indústria nos próximos cinco a dez anos, à medida que as economias de escala forem alcançadas e os custos unitários diminuírem. Os humanoides não substituirão os robôs industriais ou os veículos móveis autónomos (AMR), mas complementá-los-ão, expandindo a gama de tarefas automatizáveis para ambientes mais dinâmicos e imprevisíveis. A adoção em massa como ajudantes universais em casa, com a capacidade de realizar tarefas domésticas sem supervisão, não é esperada num futuro próximo ou médio.
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